A guinada da Oi: companhia pode abandonar telefonia móvel e virar empresa de fibra ótica para sobreviver
Em recuperação judicial e com dívidas bilionárias, operadora dá uma guinada na sua estratégia e indica que pode vender seu negócio de telefonia móvel
“Explorar todas as opções estratégicas para maximizar valor para o acionista e para a companhia”. A declaração dada ontem (16) pela Oi, em referência aos seus ativos de telefonia móvel, não passou batido por quem entende do assunto.
Qualquer um poderia achar banal a frase, divulgada durante teleconferência para anunciar o novo plano estratégico da companhia, mas os analistas de mercado ouvidos por Seu Dinheiro entenderam claramente o recado: a Oi está disposta a vender seu braço de telefonia móvel. E mais do que isso: a empresa deixou claro que agora o seu negócio é fibra e infraestrutura.
Seu objetivo é obter o máximo possível de rentabilidade com os 363 mil quilômetros de fibra (rede muito maior que a dos seus rivais), que atendem 2,27 mil cidades no país, e com os 43 mil quilômetros de dutos (que serão os “novos postes”, para aterrar a infraestrutura), segmento no qual também é líder.
Mas, sem telefonia móvel, a Oi é uma empresa de quê? Por mais que seja conhecida pelo serviço celular, este corresponde a apenas um terço da receita da companhia. É um segmento com uma disputa feroz com as outras três operadoras – Vivo, Claro e TIM –, e que exige um alto investimento para atender a demanda por novas tecnologias, como o 5G. Tudo o que a Oi não pode fazer no momento: desde o final de 2016, a companhia protagoniza a maior recuperação judicial da América Latina, após atingir dívidas de R$ 65 bilhões.
No primeiro trimestre deste ano, a dívida líquida da companhia somou R$ 10,1 bilhões, alta de 38,3% em relação ao mesmo período de 2018. Ontem, a empresa anunciou que pretende levantar até R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos não estratégicos – como torres, imóveis e sua participação na angolana Unitel. Como se vê, está difícil de tapar o buraco.
Na opinião de alguns analistas ouvidos por Seu Dinheiro, a venda da telefonia móvel seria um bom começo para ajustar o passo. “Isso [a venda] estaria longe de resolver todos os problemas da Oi, mas já é um alento”, diz um analista que acompanha a operadora. Em relatório, os analistas do BTG Pactual também viram a iniciativa como positiva: "Estar aberta para discutir alternativas envolvendo sua operação mobile pode criar enormes oportunidades de geração de valor".
Leia Também
As três rivais na telefonia móvel são as potenciais interessadas no ativo. Mas a venda teria que passar pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que por sua vez remeteria o tema à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em alguns Estados, como o Paraná, por exemplo, haveria uma superconcentração de mercado, afirma.
Para este analista, foi “extremamente bom” a guinada na estratégia da Oi para a fibra, um negócio em que a companhia pode explorar em duas frentes: com o FTTH (“fiber to the home”, a tecnologia que coloca fibra ótica dentro da residência), ou com a venda por atacado, quando a empresa se torna provedora de infraestrutura para players regionais. “Eu saí da teleconferência mais otimista do que entrei”, diz ele.
A analista do Itaú BBA, Suzana Salaru, também elogiou a proposta. “Pela primeira vez, a Oi colocou a fibra como seu principal ativo, isso muda todo o discurso do passado, voltado ao atendimento residencial e à telefonia móvel”, diz. “A sua rede backbone era só o meio para vender outros serviços, mas agora a empresa está disposta a fazer dela o seu principal negócio, aproveitando toda a sua capilaridade”. Para Suzana, se a Oi conseguir vender todos os ativos que elencou, talvez não seja necessário abrir mão da telefonia móvel.
Na teleconferência, a companhia comentou sobre o objetivo de se tornar uma “viabilizadora do 5G” no Brasil, o que significa investir em infraestrutura para si e outras operadoras quando a futura tecnologia de telefonia móvel for implantada no país.
Impacto nas ações
Apesar da mudança na estratégia da operadora ser bem recebida, as ações da companhia fecharam a terça-feira em queda. A OIBR3 caiu 3,09%, para R$ 1,57, enquanto a OIBR4 recuou 0,56%, para R$ 1,77.
