Para custo do crédito o que importa é a concorrência e não o número de bancos
Banco Central apresenta novo estudo sobre spread bancário e destaca importância de iniciativas que reduzam a inadimplência, aumentem a recuperação de garantias e reduzam assimetrias de informação

O assunto é polêmico e até o Banco Central (BC) reconhece isso ao colocar como primeira frase de um estudo que: “a relação entre concorrência, concentração e spread bancário é controversa”. Mas antes de destrincharmos os dados, deixo aqui a principal conclusão: os resultados sugerem que a concorrência e não a concentração é a variável relevante a ser analisada no que se refere aos spreads de empréstimos a empresas no Brasil.
O discurso comumente feito é que o spread bancário, a diferença entre o custo do dinheiro para o banco e para o tomar final, no Brasil seria explicado pela elevada concentração bancária. Temos cinco bancos que respondem por mais de 80% do mercado, ou como diz o ministro Paulo Guedes, “o Brasil tem 200 milhões de patos e cinco bancos”.
Resumindo bem essa longa discussão, o que os estudos do BC acabam dizendo é que mesmo que tenhamos menos concentração e mais competição o spread seguiria elevado. É um problema de estrutura de mercado e não apenas de uma de suas variáveis.
Assim, além de trabalhar essas duas dimensões, o BC diz que: “para redução sustentável do custo do crédito, é fundamental avançar em iniciativas que reduzam a inadimplência, aumentem a capacidade de recuperação de garantias e reduzam assimetrias de informação sobre os tomadores de crédito”.
São nesses pontos que o BC vem trabalhando nos últimos anos, como o cadastro positivo, e outras iniciativas estão previstas para serem anunciadas na quarta-feira e no começo de junho.
Conceitos
Como o assunto é complexo, vamos começar expondo alguns conceitos. Segundo o BC, a hipótese mais intuitiva para se tratar do tema vem da abordagem conhecida como Estrutura, Conduta e Desempenho (ECD).
Leia Também
Nela, a estrutura do mercado, que é medida pela concentração, determina a conduta das instituições financeiras e o seu desempenho econômico-financeiro. Assim, essa abordagem preconiza que um mercado de crédito bancário mais concentrado levaria a um maior poder de mercado dos bancos e a maiores spreads.
No entanto, pondera o BC, não existe uma clara associação entre spreads e nível de concentração quando se comparam essas variáveis para diversos países.
Já a chamada hipótese do Poder de Mercado argumenta que o poder de mercado e não necessariamente a concentração está relacionado com os spreads.
Segundo essa hipótese, ambientes onde os bancos possuem baixo poder de mercado são mais competitivos e deveriam ter menores spreads.
Correção e causalidade
O BC começa explicando que uma correlação entre as variáveis não pode ser interpretada necessariamente como causalidade. Além disso, o uso de dados agregados dificulta a análise da relação de causa e efeito.
Depois de fazer uma revisão sobre o achado em outros estudos, o BC apresenta uma regressão do spread dos empréstimos contra o índice de concentração de Herfindahl-Hirschman (IHH), com variáveis de controle. O IHH é uma métrica utilizada para atestar o grau de concentração bancária em âmbito global.
O estudo foi feito com dados trimestrais de 2005 a 2018, considerando três níveis de agregação: por tipo de pessoa (física jurídica); por modalidade de crédito e por modalidade de crédito e rating.
Agrupando os dados por tipo de pessoa, o coeficiente para concentração (IHH) é positivo e estatisticamente significativo, isto é, existe uma associação positiva entre os níveis de concentração e de spread.
Se o agrupamento for por modalidade de crédito, o coeficiente do IHH continua positivo, mas não estatisticamente significante. Se, além do agrupamento por modalidade, agrupar-se pelo rating do empréstimo, o coeficiente do IHHn passa a ser negativo (associação negativa entre concentração e spread), mas não é estatisticamente significativo.
Assim, diz o BC, dependendo da forma de agregação dos dados, existe uma considerável diferença nos resultados da relação entre spreads e concentração.
“Tal diferença de resultados impossibilita conclusões acerca dessa relação entre spreads e concentração”, diz o BC.
Usando microdados
Para tentar responder se é a concentração ou a concorrência que melhor explica o spread, o BC apresenta outro estudo que usou mais de 13 milhões de dados sobre empréstimos a empresas não financeiras nas modalidades capital de giro, desconto de recebíveis e veículos.
Foi feita uma avaliação sobre a relação entre o spread dos empréstimos, o nível de concorrência para cada banco (medido pelo índice de Lerner) e o nível de concentração (medido pelo IHH regional, que foi calculado considerando a participação de mercado dos bancos em regiões definidas pelos dois primeiros dígitos do CEP). O spread médio da amostra é de 25,30 ponto percentual (p.p.) ao ano e a mediana é de 20,87 pontos.
Os resultados mostram uma redução no spread conforme aumenta a competição, mas as estimativas mostram que a queda média do spread seria de apenas 7,3%. Já a relevância econômica da relação entre concentração de mercado e spreads bancários é muito menor, com o spread caindo apenas 0,7 ponto de um local de grande concentração para outro de pouca concentração bancária.
Assim, explica o BC, apesar do ambiente competitivo ser uma fonte relevante para a determinação do spread, um aumento do grau de concorrência sozinho provavelmente não será capaz de promover uma queda expressiva nos spreads sem o tratamento de outros fatores, tais como inadimplência, capacidade de recuperação de garantias e maior compartilhamento de informações.
A íntegra do estudo por ser encontrada aqui. O estudo faz parte do Relatório de Economia Bancária (REB) que será divulgado na quarta-feira, com mais dados sobre concentração, concorrência e a abertura do spread bancário.
