O que pensa o deputado cotado para presidir a comissão especial da reforma da Previdência?
Deputado Mauro Benevides Filho defende alterações no regime de capitalização, aposentaria de professoras e BPC

O deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT-CE) está cotado para assumir a presidência da comissão especial que avaliará a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O parlamentar que atuou como economista de Ciro Gomes na campanha é lembrado não apenas por ser um estudioso do tema, mas também pelo bom trânsito político no Congresso.
Cabe ao presidente da comissão garantir o rito processual da matéria, definindo o plano de trabalho e atuando para que os prazos regimentais sejam cumpridos. A defesa de mérito da proposta fica com a figura do relator.
Em conversa com o Seu Dinheiro, Mauro Filho explica que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) lembrou de seu nome pela sua experiência como secretário estadual de Fazenda e por seus estudos na área previdenciária.
“Mas não posso ser presidente de mim próprio, preciso trazer o PDT para dentro dessa discussão. E isso ainda está sendo discutido no âmbito do partido”, afirmou.
Na quarta-feira, o PDT e seus 28 deputados e quatro senadores estiveram reunidos para discutir a proposta envidada pelo Executivo, mas, segundo o deputado, ainda não foi possível tirar uma posição uníssona dentro da legenda.
A reforma está em um momento em que questões técnicas e políticas têm de buscar um equilíbrio. Além de votos suficientes, o projeto tem de garantir a economia necessária para ajudar no ajuste das contas públicas. É a tal dúvida com relação à diluição que já abordamos aqui e aqui.
Leia Também
Esse aceno de Maia a Benevides se encaixa bem nesse cenário. O relator seria uma figura eminentemente técnica, mas também há um gesto ao PDT, partido que vem tentando costurar uma oposição não “lulista” ao governo Bolsonaro, desde o famoso episódio de “o Lula tá preso, babaca”, encanado pelo senador Cid Gomes e seu irmão Ciro.
O cálculo político não é algo linear, mas atuação do PDT na reforma da Previdência poderia ser uma forma de “oposição construtiva”, até porque Ciro também defendeu uma reforma na sua campanha, com a adoção de um modelo de capitalização.
Alguns contrapontos
Sobre a reforma em si, Mauro Filho avalia que enquanto todo mundo está discutindo idades mínimas o ponto principal é: qual modelo de previdência que se propõe ao país.
Segundo deputado, como a taxa de natalidade está caindo ao mesmo tempo em que a população vive mais, o atual regime de repartição está perdendo sustentabilidade.
O atual governo propõe sair da repartição para a capitalização, onde o trabalhador possui conta individual e sua aposentadoria será determinada pelas contribuições ao longo da vida.
Aqui é que surge o primeiro ponto de discordância de Benevides com a proposta encaminhada nesta semana. O deputado não se opõe ao regime de capitalização em si, mas ao modelo que parece estar sendo proposto por Paulo Guedes e equipe.
“O que o governo está propondo é um regime de capitalização sem contribuição patronal. E isso será muito difícil [de passar] na Câmara”, diz.
Sustentando sua argumentação, Mauro Filho afirma que pesquisou 60 países no mundo, inclusive na América Latina, e que “o normal, o correto” de um sistema de capitalização de contas é ter a contribuição do trabalhador e do empregador. Mesmo que essa alíquota patronal, no caso do INSS, seja menor que os atuais 20%.
A única exceção é o Chile, que inspira o modelo de Paulo Guedes, mas que está fazendo uma revisão do seu modelo para instituir uma contribuição patronal de 4%.
A sugestão feita pelo deputado é que conste no texto constitucional que o regime de capitalização terá contribuição patronal e do trabalhador. Algo não explicitado no projeto atual. A participação de cada um poderá ser feita por lei complementar. “Espero que a equipe econômica se sensibilize com essa correção.”
A tal da capitalização
Cabe aqui um breve adendo sobre a proposta de capitalização que está no texto da reforma. O que o governo está pedindo ao Congresso é uma autorização para instituir o sistema e regulamentar seus detalhes posteriormente. Esse é um movimento ousado, pois o governo quer que esse novo regime não seja uma cláusula constitucional. A vantagem é permitir mudanças de curso com menor mobilização política (número de votos). A desvantagem (ou desafio) é convencer os parlamentares a dar essa margem de atuação ao Executivo.
Pontos sensíveis
Outros pontos que devem causar polêmica ao longo da tramitação, segundo o deputado, é o regime próprio de previdência das professores, pois o tempo de contribuição sai de 25 anos para 40 anos para manutenção do salário integral na aposentadoria. “É uma mudança muito abrupta para a trabalhadora professora.”
Como relação ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) para os idosos, Mauro Filho diz que “não preciso nem falar”. A proposta é de antecipar o benefício de 65 anos para 60 anos, mas pagar R$ 400 para o idoso em situação de miserabilidade. “Isso foi recebido com muita resistência na Câmara dos Deputados.”
