O mundo voltou a flertar com uma guerra em escala global depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez uma série de alertas sobre o conflito na Ucrânia e o uso de armas nucleares — o que, na visão de Moscou, demandará um processo de “dessatanização” de Kiev.
O primeiro alerta veio em uma reunião com diretores de inteligência de vários países ex-soviéticos, ocasião na qual o chefe do Kremlin disse que o risco de conflito no mundo e na região é alto.
Depois, Putin afirmou que seu governo estava consciente dos planos da Ucrânia de usar uma bomba suja — bomba com material nuclear feito para contaminar uma grande área com radioatividade. Desde o início da semana, membros do Kremlin afirmam isso sem provas.
As autoridades ucranianas e ocidentais dizem que a Ucrânia não tem meios para construir essa bomba suja. Por isso, Kiev convidou a Agência Internacional de Energia Atômica para inspecionar suas usinas nucleares na tentativa de desmascarar a alegação de Moscou — que os ucranianos dizem ser bandeira falsa para escalar o conflito.
A Rússia, no entanto, sustenta que sua alegação é verdadeira e manteve ligações de alto nível com ministros da Defesa dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), bem como da Índia e da China.
Se Putin está blefando ou não, não se sabe. Mas o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, chamou a retórica nuclear do presidente russo de perigosa, imprudente e irresponsável. Stoltenberg também disse que a Otan “não está vendo nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia” que, segundo ele, está sendo monitorada de perto.
Enquanto o Ocidente reclama, Putin observava nesta quarta-feira (26) exercícios das forças nucleares estratégicas da Rússia. O canal de notícias militar Zvezda mostrou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, dizendo a Putin que os exercícios estavam praticando “entregar um ataque nuclear massivo por forças ofensivas estratégicas em resposta a um ataque nuclear inimigo”.
Não bastasse as ameaças sobre uma guerra mundial e nuclear, o secretário assistente do Conselho de Segurança russo, Aleksey Pavlov, defendeu a urgente “dessatanização” da Ucrânia, pois existem, segundo ele, centenas de seitas operando no país.
Pavlov afirma ainda que a “Igreja de Satanás se espalhou pela Ucrânia”, acrescentando que é “uma das religiões oficialmente registradas nos Estados Unidos”. “Todo esse satanismo encontra uma resposta animada e apoio das autoridades oficiais ucranianas”, acrescentou, sem citar evidências.