Para analistas, o recuo tem a ver com a falta de informações claras a respeito da venda da operação móvel. Ao ser questionado sobre o assunto durante a teleconferência, Rodrigo Abreu, coordenador do comitê de transformação, estratégia e investimento da Oi, disse que o tema não era público e ele não poderia se pronunciar. Ex-presidente da TIM, Abreu deve assumir ainda este ano o comando da Oi.
A guinada da Oi agrada o mercado. Embora a empresa pareça agora seguir pelo caminho certo, o trajeto é tortuoso e ainda não há clareza se a companhia de fato irá se reerguer. "O plano da Oi parece promissor. O grande desafio é a execução", disse o BTG Pactual, em relatório.
Em relatório, os analistas do Bradesco Fred Mendes e Guilherme Haguiara rebaixaram a recomendação para o papel para "neutra". "Nós achamos que é positivo que o Rodrigo Abreu lidere a execução do plano dado a sua sólida experiência na área de TMT (tecnologia, mídia e telecom). No entanto, o risco da Oi cresceu nas ultimas semanas e agora nós vemos um cenário mais desafiador para o seu maior gatilho, o PLC79, dado que a reforma da Previdência está ganhando tração. Considerando tudo, nós vemos um balanço de risco/retorno que justifica a nossa recomendação 'neutra'".
O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo para a ação da Oi (OIBR3), para R$ 1,80, abaixo da projeção anterior (R$2,10), mas acima do valor de fechamento desta segunda-feira, de R$ 1,57. Veja a seguir as estimativas e recomendações dos analistas disponíveis na Bloomberg para o papel:
Também pesou contra a percepção final do plano de negócios o “excesso” de otimismo da companhia. Para Abreu, a implantação do plano vai permitir à Oi voltar a gerar caixa e aumentar o Ebitda. “Eles teriam que fazer mais com o mesmo orçamento, o que é pouco provável na atual conjuntura”, disse outro analista. A companhia informou que a receita líquida deve crescer 2% ao ano entre 2019 e 2024, enquanto a previsão para o Ebtida é de alta entre 15% e 20% ao ano entre 2019 e 2021, com base na estabilização das receitas e na redução de custos. “Ninguém consegue crescer sem gastar”, diz.
Um analista ouvido pelo Seu Dinheiro lembra que, mesmo com a venda declarada de ativos, a empresa continua precisando de dinheiro para investir. “Um valor mais consistente só viria com a venda da telefonia móvel”, afirmou. “Mas, se alguém quer vender o seu carro porque precisa de dinheiro, nunca fala abertamente”, diz. Sempre faz um certo charme.
Oi (OIBR3) vende torres e imóveis por R$ 40 milhões, mas o dinheiro não entrará diretamente no caixa da companhia; entenda
A empresa de telecomunicações negociou os ativos de unidade produtiva isolada (UPI) com a SBA Torres Brasil, uma de suas credoras
Adeus, Porto Seguro (PSSA3), olá Lojas Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3): em novembro, o BTG Pactual decidiu ‘mergulhar’ no varejo de moda; entenda o motivo
Na carteira de 10 ações para novembro, o BTG decidiu aumentar a exposição em ações do setor de varejo de moda com múltiplos atraentes e potencial de valorização interessante
Melhor que Magazine Luiza (MGLU3)? Apesar do resultado forte no 3T24, Empiricus prefere ação de varejista barata e com potencial de valorizar até 87,5%
Na última quinta-feira (8), após o fechamento do pregão, foi a vez do Magazine Luiza (MGLU3) divulgar seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2024, que agradaram o mercado, com números bem acima das expectativas. Entre julho e setembro deste ano, o Magalu registrou um lucro líquido de R$ 102,4 milhões, revertendo o prejuízo de […]
Conselho da Anatel aprova aumento de capital da Oi (OIBR3) e operadora avança no plano de recuperação judicial com novos sócios
Com a aprovação pela agência, a companhia poderá trocar sua dívida por uma participação acionária
Oi (OIBR3) fecha venda de torres e imóveis para ATC por R$ 41 milhões; entenda a operação
A Oi vai transferir de torres de celular e imóveis como forma de pagamento parcial de créditos do credor no plano de recuperação judicial
Fim da telefonia fixa da Oi, novo capítulo da quebra de braço entre rede social X e STF, ascensão de um FII, Tomorrowland e consórcio de criptos são destaques no Seu Dinheiro
Dentre as cinco reportagens com maior audiência nesta semana, destaque principal teve como tema a iminência do fim da telefonia fixa no país
Oi (OIBR3): Credores aprovam venda para empresa de internet V.tal — em mais um passo rumo ao fim da recuperação judicial
No entanto, diante da “complexidade dos termos e condições descritos na proposta”, alguns desses credores pediram mais informações sobre determinados pontos do acordo
Oi (OIBR3) deve receber sinal verde para desligar telefones fixos; como ficam os seis milhões de clientes da operadora?
