Comprar ou não as ações da Petrobras? Em geral, há uma certa rejeição a ações de empresas estatais e até quem não tem restrições fundamentalistas com essas empresas costuma evitá-las em período eleitoral.
No governo Bolsonaro o risco de intervenção foi constante com trocas no comando da estatal e reclamações sobre a política de preços. Lula, por outro lado, já se disse contra a política de preços da estatal que segue as cotações internacionais do petróleo.
Em outras palavras, o mercado financeiro tem poucas ilusões de que a Petrobras passará ilesa no próximo governo, seja quem for o vencedor das eleições no próximo dia 30. Mas nas mãos de quem a estatal deve ter uma melhor gestão e, por consequência, render mais para os acionistas na bolsa: Lula ou Bolsonaro?
Partindo então da prerrogativa de que haverá algum tipo de intervenção na Petrobras — não importa qual seja o governo —, o olhar dos investidores se volta para os projetos para o futuro da petroleira. Até porque, ao longo dos últimos anos, a estatal passou de ser foco de um escândalo de corrupção à maior pagadora de dividendos do mundo.
“No final do dia, a grande preocupação com a Petrobras se resume em uma frase: trocar dividendos por capex”, afirmou um experiente gestor. Ou seja, em vez de retornar parte do lucro aos acionistas como vem fazendo hoje, existe o risco de que a estatal se envolva em novos investimentos — que podem não valer a pena do ponto de vista financeiro.
O que Bolsonaro planeja para a Petrobras
Apesar de o plano de governo de Bolsonaro não mencionar a Petrobras, espera-se que a política de venda de ativos adotada desde o governo Temer seja mantida. Quanto à política de preços da estatal, Bolsonaro chegou a criticá-la por diversas vezes, mas quando o petróleo caiu, o presidente mudou de ideia.
A expectativa é que uma eventual reeleição mantenha a possibilidade de privatização da Petrobras, mas a efetiva implementação é considerada de extrema dificuldade.
Lula quer Brasil autossuficiente:
Com o governo Lula, a chance de privatização deixa de existir. O petista defende que a petroleira volte a ser uma empresa integrada de energia, promovendo o Brasil a ser autossuficiente em petróleo e seus derivados. Isso passaria pela exploração, produção e refino de petróleo, além da distribuição.
Ao mesmo tempo, os investimentos seriam ampliados para frentes da transição energética. E é nesse ponto que moram as preocupações dos especialistas: “ninguém confia na capacidade do PT de escolher bons investimentos”, disse um gestor.
Lula ou Bolsonaro: quem é melhor para a Petrobras?
A disparada das ações da estatal na segunda-feira logo após o primeiro turno das eleições indica que o mercado financeiro tem uma clara preferência pela reeleição do presidente.
Mas quem tem medo de um eventual governo Lula deveria dar uma olhada no histórico. Durante as duas gestões do ex-presidente, os papéis da Petrobras dispararam e não houve problemas sérios de intervenção na companhia.
De modo geral, o mercado pode até ficar mais otimista com Bolsonaro, mas as perspectivas para a Petrobras parecem boas seja quem for o próximo presidente. Tanto que as ações da estatal (PETR4) possuem hoje seis recomendações de compra, quatro de manutenção e nenhuma de venda, de acordo com dados da plataforma Trademap.