Atualmente, ao atingir 65 anos e se enquadrar nos quesitos do BPC, o idoso recebe um salário mínimo. Segundo o deputado, há um simbolismo muito grande desse programa para as pessoas que não conseguem se aposentar e não tem tempo de contribuição nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Com inflação em alta, Guedes questiona: “Qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara?”
Ministro afirma que economia está e vai continuar crescendo, mas admite que existem “algumas nuvens no horizonte” para o próximo ano
‘Orçamento está falido e não deveria ser sancionado’, diz Rodrigo Maia
Para ex-presidente da Câmara, governo e Congresso tem responsabilidade por esse Orçamento em que as emendas parlamentares são maiores do que os gastos discricionários
Teto de gastos e Previdência já geraram economia de R$ 900 bi em juros, diz estudo do Ministério da Economia
Essa economia de quase R$ 1 trilhão em juros é equivalente a 28,12 vezes a despesa anual do programa Bolsa Família (de cerca de R$ 32 bilhões)
‘Foco é somar esforços para agenda de reformas’, diz presidente do Itaú Unibanco
Para ele, o principal fator de atraso para a retomada econômica é a falta de um plano de vacinação e comentou o último balanço da empresa
Guedes renova esperança com avanço de reformas e critica Maia
Ministro critica “disfuncionalidade” do sistema político por permitir que centro-esquerda domine votações, apesar da vitória da centro-direita nas eleições
Para Maia, fechamento da Ford no Brasil reforça necessidade de reforma tributária
Para ele, a situação deve jogar luz também no debate sobre os benefícios tributários concedidos pelo governo, juntamente com a reforma
Maia anuncia bloco com centro e oposição para eleição da Câmara
Presidente da Câmara disse que esse bloco vai dialogar nos próximos dias para construção de um nome de centro-direta, mas não descartou a possibilidade de que ele saia, inclusive, do campo da esquerda
Prestes a deixar a presidência da Câmara, Maia diz que Pazuello é um desastre, Guedes está enfraquecido e Bolsonaro é insensível
Críticas do parlamentar são feitas faltando dois meses para eleição no Congresso; atual presidente da Câmara deve demonstrar apoio a um candidato em breve, com apoio da oposição ao governo
País começará 2021 sem clareza sobre rumo de gastos públicos, diz Maia
Presidente da Câmara reitera que há pouco espaço no teto para despesas e afirma que governo não consegue avançar agenda fiscal
‘Demora da vacina é maior erro político de Bolsonaro’, diz Maia
Prestes a terminar seu mandato como presidente da Câmara, Maia disse ao Estadão que o governo está criando um “balcão” de negócios na Câmara para eleger o seu sucessor
Maia diz que a reforma tributária não será aprovada neste ano porque proposta tem seu ‘carimbo’
Segundo o presidente da Câmara, a indústria apoia a unificação de vários impostos no IVA para dar competitividade ao setor, ainda que o setor de serviços tenha críticas à proposta
Maia descarta prorrogação do orçamento de guerra e do estado de calamidade
Ambas as normas valem apenas para 2020 e liberaram o governo do cumprimento das metas do orçamento devido à pandemia
Maia: Minha cabeça sempre foi da escolha de sucessor (na presidência da Câmara)
Ele indicou que tem quatro ou cinco “ótimos” nomes que considera para a sua sucessão
STF barra reeleição de Maia e Alcolumbre no Congresso
Com os últimos três votos divulgados, o Supremo barrou a tese de reeleição de Alcolumbre por 6 votos a 5. Já para Maia, a derrota foi de 7 votos a 4
Maia diz que meta flexível em 2021 é ‘jabuticaba brasileira’
O governo resolveu abandonar uma meta fixa de resultado primário no ano que vem.
Mesmo sem apoio do governo, reforma tributária já teria votos para ser aprovada
Maia tem defendido o texto como prioridade na pauta de recuperação econômica do País.
Como ficam as peças do xadrez da política após as eleições municipais
A eleição marcou a conquista de peças importantes, vitórias que serviram apenas para demarcar território e derrotas claras. Mas houve também avanços importantes mesmo de quem perdeu nas urnas
Próximos três meses terão maior peso para o governo do que as eleições de 2020, diz Maia
Maia não acredita, contudo, que será possível concluir a votação dessa matéria no Senado e na Câmara até o fim do ano.
Candidato ao comando da Câmara sem agenda liberal não tem chance de vencer, diz Maia
Presidente da Câmara também afirmou que a base do governo precisa pensar em soluções para o próximo ano diante do cenário de crise
Depois de receber ligação de Campos Neto, Maia diz confiar no presidente do BC
A conversa entre as duas autoridades ocorreu no dia de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que manteve a taxa Selic em 2% ao ano.