Reforma tributária debaterá mudança no IR e desoneração, diz relator da proposta da Câmara
Em entrevista ao Estado, o relator defende que a desoneração da folha poderá ter o efeito de aumentar os salários no País

O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma tributária da Câmara, antecipou que pode incluir no seu relatório a redução nos impostos pagos pelas empresas sobre a folha de pagamentos e alterações no Imposto de Renda. Em entrevista ao Estado, o relator defende que a desoneração da folha poderá ter o efeito de aumentar os salários no País. Hoje, as empresas pagam 20% sobre a folha de pagamento.
Um dos caminhos seria fixar um comando constitucional para que as mudanças sejam feitas depois da aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) por meio de projeto de lei. Modelo semelhante foi feito com alguns pontos da reforma da Previdência.
O relator, no entanto, afirma que o ambiente no Parlamento é de rejeição de um imposto nos moldes da antiga CPMF, como quer o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
O governo ainda não apresentou a sua proposta de reforma tributária. A Câmara vai avançar na votação?
Nosso papel é avançar. Temos um ambiente propício. Há um consenso de que nosso sistema precisa ser modificado urgentemente e já estamos atrasados nessa modificação. O presidente (da Câmara) Rodrigo Maia (DEM-RJ) nos liderou na Previdência e está comprometido com essa agenda. Apesar de estarmos vivendo esse momento político diferenciado, ele também nos permitiu ter um ambiente favorável às reformas. Outro ponto relevante é que os conceitos estão convergindo.
O sr. pretende incluir mudanças no Imposto de Renda?
Leia Também
Haddad prepara investida para atrair investimentos em data centers no Brasil; confira as propostas
Guido Mantega vai ficar de fora do conselho da Eletrobras (ELET3) e governo busca novo nome, diz jornal
A comissão demonstrou a intenção de discutir mudanças no IR e em outros temas. Imposto de Renda não pode ser por PEC. Mas estou disposto a dialogar. Na comissão, já foi feita a provocação e vamos discutir.
Se não pode estar na PEC, como serão aprovadas medidas para o IR?
Depende do tipo de mudanças que vão ser feitas. Posso dar um comando na PEC para que se faça depois um projeto. Na reforma da Previdência, foi feito isso. Alguns temas foram feitos por comando constitucional geral para um projeto de lei complementar ou ordinário, dependendo do tema.
É necessário mudar o IR?
O governo já tinha dito que poderia mudar as alíquotas, inclusive desconto de despesas. Tudo isso estamos discutindo na comissão. Mas um tema desses ninguém vai discutir sem sentar com o governo.
E a desoneração da folha das empresas?
Também concordo. Ela pode gerar emprego e a consolidação de salários. Aumentar, inclusive, o poder aquisitivo de salários. Em alguns países, a medida não gerou tanto emprego, mas aumentou o nível de salários. Em outros países, ele até teve o condão de gerar emprego. Esse é o tema que já foi tratado na Comissão.
A desoneração pode estar na sua proposta?
Pode, sim. A oneração da folha é cumulativa e onera o País como um todo. É um tema que se nós pudermos enfrentar, eu ficarei satisfeito.
A ex-presidente Dilma tentou enfrentar e acabou causando enorme custo fiscal sem sucesso. É possível conciliar?
Esse é um dos grandes desafios que teremos. O problema da desoneração é o impacto previdenciário. Vamos ter de criar uma alternativa para cobrir esse déficit. Como criar isso? Nós estamos estudando.
O Ministério da Economia defende um tributo sobre transações, nos moldes da CPMF, para desonerar a folha?
Estamos com um desafio para as equipes técnicas que estão avaliando.
Existe a possibilidade de incluir a CPMF dentro da sua proposta?
Há um ambiente na Casa de rejeição a um imposto como esse. Todo mundo que veio aqui nas audiências públicas é contrário.
Como a reforma do governo vai ser acoplada ao texto que já está na Câmara?
Não tenho como antecipar porque não sei o que o governo fará. Vai depender do que ele apresentar. Guedes (Paulo, ministro da Economia) me falou que está concluindo sua proposta. O que nos falou é que quer fazer uma discussão próxima do Parlamento.
