O que são ações e quais as vantagens e riscos desse investimento
Muitos brasileiros já ouviram falar de ações, mas poucos realmente investem nesse tipo de ativo. As dúvidas ainda são inúmeras. Nesse texto, você vai entender, desde o beabá, no que consiste esse investimento
Depois da caderneta de poupança, as ações são os investimentos mais conhecidos pelos brasileiros que sabem o mínimo sobre o assunto. Mesmo assim, são os ativos nos quais as pessoas físicas menos investem, junto com as moedas estrangeiras.
Os dados são do último “Raio-X do Investidor Brasileiro”, levantamento divulgado anualmente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A poupança é a vencedora disparado, seguida de longe por previdência privada, renda fixa e fundos. É claro que o investimento em ações é percebido como arriscado, e de fato tem um nível de risco maior que as aplicações mais populares e tradicionais de renda fixa.
Mas há também muito desconhecimento acerca desse tipo de investimento, entendido pela maioria das pessoas como algo inatingível, restrito a quem tem muito dinheiro e do qual apenas os grandes “tubarões” - investidores de grande porte - podem se beneficiar.
Pelo tipo de pergunta que já recebi de leitores ou ouvi de parentes e amigos, apesar de já terem ouvido falar, muita gente não sabe sequer o que são ações e outros conceitos básicos relacionados a esse tipo de ativo. E é disso que eu vou tratar neste texto.
Quer investir em ações? Saiba por onde começar!
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O que são ações
Uma ação é a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades anônimas. Em outras palavras, ações são títulos que representam pedacinhos da empresa que os emitiu.
Seus detentores são chamados de acionistas. Eles são sócios da empresa emissora e, como tais, têm todos os direitos e deveres de qualquer outro sócio, conforme a quantidade de ações que cada um possui.
Todas as companhias ou sociedades anônimas têm seu capital dividido em ações. Mas apenas aquelas que buscam um registro de companhia aberta junto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atendem a certos critérios podem ter seus papéis negociados em bolsa de valores ou mercado de balcão.
Quando falamos de investimento em ações, estamos nos referindo, portanto, à compra de ações de companhias abertas em bolsa ou mercado de balcão. Nesse caso, qualquer pessoa, física ou jurídica, tem acesso ao investimento.
A compra de ações de companhias fechadas também é possível, mas exige uma negociação direta com os sócios da empresa, num processo pouco acessível a pessoas físicas.
Para uma pessoa física comprar ações em companhias abertas, porém, basta ter CPF e abrir conta numa corretora de valores, que é um tipo de instituição financeira com permissão para intermediar esse tipo de operação.
Ao fazer isso, qualquer investidor pode se tornar sócio de algumas das grandes companhias abertas brasileiras, como Petrobras, Vale, Ambev e Itaú.
No vídeo a seguir eu explico o passo a passo para começar a investir na bolsa:
Mercado de bolsa vs. mercado de balcão
Ações de companhias abertas podem ser negociadas em bolsa de valores ou em mercado de balcão organizado.
Ambos os mercados exigem que a companhia tenha registro na CVM, pague certas taxas e atenda a regras de transparência.
A diferença é que o mercado de balcão é mais flexível, tem menos exigências e custos para a empresa, mas é um pouco mais arriscado para o investidor que o segmento de bolsa.
As ações negociadas no mercado de balcão geralmente são de empresas de menor porte e menos liquidez que aquelas negociadas em bolsa.
Mas ambos os ambientes são organizados e contam com sistemas eletrônicos de negociação e registro de ordens de compra e venda, bem como mecanismos de autorregulamentação.
No Brasil, há apenas uma empresa que realiza atividades de negociação de ações em mercado de balcão e bolsa de valores, a B3, antiga BM&FBovespa.
Ações ordinárias e preferenciais
As ações podem ser ordinárias (ON) ou preferenciais (PN). As ordinárias dão poder de voto ao seu detentor nas assembleias de acionistas, mas as preferenciais normalmente não.
Por outro lado, ações PN conferem ao titular prioridade na distribuição de dividendos e reembolso de capital.
Algumas companhias só negociam um tipo de ação, enquanto outras negociam os dois. Ações preferenciais podem, ainda, ser separadas em classes, designadas como PNA e PNB, que podem conferir direitos diferentes aos seus detentores.
Há ainda empresas que negociam units, que são definidas como “pacotes de valores mobiliários negociados como uma única ação”. Em geral, as units combinam ações ordinárias e preferenciais. Por exemplo, uma ação ON e duas PN em cada unit.
No vídeo a seguir, eu explico com mais detalhe a diferença entre ações ordinárias e preferenciais:
Vantagens e riscos do investimento
Quem investe em ações pode ganhar dinheiro basicamente de duas formas: pelo recebimento de dividendos e outros proventos, que são os rendimentos distribuídos pelas empresas aos seus acionistas; ou pela valorização do papel no mercado.
