Sem reformas, Selic fica em 6,5%, mesmo com inflação comportada e atividade fraca
Para os investimentos a notícia não deixa de ser positiva, pois reforça a avaliação crescente dentro do mercado de juro estacionado na mínima histórica por longo período de tempo
O Comitê de Política Monetária (Copom) está menos preocupado com a trajetória futura da inflação, mas não a ponto de pensar em retomar o ciclo de cortes na Selic, atualmente fixada em 6,5% ao ano.
Assim, a postura delineada ao longo dos 29 parágrafos da ata divulgada nesta manhã é de esperar para ver como se dará o andamento das reformas e ajustes na economia antes de acenar alguma mudança na instância da política monetária.
“Os membros do Copom ponderaram que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas”, diz o documento em novo parágrafo.
Para os investimentos a notícia não deixa de ser positiva, pois reforça a avaliação crescente dentro do mercado de juro em 6,5% por um longo período. A manutenção da Selic na mínima histórica é favorável aos ativos de risco como bolsa de valores e fundos imobiliários. No mercado de títulos ganham atratividade os prefixados longos e as Notas do Tesouro Nacional Série-B mais longas, que encontramos no Tesouro Direto.
Na avaliação sobre os principais vetores que podem levar os preços a escapar das metas, o BC reconhece que a debilidade da atividade pode deixar a inflação mais baixa, e isso levou o BC a deixar de falar em eventual necessidade de alta de juros, como já externado na decisão da semana passada.
Mas o colegiado presidido por Ilan Goldfajn, ainda coloca mais pesos em uma eventual frustração com as reformas e ajustes tirando a inflação da trajetória esperada.
Leia Também
“Os membros do Copom concluíram que persiste, apesar de menos intensa, a assimetria no balanço de riscos para a inflação.”
Essa conjuntura, diz a ata, recomenda a “manutenção de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que implica abster-se de fornecer indicações sobre seus próximos passos”.
Reformas e ajustes estão fora do escopo de atuação direta do BC. Como já dissemos em outras ocasiões, o trabalho agora está com futuro ministro Paulo Guedes, dono da agenda de reformas, e com a área política do governo, que tem de convencer o Congresso a levar essa pauta adiante.
Enquanto isso, o BC mantém a política monetária estimulativa, ou seja, a taxa de juro segue abaixo da chamada taxa neutra ou estrutural, que é aquela que permite o máximo de crescimento com a inflação dentro das metas.
Nosso juro real (taxa nominal descontada da inflação) está oscilando entre 2,8% a 3%. Enquanto que a taxa neutra ou estrutural tem estimativas que variam, segundo uma consulta feita pelo próprio BC em 2017, entre 4% e 4,5%.
No entanto, algumas estimativas sugerem que essa taxa neutra pode estar, menor, entre 2,5% a 3%, como discutimos aqui, o que abriria espaço para nova redução da Selic, como forma de estimular uma atividade econômica que segue com recuperação muito gradual, apesar dos estímulos já dados.
Cenário Externo
Os membros do Copom voltaram a ponderar que o cenário se mantém desafiador para economias emergentes. Há continuidade na maior volatilidade nos preços de ativos de risco e também foram debatidos os possíveis efeitos negativos de um aumento na aversão ao risco nos mercados internacionais.
O cenário base é de normalização gradual da política monetária em alguns países centrais (leia-se Estados Unidos). Também há incertezas relacionadas à continuidade da expansão do comércio internacional, com possíveis impactos sobre o crescimento global e sobre a economia chinesa, em particular (referência à guerra comercial entre EUA e China).
Dentro deste contexto, o membros do Copom “voltaram a destacar a capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver revés no cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e ao ambiente com expectativas de inflação ancoradas e perspectiva de recuperação econômica”.
Inflação
Segundo o Copom, as diversas medidas de inflação e seus núcleos, que captam a tendência dos preços, encontram-se em níveis apropriados ou confortáveis e as projeções indicam convergência da inflação em direção às metas ao longo de 2019 e 2020.
