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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Onda de pessimismo

Trump anuncia novas tarifas à China, reacende a guerra comercial e faz as bolsas globais desabarem

O presidente americano, Donald Trump, afirmou que o país irá impor tarifas de 10% sobre outros US$ 300 bilhões em produtos importados da China, aumentando a aversão de risco nos mercados globais

Victor Aguiar
Victor Aguiar
1 de agosto de 2019
15:05 - atualizado às 16:15
Donald Trump
Trump usou o Twitter para anunciar novas tarifas às importações chinesasImagem: Shutterstock

A guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a esquentar nesta quinta-feira (1). O presidente americano, Donald Trump, usou o Twitter para comentar as recentes negociações entre Washington e Pequim — e o democrata não foi exatamente amigável com o governo chinês.

Numa série de mensagens, Trump insinuou que a China sempre rompe os acordos firmados entre as partes. Nesse contexto, o presidente americano disse que irá impor, a partir de 1º de setembro, tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos importados do país asiático.

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1156979450560548864

Esse montante não inclui os US$ 250 bilhões de produtos chineses que já foram sobretaxas em 25% pelas autoridades americanas. "Nós estamos ansiosos para continuar nosso diálogo positivo com a China quanto a um acordo comercial mai amplo", escreveu Trump. "Achamos que o futuro das relações entre os dois países é promissor".

O anúncio de Trump causou um efeito imediato sobre os ativos globais. Nos Estados Unidos, as bolsas americanas viraram e, agora, aparecem no campo negativo — na primeira parte da sessão de hoje, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq chegaram a avançar mais de 1%.

No Brasil, o Ibovespa perdeu boa parte de seu ímpeto. O principal índice da bolsa brasileira chegou a avançar mais de 2% na máxima do dia, tocando o nível dos 104 mil pontos, em meio ao otimismo dos agentes financeiros em relação ao corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic.

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No entanto, após a fala de Trump, o Ibovespa desacelerou e, por volta de 15h00 (horário de Brasília), subia 1,01%, aos 102.844,91 pontos. O dólar à vista também foi fortemente impactado: a moeda americana agora avança 0,76%, a R$ 3,8495

O mercado internacional de commodities também reagiu negativamente ao reaquecimento da guerra comercial, em especial, o petróleo. No mesmo horário, o Brent recuava 6,20%, enquanto o WTI despencava 7,89%.

Ameaças

O reaquecimento da guerra comercial ocorre um dia depois de o Federal Reserve (Fed) — o banco central americano — anunciar um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país. A instituição ponderou que a redução foi necessária em função das "implicações do cenário global", uma referência às disputas entre EUA e China.

Contudo, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o movimento foi "pontual" e não necessariamente representa o início de um ciclo prolongado de redução das taxas. Essa postura desagradou os mercados, que apostavam que a autoridade monetária dos EUA promoveria diversos cortes nos juros no curto prazo.

Quem também se mostrou descontente foi o próprio Trump. O presidente americano vinha pressionando Powell publicamente, afirmando que, para que a economia do país tivesse condições para continuar crescendo, era necessário reduzir os juros.

"Como de costume, Powell nos decepcionou", disse Trump, ontem, também via Twitter. Para o presidente dos EUA, tanto a China quanto a União Européia vão entrar num ciclo agressivo de corte de juros e, assim, o Fed deveria ter feito o mesmo, de modo a manter a competitividade da economia americana.

Assim, resta ver se a imposição de novas tarifas à China provocarão mudanças no balanço de riscos considerado por Powell e pelo Federal Reserve — e, consequentemente, abrirão espaços para mais baixas nos juros americanos.

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