O que o auxílio-moradia nos diz sobre o futuro das reformas?
Estado brasileiro é uma máquina de desigualdade com autorização Constitucional e chancela do STF para funcionar
Nossa Constituição é um misto de regulamentação trabalhista com um dicionário de utopias. A frase é do ex-ministro Roberto Campos e me veio à memória ao ler as notícias e os comentários nas redes sociais sobre a recriação do auxílio-moradia.
Já tinha “causado espécie”, para seguir no dialeto jurídico, a decisão do governo Michel Temer de conceder reajuste aos membros do Judiciário em troca, justamente, do fim do benefício que se conhece como um dos “penduricalhos” da classe. Agora um órgão do próprio Poder, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai lá e aprova a recriação do benefício que é visto como “legal e constitucional”, por juízes da Suprema Corte.
Também no noticiário do dia, vemos no “Valor Econômico” que o salário no setor público cresce mais que o dobro do setor privado desde 1999. E o portal “G1” nos informa que o número de servidores públicos cresceu 60% em 20 anos, segundo dados do Ipea, e que o gasto é de R$ 725 bilhões, ou algo como 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
O que essas notícias deixam claro é que o Estado brasileiro é uma máquina de desigualdade com autorização Constitucional e chancela do STF para funcionar. Além de ilustrar o tamanho do desafio proposto pelo governo Jair Bolsonaro e sua elogiada equipe de reformar o Estado e acabar com privilégios.
O ponto é que não são apenas os juízes e procuradores que têm seus privilégios. Toda a lógica da Constituição e suas infinitas emendas e artigos é uma só: garantir “direitos” para os grupos públicos e privados que melhor se articulam para pegar seu pedaço do butim orçamentário.
Durante décadas o pagamento dos “direitos” foi se acomodando com aumento de impostos e períodos de algum crescimento econômico. Mas a fatura cresceu demais e a conta não cabe mais no bolso dos "demais funcionários" do Estados que não são concursados ou que não têm direitos adquiridos.
Leia Também
Já escrevi isso em outra ocasião, mas vale repetir. O crescente descompasso entre arrecadação e despesa tem boa parte de sua origem na Constituição de 1988. Por melhor que fossem as intenções do legislador de então, a Carta manteve intacta a lógica do Brasil Império: Arrecadar o máximo possível para pagar os “direitos adquiridos” da fidalguia pública e privada. Algo contado magistralmente por Jorge Caldeira no livro “A História da Riqueza no Brasil”.
Houve na Constituinte e ainda há uma enorme confusão envolvendo o termo “direitos”, que aliás raramente está acompanhado de contrapartida em um esquecido vocábulo, “deveres”. Não por acaso, é comum em âmbito global a ideia de que é o Estado que nos deve, mas isso é assunto para outro dia.
Estamos amarrados por esse erro de concepção. Direito seria algo natural e inalienável, como direito à vida, à liberdade, à propriedade e a um julgamento justo e imparcial. Aposentadoria integral com paridade e reajustes salariais anuais, independentemente da situação das finanças públicas, e mesmo ensino superior a todos, não importando a renda, não deveriam ser um “direito”, mas sim um tipo de “benefício”.
Os americanos têm uma expressão mais precisa para isso “you are entitled to nothing”, por isso que aposentadoria é, por vezes, tratada como um “entitlement” não como um “right”. Ou podemos pensar em “direitos onerosos” e “não onerosos”. Nos “onerosos”, o Estado ou a sociedade poderiam mexer.
É com toda essa estrutura que vem desde as Ordenações do Reino que a agenda do governo pretende romper, e nem mesmo o presidente parece muito convencido da necessidade de se mudar isso, pois ele e toda a família fazem parte e floresceram dentro dessa estrutura.
Ainda com Roberto Campos, há um “pentágono de ferro” que protege o corporativismo e o cartorialismo: estabilidade do funcionalismo, irredutibilidade de vencimentos, isonomia salarial, autonomia dos Poderes na fixação de salários e o direito de greve, quase irrestrito, do funcionalismo público, mesmo nos serviços essenciais. No lado privado estão os inúmeros regimes tributários diferenciados, subsídios financeiros, creditícios e isenções.
Quem parece ciente disso é o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse em recente palestra na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro que “ao redor do buraco tudo é beira”, frase de Ariano Suassuna.
O ministro alerta que chegamos no ponto em que todos estamos espremidos na beira encarando o buraco fiscal. Ainda segundo Guedes há uma hiperinflação adormecida sob essa questão fiscal, que não resolvida vai se traduzir em crise econômica e social. As reformas são o jeito de barrar o avanço do retrocesso.