O investimento em ações é uma aposta em um negócio real, e visa a capturar o crescimento e o desempenho das empresas ao longo do tempo.
É uma maneira de o investidor se expor a determinados mercados, lucrar com o bom desempenho de um ou outro setor e surfar a onda de ciclos econômicos.
O potencial de ganho no mercado de ações é muito grande. Não é como nas aplicações de renda fixa que a rentabilidade é restringida pelo nível da taxa básica de juros.
Contudo, há também o risco de perdas nominais no capital investido. Afinal, o mundo dos negócios está repleto de riscos, e as empresas podem passar por altos e baixos.
Da mesma forma que um negócio pode se sair muito bem, gerando fortes ganhos ao acionista, ele também pode se sair muito mal, causando grandes perdas aos sócios.
Principais riscos
Ações são investimentos de renda variável, pois o pagamento de rendimentos (dividendos e outros proventos) está condicionado ao desempenho do emissor do papel - no caso, a empresa.
Em outras palavras, o pagamento de dividendos e o volume distribuído depende dos lucros e da saúde financeira da companhia.
De cara, pode-se dizer que um dos riscos do investimento em ações é essa incerteza quanto ao recebimento de rendimentos. Mas lembre-se: risco é a probabilidade de algo sair diferente do esperado - para o mal, mas também para o bem!
Como as ações têm um mercado secundário intenso - a negociação que ocorre entre investidores na bolsa de valores e no mercado de balcão - seus preços estão sujeitos a flutuações diárias de acordo com a oferta e a demanda.
Dizemos, portanto, que ações são investimentos de alta volatilidade, isto é, com fortes oscilações de preços. Mas é claro que umas são mais voláteis que outras.
No vídeo a seguir, eu falo um pouco mais sobre o conceito de volatilidade:
Esse risco de valorização e desvalorização das ações de acordo com oferta e demanda é chamado de risco de mercado, talvez o principal risco do investimento em ações.
O sobe e desce dos preços se relaciona com a percepção que os investidores têm em relação ao futuro da empresa.
É importante, portanto, que o investidor entenda que, ao comprar uma ação, não necessariamente ele vai ter ganhos.
Dependendo do que acontecer ao negócio no meio do caminho, pode ser que o investidor venda o papel por um preço menor do que comprou, e os eventuais proventos que tenha recebido não sejam capazes de compensar a diferença. Em bom português, é possível perder dinheiro.
Ao contrário, também pode ser que o negócio se saia muito melhor do que os investidores projetavam, as ações se valorizem muito, e o investidor embolse bons lucros.
Como a oscilação dos preços das ações pode ser constante e diária, principalmente no caso daquelas com mais liquidez, o investimento é recomendado para objetivos de longo prazo.
Num prazo mais dilatado, a tendência é que os preços representem melhor o desempenho da companhia, e dá tempo de eles se recuperarem de eventuais quedas por causa de soluços e ruídos de mercado.
Operações de curto prazo também são possíveis, mas elas têm um risco de mercado bastante elevado.
O risco de liquidez
Apesar de o investimento em ações ser recomendado para o longo prazo, isso não significa que, ao comprar uma ação, o investidor seja obrigado a ficar com ela por muito tempo.
Não há prazo mínimo. A liquidez do investimento vai depender do quanto a ação é negociada. Algumas ações, como aquelas que compõem o Índice Bovespa (Ibovespa) são muito líquidas, sendo fácil vendê-las a qualquer momento.
Outras, de empresas geralmente menores e menos conhecidas, costumam ter uma liquidez bem mais baixa, podendo ser mais difícil encontrar um comprador para elas. Portanto, este é um fator ao qual o investidor também deve ficar atento na hora de investir.
Seja como for, depois de fechar negócio, o vendedor da ação têm acesso aos recursos resultantes da venda em dois dias úteis.
O investimento em ações é só para quem tem muito dinheiro?
O investimento em ações é bastante acessível ao pequeno investidor do ponto de vista do valor inicial de aporte, mas recomenda-se não começar a investir nessa classe de ativos até ter uma boa reserva de emergência em investimentos conservadores de renda fixa.
O valor inicial do investimento depende do preço de negociação da ação na bolsa no momento em que o investidor decidir comprar.
Na B3, as ações são negociadas no mercado à vista em lotes-padrão de 100 ações, geralmente. Isso significa que o investidor deve adquirir pelo menos 100 papéis ou múltiplos de 100.
Assim, para uma empresa cuja ação esteja hoje cotada a R$ 30, o investimento mínimo seria de R$ 3 mil.
Mas o pequeno investidor não é obrigado a comprar o lote-padrão. Ele pode operar no mercado fracionário e comprar quantas ações quiser de cada empresa.
Só que os custos de transação de operar no mercado fracionário em geral são diferentes dos custos de comprar um lote-padrão.
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