O Ibovespa está em queda forte nesta segunda-feira (24) e as ações de empresas estatais, como Banco do Brasil e Petrobras lideram as perdas e chegam a cair acima
dos 8%.
O tema do dia é o possível efeito que a prisão conturbada de Roberto Jefferson possa ter na campanha de Jair Bolsonaro.
Isso porque o mercado já precificava uma possível reeleição do atual presidente e uma continuidade da agenda de privatizações, a exemplo da Eletrobras (ELET6).
Se na semana passada a queda na rejeição do atual governo e um estreitamento na diferença entre o presidente e o candidato Lula alimentou um otimismo pela continuidade da agenda reformista-liberal, a segunda-feira começou em modo de gerenciamento de crise.
A repercussão foi amplamente negativa, até mesmo entre apoiadores do atual presidente. Bolsonaro tentou se distanciar publicamente do aliado, mas, para alguns analistas, não foi bem-sucedido.
Hoje, a Polícia Federal (PF) indiciou Jefferson por quatro tentativas de homicídio, mas analistas consultados pelo Seu Dinheiro acreditam que o engajamento no tema se concentra nos grupos políticos já polarizados e ainda é preciso esperar um pouco para entender como a oposição deve agir.
A forte queda do Ibovespa nesta segunda-feira (24) chama a atenção e descola do comportamento dos mercados internacionais. Mas apesar dos desdobramentos do fim de semana, analistas apontam que existem outros fatores que estão no radar dos investidores para os próximos dias.
Primeiro, a confusão envolvendo um aliado não é a única baixa para a campanha de Bolsonaro. O candidato do PT ganhou o direito de resposta e Bolsonaro será obrigado a ceder 24 inserções em rádio e TV para Lula. Além disso, existe expectativa para o último debate entre os dois candidatos, marcado para a próxima sexta-feira (28).
Então, depois de duas semanas de avanço significativo, com o foco em um resultado ainda em aberto para o pleito presidencial e recuperação de Bolsonaro, o movimento é de forte realização de lucros.
Mas quem tem medo de um eventual governo Lula deveria dar uma olhada no histórico. Durante as duas gestões do ex-presidente, os papéis da Petrobras dispararam e não houve problemas sérios de intervenção na companhia.
De modo geral, o mercado pode até ficar mais otimista com Bolsonaro, mas as perspectivas para a Petrobras parecem boas seja quem for o próximo presidente. Tanto que as ações da estatal (PETR4) possuem hoje seis recomendações de compra, quatro de manutenção e nenhuma de venda, de acordo com dados da plataforma Trademap.