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O outro lado dos R$ 9 bilhões do Tesouro Direto

Vencimento histórico de títulos indexados ao IPCA somou R$ 88 bilhões e elevou “operações compromissadas” do BC pela primeira vez acima de R$ 1,4 trilhão

16 de maio de 2019
11:55 - atualizado às 10:38
Baú de tesouro com moedas e bússola
Imagem: PaulPaladin/Shutterstock

Toda história tem dois lados. Sem “comprados” não há “vendidos” e vice-versa. Até mesmo para uma aplicação financeira bem-sucedida como o Tesouro Direto, o resultado tem dois lados.

Nesta quarta-feira (15), a instituição promoveu o maior vencimento de títulos da história do Tesouro Direto. R$ 9 bilhões foram distribuídos entre 122 mil investidores que adquiriram NTN-B (título público que paga juro mais inflação) e não se desfizeram do ativo.

A NTN-B com vencimento em 15 de maio de 2019 foi emitida em janeiro de 2013 e esse título esteve à venda no site do Tesouro até fevereiro de 2017.

Esses R$ 9 bilhões, nada menos que 30 vezes o prêmio da última Mega-Sena conquistada por um único apostador e seu bilhete de R$ 3,50, é um grão de areia no deserto da dívida pública mobiliária brasileira, de quase R$ 4 trilhões. Mesmo comparado ao resgate total da NTN-B maio de 2019 (R$ 88 bilhões), o vencimento do Tesouro Direto é modesto.

Do resgate integral desse vencimento da quarta-feira, 90% foram pagos a outros investidores. Entre eles, bancos.

Ao contrário de investidores pessoas físicas, as instituições financeiras não costumam embolsar o dinheiro dos resgates, mas reinvestir imediatamente. Inclusive os R$ 9 bilhões que vieram do Tesouro Direto, se ainda não voltaram a financiar o governo, provavelmente voltarão. Ainda que via outros instrumentos disponíveis no mercado, como fundos de investimentos.

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E o melhor termômetro sobre essa migração de recursos ainda é o estoque de “operações compromissadas” do Banco Central (BC) com o mercado financeiro.

Na manhã de ontem, as vendas temporárias de títulos públicos pelo BC (venda condicionada ao compromisso de recompra pela autoridade monetária em data futura) ultrapassaram pela primeira vez a marca R$ 1,4 trilhão.

Nesta quinta-feira, o Banco Central já realizou seu leilão praticamente diário de “compromissadas”. E, dessa forma, garantiu o refinanciamento de R$ 399,924 bilhões de dívida do governo por 1 dia. Amanhã, esses recursos estarão de volta ao sistema bancário e (muito) provavelmente a instituição realizará operação semelhante à de hoje.

Antenor Ramos Leão, consultor da Terra Investimentos, especialista em negociação de títulos públicos federais, calcula que R$ 1,079 trilhão das “operações compromissadas” do Banco Central vencem até novembro.

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