Mas já foi definido de que forma isso será feito? Pode ser por meio de emendas na Comissão Especial? Ou será um texto novo?
Colocar emendas não é iniciativa de governo. Iniciativa de governo é apresentar um projeto. Então, ou o governo terá ou não terá iniciativa. Para tramitar na Casa, sendo uma proposta do governo, o presidente decide se apensa no mesmo projeto.
A agenda da reforma é positiva, mas ao mesmo tempo ninguém quer sair perdendo.
É natural isso. Precisamos conciliar os interesses federativos e também o interesse setorial. Como fazer isso? Com muita conversa e diálogo. É uma reforma que tem uma diferença muito grande da previdenciária porque ela era, ao meu ver, plebiscitária, ou você era a favor ou contra. Agora, todo mundo é a favor, mas com a peculiaridade de “qual reforma”.
Com tantos projetos na praça não se corre o risco de a reforma morrer na praia?
Não, estamos focados. Sabemos o que queremos. Está todo mundo mobilizado. Quando há convergência, ajuda. Não temos como não mexer no ICMS (imposto estadual). Estamos num momento em que há ambiente de aprovação,
Os debates agora não estão tendo grande repercussão como ocorreu com a Previdência...
Neste momento, nós temos o representante do Executivo que tem puxado a pauta diariamente, matinalmente.
O presidente Jair Bolsonaro está atrapalhando?
Não. Só acho que temos de discutir. Há um interesse dos setores produtivos que estão todos mobilizados.
Rodrigo Maia (presidente da Câmara) declarou que não é preciso ter pressa na reforma. Ele está botando um pé no freio?
Não tem pé no freio, estamos cumprindo nossa agenda.
A demora do governo em enviar a sua proposta não atrapalha o trabalho?
Não, porque estamos trabalhando no texto do Baleia (Baleia Rossi, líder do MDB na Câmara, deputado que apresentou o texto) e do professor Appy (Bernard Appy, economista que elaborou a proposta). Eu sou relator da PEC 45. Eu tenho de partir dela. Não sou relator de outra matéria.
Como o sr. vai trazer os Estados para a PEC 45?
O presidente Rodrigo Maia tem liderado esse debate com os governadores.
Como será tratado o problema da desigualdade regional? Será criado um fundo?
É importante que um País como o nosso, que tem vários ‘países’ na mesma federação com traços diferentes, tenha políticas definidas. Dá para construir uma política de desenvolvimento regional em que se possa cumprir esse papel.
E os incentivos? Como será tratada a Zona Franca?
Vamos ter de dar uma solução e vai passar ao final por uma constituição política. Ninguém decide, não sou eu quem vai decidir. Mas temos de dar uma solução para a Zona Franca.
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo
Eletrobras (ELET3) convoca acionistas para aprovar acordo com governo federal e encerrar disputa
A União ingressou em 2023 com ação questionando dispositivo do estatuto da Eletrobras que limitou a 10% o poder de voto de qualquer acionista
Sai Durigan, entra Anelize: Banco do Brasil (BBAS3) convoca assembleia de acionistas para trocar 5 dos 8 membros do conselho; veja as indicações
Colegiado passará por mudanças depois de governo Lula ter manifestado a intenção de trocar liderança do conselho; reunião está marcada para 30 de abril do Banco do Brasil
LCI, LCA, FIIs e incentivados continuam isentos; já dividendos, nem tanto. O que muda na tributação de investimentos com a reforma do IR
Todos os rendimentos entram no cálculo para enquadrar o “super-rico”, mas títulos isentos saem da base de cobrança, enquanto dividendos ficam
Quem banca a isenção de imposto de renda até R$ 5 mil? Veja as mudanças propostas para quem ganha mais de R$ 50 mil (e que têm dividendos na mira)
O cálculo da renda a ser considerada para cobrança do imposto deixou de fora os investimentos isentos, mas criou uma nova regra para os dividendos pagos por empresas. Entenda
Isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil: o que muda para cada faixa de renda se proposta de Lula for aprovada
Além da isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês, governo prevê redução de imposto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil; já quem ganha acima de R$ 50 mil deve pagar mais