Banco do Brasil (BBAS3) tem lucro de R$ 37,9 bilhões em 2024 e rentabilidade supera 21% no 4T24, mas peso do agronegócio continua
Enquanto a lucratividade e a rentabilidade chamam a atenção positivamente no 4T24, a inadimplência do agronegócio pressionou o resultado; veja os destaques
Banco de investimentos antecipa pagamento de precatórios para até 5 dias úteis; veja como sair da fila de espera
Enquanto a fila de espera dos precatórios já registrou atraso de até 30 anos, um banco de investimentos pode antecipar o pagamento para até 5 dias úteis; veja como
BTG Pactual (BPAC11) tem lucro recorde de R$ 12,3 bilhões em 2024 e supera rivais na briga por rentabilidade; veja os destaques do 4T24
Com o lucro maior, a rentabilidade do BTG também cresceu e superou o retorno dos principais pares privados. Veja os destaques do balanço
Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) têm lucros 22% maiores em 2024, mas ‘elemento mágico’ que fez os bancões lucrarem tanto pode não existir em 2025
Com a previsão de alta dos juros e desaceleração econômica, os bancos esperam colocar pé no freio em determinadas linhas de negócio
Hilbert ou Santoro… ou melhor, BTG ou XP? O que as campanhas publicitárias com os Rodrigos revelam sobre a estratégia das plataformas de investimento
Instituições financeiras lançam campanhas de marketing na mesma época, usando garotos-propagandas já consagrados aos olhos do público brasileiro
‘Pé no chão’: Bradesco (BBDC4) está conservador para 2025 — mas CEO revela o que poderia levar à revisão positiva do guidance
Segundo Marcelo Noronha, uma das estratégias do banco foi focar no crescimento maior em linhas de menor risco — que geram menos margens, mas são garantidas para o banco
O balanço do Bradesco (BBDC4) não agradou? Por que as ações caem mesmo após o lucro de R$ 19,6 bilhões do bancão em 2024
Para analistas, o resultado do 4T24 foi neutro, em uma combinação de lucratividade e rentabilidade dentro do esperado e de um aumento nas despesas
Bradesco (BBDC4) tem lucro de R$ 19,6 bilhões em ano de reestruturação; resultado do 4T24 fica pouco acima do esperado
No quarto trimestre, o lucro recorrente do Bradesco foi de R$ 5,402 bilhões; rentabilidade segue abaixo dos concorrentes privados
Vai pingar na conta: Banco do Brasil (BBAS3) vai devolver R$ 20,6 milhões a clientes por cobranças indevidas
Os reembolsados correspondem a cobranças indevidas de juros e tarifas, com os valores corrigidos pela inflação e devolução prevista em até 12 meses
O Itaú (ITUB4) está muito conservador para 2025? CEO revela por que o banco vai tirar pé do acelerador — mas sem abrir mão dos dividendos
Junto com balanço, banco anunciou proventos extraordinários e recompras de R$ 18 bilhões, além de bonificação em ações; mas guidance para este ano foi considerado tímido pelos analistas
Inter (INBR32) fecha 2024 com o maior lucro da história e anuncia dividendos
O banco digital laranjinha viu seu lucro líquido subir 84,7% na base anual, para R$ 295 milhões, com um ROE de 11,7% no fim do quarto trimestre; veja os destaques
Itaú (ITUB4) lucra R$ 10,88 bilhões no 4T24 e anuncia dividendos extraordinários e recompras de R$ 18 bilhões
Sem surpresas, principais linhas do balanço do bancão vieram em linha com o esperado por analistas, e valor da distribuição extra ficou um pouco abaixo
Santander (SANB11) tem fome de rentabilidade, mas ROE de 20% não virá em 2025, diz CEO; ações saltam na B3
Para Mário Leão, 2024 foi o “ano da consolidação da transformação” do banco — mas os próximos meses pedirão cautela, especialmente em meio à volatilidade do cenário macroeconômico
Santander Brasil (SANB11) tem lucro de R$ 13,8 bilhões em 2024; resultado do 4T24 fica acima das projeções
Um dos destaques do resultado foi a rentabilidade. O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês) encerrou o trimestre na marca de 17,6%
Itaú no topo outra vez: ITUB4 é ação favorita dos analistas para investir em fevereiro, com dividendos extras e balanço do 4T24 no radar
O gigante do setor financeiro acumulou sete recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; veja o ranking de indicações para este mês
Um olho na estrada, outro no retrovisor: Ibovespa reage à ata do Copom enquanto se prepara para temporada de balanços
Investidores também repercutem a relatório de produção e vendas da Petrobras enquanto monitoram desdobramentos da guerra comercial de Trump
Dos dividendos do Itaú (ITUB4) aos impactos do agro no Banco do Brasil (BBAS3): o que esperar dos resultados dos bancos no 4T24
Mercado espera Itaú mais uma vez na liderança entre os bancos tradicionais e alguma cautela com as perspectivas do Nubank; saiba o que esperar
Crédito imobiliário: volume financiado foi o segundo maior da história, mas deve retrair com juros altos em 2025
Crédito: financiamentos imobiliários com recursos de poupança totalizaram R$ 186,7 bilhões em 2024
Dinheiro extra? Bradesco (BBDC4) e outro banco têm ‘data com’ para dividendos na 1ª semana de fevereiro; confira
Acionistas de Bradesco (BBDC4) com posição na segunda-feira (3) garantem direito aos dividendos de R$ 0,017 por ação ordinária e de R$ 0,019 por preferencial
A bolsa assim sem você: Ibovespa chega à última sessão de janeiro com alta acumulada de 5,5% e PCE e dados fiscais no radar
Imposição de tarifas ao petróleo do Canadá e do México por Trump coloca em risco sequência de nove sessões em queda do dólar