Plataforma de investimentos do BTG Pactual pode valer até R$ 10 bilhões, calcula UBS
Banco suíço iniciou a cobertura das ações do BTG Pactual, que já triplicaram de valor neste ano, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 82,00
Quanto vale o BTG Pactual Digital, a plataforma digital de investimentos do banco fundado por André Esteves? Nas contas do UBS, o negócio que colocou a instituição na disputa pelo público de varejo tem potencial de valer R$ 10 bilhões.
Para efeito de comparação, o valor de mercado do banco como um todo hoje na B3 é de pouco mais de R$ 60 bilhões, mesma avaliação que a XP Investimentos deve alcançar em sua abertura de capital, prevista para o mês que vem na bolsa norte-americana Nasdaq.
O UBS iniciou a cobertura dos recibos de ações (units) do BTG com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 82,00, o que representa um potencial de valorização de 19,2% em relação à cotação de fechamento de terça-feira.
O BTG abre poucos números de sua plataforma digital de investimentos, mas já colocou o negócio como estratégico. No ano passado, quando conversei com Marcelo Flora, sócio responsável pelo projeto, ele afirmou que a plataforma poderia tinha potencial para triplicar o valor de mercado do banco na bolsa.
A projeção de Flora, aliás já se concretizou. As units acumulam valorização de 210% em 2019 e de 234% nos últimos 12 meses.
O banco anunciou neste ano a intenção de ampliar os serviços e oferecer todos os produtos bancários dentro do BTG Pactual Digital. As iniciativas da instituição para o público de varejo são lideradas por Amos Genish, ex-presidente da Vivo.
Em relatório a clientes, o UBS avaliou que o banco pode alcançar uma participação de mercado de 8% com sua plataforma, o que ficaria um pouco abaixo do objetivo da instituição, que é chegar aos 10%.
Além da plataforma, os analistas destacam que o BTG deverá apresentar um crescimento de lucros maior do que os demais grandes bancos brasileiros, em razão do modelo de negócios mais baseado em receitas com comissões. "O banco apresenta um desconto significativo para outras ações correlacionadas ao mercado de capitais brasileiro, como por exemplo a B3", escreveram os analistas.
O principal risco para quem investe nas ações está relacionado às investigações envolvendo a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, segundo os analistas. Em agosto, as ações do BTG registraram forte queda depois que a sede foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal dentro da Operação Lava Jato.
Na época, o banco informou que a denúncia já foi alvo de uma investigação independente e que não encontrou nenhuma irregularidade. Aos poucos, as ações foram recuperando o terreno perdido e hoje são negociadas acima da cotação de agosto.