Ao decidir fazer sua oferta pública de ações (IPO), uma empresa pode escolher qualquer bolsa do mundo para isso. Inclusive, ela pode até se listar em mais de uma ao mesmo tempo. No caso do Nubank, os recursos captados seriam usados para capital de giro, despesas operacionais, despesas de capital, além de novos investimentos e aquisições de negócios, produtos, serviços e tecnologias.
O Nubank escolheu negociar suas ações na bolsa de Nova York, a NYSE, mas também se listou no Brasil, na B3. Por aqui, no entanto, não são negociadas as ações do Nubank diretamente, mas os BDRs são.
Para ter BDRs na bolsa brasileira, uma empresa pode escolher entre diferentes níveis dos papéis, cada um com exigências distintas. Na época da listagem, o Nubank optou por BDRs de Nível III, que exige registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como companhia aberta.
A dupla listagem foi escolhida para viabilizar o programa NuSócios, que doou BDRs para cerca de 7,5 milhões de clientes em troca do cadastro na corretora do banco.
Fim dos BDRs?No documento, o Nubank informava a intenção de iniciar um "processo de descontinuidade de seu Programa de BDRS Nível III". O passo a passo descrito pela empresa culminava com o cancelamento do registro do Nubank como companhia aberta na CVM.
Por ter listagem nos EUA e no Brasil, o Nubank mantém estruturas operacionais e administrativas diferentes para atender às normas específicas dos dois mercados.
Assim, a justificativa dada pelo Nubank para essa mudança foi "maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição". Mas, até chegar a esse ponto, a empresa vai precisar migrar seus BDRs de Nível III para o Nível I, que não requer o registro na CVM.
Para essa migração acontecer, o Nubank vai dar três caminhos diferentes para os investidores em BDRs: transformar os BDRs em ações nos EUA, vendê-los ou migrá-los para o Nível I.
Sem falência, mas com governança afetada
Essa mudança significa, apenas, que o Nubank está concentrando seus esforços no mercado de capitais americano e nada tem a ver com uma possível falência da empresa. A operação do banco digital continua normalmente no Brasil para atender seus mais de 65 milhões de clientes.
Mas vale ressaltar que alguns analistas não gostaram da mudança. O Itaú BBA considerou o movimento negativo tanto para os acionistas minoritários do Nubank, quanto para a governança corporativa da fintech. “Na prática, acreditamos que a divulgação de resultados pode ficar mais pobre e ainda menos comparável com as instituições financeiras locais”, escreveram os analistas.