Níveis apropriados ou confortáveis querem dizer que a tendência de inflação está compatível com as metas de 4,25% para 2019 e de 4% em 2020. Pelas projeções do BC, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fecha este ano em 3,7%, vai a 4% em 2019, e marca, também, 4% em 2020, considerando Selic estável em 6,5% e câmbio constante de R$ 3,85.
Mas, nesse ponto, os membros do Copom voltam a enfatizar os riscos associados à consolidação desse cenário benigno para a inflação.
“Essa trajetória é consistente com as expectativas de inflação, que permanecem ancoradas. [Os membros] ressaltaram, entretanto, os riscos para a consolidação desse cenário no médio e longo prazos, principalmente aqueles relacionados ao andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira”, diz o texto.
Projeções mais detalhadas sobre a inflação e também sobre o crescimento do PIB em 2018 e 2019 serão conhecidas na quinta-feira, com a divulgação do Relatório de Inflação, que também contará com entrevistas de Ilan e do diretor de Política Econômica, Carlos Viana.
A próxima reunião do Copom acontece em nos dias 5 e 6 de fevereiro ainda sob comando de Ilan, já que o processo de indicação, sabatina, votação no Senado e nomeação de Roberto Campos Neto, deve estar em andamento. A depender da velocidade de todos esses trâmites, Campos Neto pode comandar o Copom de 19 e 20 de março de 2019.
Bitcoin (BTC) se aproxima dos US$ 90 mil, mas ainda é possível chegar aos US$ 100 mil? Veja o que dizem especialistas
A maior criptomoeda do mundo voltou a registrar alta de mais de três dígitos no acumulado de 2024 — com as profecias do meio do ano se realizando uma a uma
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’
Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Com Selic em 11,25%, renda fixa conservadora brilha: veja quanto passa a render R$ 100 mil na sua reserva de emergência
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (06), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas
Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano
A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado
Energia renovável: EDP compra mais 16 novas usinas solares por R$ 218 milhões
Empreendimentos estão localizados na Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, e somam 44 MWp de capacidade instalada
Mais rápido do que se imaginava: Trump assegura vitória no Colégio Eleitoral e vai voltar à Casa Branca; Copom se prepara para subir os juros
Das bolsas ao bitcoin, ativos de risco sobem com confirmação da vitória de Trump nos EUA, que coloca pressão sobre o dólar e os juros
“O Banco Central tem poucas opções na mesa”: Luciano Sobral, da Neo, diz que Copom deve acelerar alta da Selic, mas mercado teme que BC perca o controle da inflação
Na visão de Sobral, o Copom deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual hoje, para 11,25% ano
Onde investir na renda fixa em novembro? XP recomenda CDB, LCI, LCA, um título público e ativos isentos de IR; confira
Rentabilidades dos títulos sugeridos superam os 6% ao ano mais IPCA nos ativos indexados à inflação, muitos dos quais sem tributação
Um rigoroso empate: Americanos vão às urnas para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
Dixville Notch é uma comunidade de apenas dez habitantes situada no interior de New Hampshire, quase na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. A cada quatro anos, o povoado ganha holofotes por ser o primeiro a votar nas eleições presidenciais norte-americanas. Os moradores se reúnem à meia-noite, a urna é aberta, os eleitores votam […]
“Campos Neto está certo”: André Esteves, do BTG Pactual, diz que mercado está mais pessimista com o fiscal do que fundamentos sugerem
Para o chairman do banco de investimentos, o mercado está “ressabiado” após a perda de credibilidade do governo quanto à questão fiscal
Selic deve subir nas próximas reuniões e ficar acima de 12% por um bom tempo, mostra pesquisa do BTG Pactual
Taxa básica de juros deve atingir os 12,25% ao ano no início de 2025, de acordo com o levantamento realizado com gestores, traders e economistas
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
Agenda econômica: Eleições nos EUA dividem espaço com decisão de juros no país; Copom e IPCA são destaque no Brasil
A agenda econômica desta semana também conta com dados da balança comercial do Brasil, EUA e China, além da divulgação de resultados do terceiro trimestre de empresas gigantes no mercado