Mudança no imposto sobre herança, a derrocada da Petrobras (PETR4) e a Receita Federal de olho em você — confira o que foi notícia na semana do Carnaval
Ainda que os brasileiros estivessem curtindo o feriado nos blocos ou nos desfiles das escolas de samba, muita notícia importante esteve entre as mais lidas do Seu Dinheiro
As principais mudanças no ITCMD que podem deixar o imposto sobre heranças e doações mais caro a partir de 2026
Segundo projeto de lei que regulamenta a reforma tributária será apreciado pelo Senado neste ano e versa, entre outros assuntos, sobre mudanças no ITCMD que podem pesar no bolso do contribuinte
Haddad vê mercado muito mais tenso — “não só no Brasil” — e fala em “obsessão de Lula” por equilíbrio fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, debateu os impactos do contexto internacional no Brasil e a economia nacional durante evento do BTG Pactual nesta manhã (25)
Datafolha: Aprovação de Lula cai ao pior patamar de todos os seus mandatos, enquanto rejeição bate recorde; veja os números
Queda de 11 pontos em dois meses é inédita, segundo a pesquisa feita com 2.007 eleitores em 113 cidades do Brasil
Taxação de FIIs e Fiagros? Não se depender de Haddad. Governo deve apresentar proposta para manter fundos isentos
O deputado federal Arnaldo Jardim afirma que o ministro da Fazenda e o da Advocacia-Geral da União se comprometeram a apresentar proposta que deixe claro que não haverá impostos sobre FIIs e Fiagros
Governo divulga resultados individuais do “Enem dos Concursos”; veja como conferir se você foi aprovado no Concurso Público Nacional Unificado
A divulgação dos resultados do “Enem dos Concursos” veio em meio a polêmicas sobre as avaliações. Já a lista definitiva ainda será publicada
Fim da polêmica? Transações por Pix voltam a aumentar na segunda metade de janeiro após onda de polêmicas e fake news
Onda de notícias falsas sobre taxação do Pix fez o volume de transações cair 13,4% no início do mês, em meio à polêmica com instrução normativa da Receita Federal
Viagem de avião, voo internacional: Turistas estrangeiros gastaram mais de US$ 7 bilhões em 2024, maior valor em 15 anos
Uma das apostas do governo para elevar o número de turistas estrangeiros no país é a regulamentação da reforma tributária; saiba como
Não se esqueça: Ibovespa tenta reação em dia de IPCA-15 e reunião ministerial para discutir inflação dos alimentos
IBGE divulga hoje a prévia da inflação de janeiro; em Brasília, Lula reúne ministros para discutir alta dos preços dos alimentos
Taxar ou não taxar os fundos? Anbima pede a derrubada do veto presidencial; entenda os motivos
Lula assinou uma medida que retira os fundos do regime diferenciado na reforma tributária, o qual define que a classe poderia optar entre ser ou não contribuinte dos impostos sobre consumo
Adeus, isenção dos FIIs e Fiagros? Analista diz para ‘evitar decisões precipitadas’ e recomenda fundos imobiliários atrativos mesmo com a tributação no radar
A tributação de fundos imobiliários e Fiagros entrou no radar da Reforma Tributária após o presidente Lula vetar a isenção dos ativos – como buscar lucros agora?
Todo vazio será ocupado: Ibovespa busca recuperação em meio a queda do dólar com Trump preenchendo o vácuo de agenda em Davos
Presidente dos Estados Unidos vai participar do Fórum Econômico Mundial via teleconferência nesta quinta-feira
O polêmico veto de Lula: como a possível taxação dos fundos imobiliários pode impactar o investimento em FIIs
Em relatório, o BB Investimentos lista as possíveis consequências do dispositivo que obrigaria os FIIs a pagarem impostos de consumo; advogado critica aumento da complexidade tributária
Donald Trump 2T1E: Ibovespa começa semana repercutindo troca de governo nos EUA; BC intervém no dólar pela primeira vez em 2025
Enquanto mercados reagem à posse de Trump, Banco Central vende US$ 2 bilhões em dois leilões de linha programados para hoje
Fundos Imobiliários e Fiagros serão taxados? Entenda o impasse gerado pelo veto de Lula na reforma tributária
A lei complementar da reforma tributária trouxe a possibilidade da taxação dos fundos; entidades de investidores criticaram a medida, que pode afetar os fundos imobiliários e Fiagros