Às vésperas da Copa do Mundo, Neymar está prestes a sentar no banco dos réus de um tribunal espanhol, encarando até mesmo uma pena de prisão. Começa, nesta segunda-feira (17), o julgamento de uma ação movida por Delcir Sonda, magnata do varejo brasileiro que também faz as vezes de investidor no mundo da bola.
Aos 74 anos, o dono da
rede de supermercados
gaúcha Sonda considera que foi enganado por Neymar, em quem investiu ainda no início da carreira. Agora, o empresário busca ao menos US$ 35 milhões (R$ 185 milhões) em reparações, além de penas de prisão para Neymar, seus pais e uma série de executivos envolvidos na venda do jogador para o Barcelona.
Sonda, que também investe em jogadores por meio da empresa DIS, viu Neymar jogar em São Vicente, no litoral paulista, muito antes de o jogador ser descoberto pelo Santos. Anos depois, o empresário teve a oportunidade de fazer uma aposta no jovem prodígio do futebol. Era 2009, e o Santos buscava uma forma de manter Neymar no clube, com medo de perdê-lo para algum time europeu.
O arranjo encontrado foi oferecer a Neymar o controle de 40% dos seus direitos econômicos. Sonda, então, ofereceu ao jogador e sua família R$ 5 milhões - na época, o equivalente a cerca de US$ 2 milhões - pela fatia. Neymar e seu pai assinaram o contrato, mas o clima começou a azedar quando o atleta passou a ser assediado por outros agentes e clubes.
Pressão para vender sua fatia Na época, diz Sonda, ele começou a ser pressionado pelo pai de Neymar para vender de volta os direitos econômicos do filho. Neymar pai chegou a ofertar 8 milhões de euros pela fatia que o empresário detinha. Observando as reportagens que alegavam que times europeus estavam dispostos a pagar até 70 milhões de euros pelo jogador, Sonda não estava disposto a ceder às pressões.
Dessas negociações surgiu um acordo com o Barcelona que Sonda e o Santos desconheceram por anos, em que o clube catalão concordava em pagar 10 milhões de euros aos pais de Neymar e mais 30 milhões de euros quando o jogador assinasse com o time no fim do seu contrato com o Santos, em 2013.
A DIS chegou a entrar em contato com o Barcelona para saber se os rumores sobre seu negócio com Neymar eram verdadeiros, mas o clube negou. Em 2013, o Santos concordou em vender os direitos de Neymar para o Barcelona por 17,1 milhões de euros.
Mas a Justiça Espanhola suspeita que o valor da transferência do jogador tenha, na verdade, superado os 80 milhões de euros, espalhados por diferentes contratos.
Seja como for, a questão é que a quantia recebida por Sonda ao final do negócio não contemplava os pagamentos feitos "por fora". No final, a DIS ficou com apenas 6,8 milhões de euros, e agora o empresário está disposto a ir atrás do que considera que lhe é de direito.