As operadoras vinham alegando que as chamadas fixas de voz caíram em desuso e fizeram o faturamento despencar
Oi (OIBR3) ‘se livra’ das obrigações da telefonia fixa: o que isso significa para a saúde financeira da companhia?
Acordo entre a União e a operadora foi aceito por todos os envolvidos; serviços de telefonia fixa serão mantidos até 2028, apenas em locais onde não há outra alternativa
Oi (OIBR3) recebe proposta de R$ 5,683 bilhões por negócio de fibra, mas não vai ver nem um real em dinheiro; entenda
A operadora de rede neutra V.tal, que tem a Oi como sócia, foi a única participante do leilão da ClientCo
Ações da Oi (OIBR3) tombam 8% na bolsa; companhia recebe sinal verde para aumento de capital bilionário
O desempenho ocorre no mesmo dia em que a companhia de telecomunicações informou ter recebido uma importante sinalização do Cade
Oi (OIBR3) aprova aumento de capital de R$ 1 bilhão em mais um passo para sair da crise financeira
A operação será mediante a emissão de cerca de 264 mil novas ações ordinárias OIBR3 na bolsa brasileira, com preço de emissão de R$ 5,26 por papel
Como o possível aumento na taxação do JCP pode prejudicar os investimentos de Vivo, Claro, Tim e Oi
Essas empresas usam com frequência esse instrumento como forma de remuneração dos acionistas.
Oi (OIBR3) salta 18% após lucro de R$ 15 bilhões no 2T24 — mas aqui estão os motivos para não se empolgar com o balanço da operadora
Apesar de surpreender o mercado, o lucro inesperado aconteceu por um fator contábil ligado à aprovação do plano de recuperação judicial
Oi, Claro, Vivo e Tim na mira da CPI: enxurrada de reclamações coloca teles como alvo de investigação em SP
O requerimento para a investigação diz que o setor está entre os líderes das reclamações dos consumidores e que é preciso apurar a origem desses problemas
Oi (OIBR3) levanta R$ 4 bilhões com novos financiamentos e conclui etapa do plano de recuperação judicial
De acordo com a companhia de telecomunicações, foi concluído o processo de reestruturação de sua dívida, o que melhora o perfil de endividamento e garante liquidez adicional
Oi (OIBR3): em busca de pelo menos R$ 7 bilhões para o caixa, companhia confirma nova rodada de leilão da ClientCo
Vale relembrar que a primeira rodada, realizada no mês passado, rendeu apenas um lance de R$ 1,05 bilhão pela antiga Oi Fibra
Super Quarta começa quente: BoJ sobe os juros no Japão enquanto Fed e Copom se preparam para anunciar suas decisões para EUA e Brasil
Ibovespa abre a última sessão de julho com alguma gordura para queimar, apesar de série negativa na reta final do mês
Credores da Oi (OIBR3) rejeitam proposta bilionária, mas muito abaixo da esperada, pela ClientCo; companhia fará novo leilão?
Os credores rejeitaram o lance da Ligga Telecomunicações, que ofereceu R$ 1,05 bilhão pela unidade de banda larga da Oi
Preço mínimo da ação da Sabesp foi fixado em 20 de junho, e pouca gente sabia disso
Preço mínimo de R$ 63,56 por ação se tornou público hoje, com a publicação da ata de reunião do dia 20; Equatorial pagou R$ 67,00