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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Mercados

Quão feio foi o dia nos mercados americanos hoje?

Os índices Dow Jones e S&P 500 zeraram os ganhos de 2018 e o Nasdaq já cai mais de 10% da máxima recente

Eduardo Campos
Eduardo Campos
24 de outubro de 2018
19:13
Imagem: Shutterstock

Pela segunda vez em duas semanas, os mercados americanos têm um dia de terror e arrastam o restante do mundo junto. Além das preocupações com o ajuste da política monetária e instabilidade na zona do euro, terrorismo também entrou em cena, com a confirmação de envio de explosivos para Barack Obama, Hillary Clinton e para o escritório da CNN em Nova York.

A dúvida que fica é se isso continua e os indicadores, por ora, não seriam favoráveis a uma firme retomada. Algum alívio veio ao fim do pregão com bons resultados corporativos da Tesla e da Microsoft. O risco é o mercado entrar em uma espiral negativa, com a queda nos EUA contaminando a Ásia, que contamina a Europa, que volta a puxar vendas nos EUA.

Movimento do dia

O índice Dow Jones caiu 2,41%, para os 24.583 pontos. E o S&P 500 recuou 3,1%, aos 2.656 pontos, sexta queda seguida. Depois de perder a média móvel de 200 dias no começo do mês, um importante indicador técnico, o índice furou o suporte de 2.700, algo que sinaliza a possibilidade de novas perdas.

A bolsa eletrônica Nasdaq teve o pior dia desde agosto de 2011 ao afundar 4,43%, e encerrar aos 7.108 pontos. Assim, o índice passa a acumular uma queda de mais de 10% da máxima recente e entra no que se chama de “correção”, segundo critério técnico relativamente bem aceito. Quando um papel cai mais de 20% da máxima recente, os especialistas estrangeiros falam que ele entrou em modo “bear market”.

Tanto o Dow Jones quanto o S&P estão próximos de entrar nesse chamado território de correção, pois recuam cerca de 8% e 9%, respectivamente, das máximas recentes.

Em dias de pânico, quem sobe é o VIX, conhecido como índice do medo. O indicador que mede a volatilidade do mercado de opções, teve alta de 21%, subindo para o patamar dos 25 pontos, maior desde fevereiro.

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Também subiu o DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de moedas. O índice voltou para cima dos 96 pontos, algo que não acontecia desde agosto.

No mercado de títulos, aumentou a demanda pelos papéis americanos, o que derruba as taxas de juros. A taxa do papel de 10 anos, caiu a 3,1%, depois de assustar os investidores ao ir acima de 3,20% no começo do mês.

Os contratos futuros também passaram a embutir menos altas de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, em 2019. O projetado está em pouco menos de 0,5% de alta, e para 2020 e 2021 a curva já sugere corte de juro.

Falando em Fed, Loretta Mester, da regional de Cleveland, disse que uma queda prolongada nas bolsas poderia impactar a economia, mas que não vê sinais de uma inevitável recessão, já que a atividade segue forte.

Ontem, o presidente Donald Trump voltou a criticar o presidente do Fed, Jerome Powell, dizendo que Powell se sente “quase feliz” ao subir os juros. Na mesma entrevista ao “Wall Street Journal”, Trump também disse que ainda é cedo, mas que talvez se arrependa da indicação de Powell. No entanto, não pensa em demitir o indicado. Trump já fez diversos outros ataques ao Fed, pois quer juro baixo para estimular uma economia já aquecida.

Até o momento, Trump vinha classificando a queda nos mercados como algo “saudável”, mas se as perdas se aprofundarem poderá achar um “culpado”, apontando o dedo para Powell, mesmo que a queda tenha outros elementos, como balanços corporativos mostrando algum estrago proveniente da guerra comercial.

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