Mercado de previdência cresce a dois dígitos por ano, mas investimento ainda gera polêmica entre especialistas e beneficiários
No Brasil, o tema costuma ser um dos mais polêmicos e desafiadores, tanto para especialistas quanto para beneficiários
Previsão de déficit zero, corte no Bolsa Família e salário mínimo de R$ 1.509: o plano do governo para o Orçamento de 2025
Projeto de lei com os detalhes do Orçamento de 2025 foi enviado por Lula ao Congresso Nacional na noite de sexta-feira
Marcação a mercado: o ponto de discórdia entre o Ministério da Fazenda e os fundos de previdência complementar
Ministério da Fazenda defende a marcação a mercado também nos saldos dos fundos de previdência complementar; entidades temem que percepção de volatilidade leve a saques
Voltas e reviravoltas: Ibovespa tenta manter alta em semana de dados de inflação enquanto bolsas repercutem eleições na França
Ibovespa ainda não sabe o que é cair em julho; testemunhos de Powell, futuro de Biden e regulamentação da reforma tributária estão no radar
Previdência em risco: desvincular benefício do salário mínimo para cumprir meta fiscal pode criar efeito rebote nas contas
Em entrevista à Agência Brasil, especialista em Previdência Social afirma que os benefícios previdenciários e assistenciais não vão para a poupança, mas para custo de vida
PGBLs e VGBLs escaparam, mas fundos de pensão ainda podem ser taxados; veja o impacto no benefício na aposentadoria
Taxação dos fundos de pensão de estatais e daqueles que as empresas privadas oferecem aos funcionários ainda será debatida no Congresso no âmbito da reforma tributária
INSS vai pagar R$ 2,4 bilhões por decisões judiciais; veja se você pode receber uma parte desse dinheiro
Valores serão pagos a quem aguarda pelo benefício do INSS, pensões e auxílio-doença, entre outros
Como declarar aposentadorias e pensões da Previdência Social no imposto de renda
Aposentados e pensionistas da Previdência Social têm direito à isenção de imposto de renda sobre uma parte de seus rendimentos. Veja os detalhes de como declará-los no IR 2024
Quanto você precisa juntar para se aposentar aos 40, 50 e 60 anos com uma renda de R$ 5 mil por mês
Simulamos quanto um jovem de 30 anos precisa investir por mês em prazos de 10, 20 ou 30 anos para garantir uma “mesada” de R$ 5 mil por duas décadas
Por que FoFs de previdência privada serão os grandes vencedores das mudanças recentes na tributação
Esse tipo de fundo mantem a mesma característica tributária de um exclusivo de previdência, mas, por ser um fundo coletivo, de varejo, não tem o limite de R$ 5 milhões de patrimônio
Novidades na previdência privada: como o governo quer incentivar você a contratar renda ao se aposentar com um PGBL ou VGBL
Resoluções que restringiram a criação de fundos exclusivos de previdência privada trouxeram também outras mudanças aos planos, potencialmente benéficas ao público geral
Informe de rendimentos do INSS para o IR 2024 já está disponível; veja como baixar
Documento serve como comprovação do recebimento de benefícios da Previdência Social em 2023
Previdência privada não entra em inventário, mas existe um caso em que esta regra não se aplica; entenda
Entendimento do STJ no ano passado abriu a porta para que previdência privada pudesse eventualmente integrar inventário
Teto do INSS supera os R$ 7.700 com reajuste para aposentadorias acima do salário mínimo
O decreto com o valor do salário mínimo, que responde pela maior parte dos benefícios da Previdência Social, foi assinado no fim de dezembro pelo presidente
Previdência privada: Agora você pode trocar a tabela de imposto de renda a qualquer momento; saiba quando vale a pena
Governo acaba de sancionar lei que facilita planejamento da aposentadoria; veja cinco perguntas e respostas sobre a nova regra de tributação dos planos de previdência
Segunda parcela do 13º salário cai até quarta-feira (20) – e você tem até o fim do ano para usá-la para ‘fugir’ do Leão
Um bom destino para esse dinheiro nesta época do ano é o investimento em previdência privada; entenda os benefícios do produto e saiba para quem é indicado
Previdência privada vs. Tesouro RendA+: qual dos dois escolher para poupar para a aposentadoria?
No fim do ano, bancos começam a oferecer planos previdenciários, mas agora eles têm um concorrente no Tesouro Direto! Veja as semelhanças, diferenças e qual opção é mais indicada para você
O que você precisa saber antes de investir em um fundo de previdência
Fundos de previdência possuem benefícios interessantes, mas você precisa prestar atenção a seus limites e diferenças em relação a fundos tradicionais antes de investir
“Alguém vai ter que pagar essa conta”: crise previdenciária pode deixar milhões vulneráveis no mundo todo — mas Brasil pode ter uma solução, destaca PhD pelo MIT
“Cinquenta por cento das pessoas nos Estados Unidos não têm reservas para a aposentadoria. O governo vai ter que resgatá-las. Este será um problema existencial para o país, porque todas essas pessoas vão se aposentar sem dinheiro. E alguém vai ter que pagar essa conta”. Quem disse isso foi Arun Muralidhar, economista e PhD pelo […]
Se eu fosse brasileiro, estaria comprando Tesouro RendA+ ao máximo, diz idealizador do novo título público em parceria com Nobel de Economia
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Arun Muralidhar, autor das ideias que embasam o Renda+ e o Educa+ ao lado do Nobel Robert Merton, explica os conceitos por trás dos novos títulos do Tesouro e diz que Brasil servirá de exemplo para outros países, que já mostraram interesse em desenvolver produtos semelhantes