Na liberação do FGTS por Bolsonaro, o trailer foi melhor que o filme
A autorização de saque limitado a R$ 500 por conta ativa e inativa e o confuso fracionamento previsto no “saque aniversário” que estará em vigor em 2020 não contribuíram para a popularidade da decisão

O governo tentou fazer direito, mas deu ruim. Há meses, acenou aos trabalhadores a liberação do FGTS, um dinheiro com o qual ninguém contava, e ao mesmo tempo alimentou expectativas de empresários e investidores com a retomada mais robusta da economia.
A fórmula do governo atual lembra o que fez seu antecessor, Michel Temer, em 2017. A liberação do saque das contas inativas (até 2015/) gerou entusiasmo. Naquele momento, a atividade estava no chão e a popularidade do governo enfraquecida com escândalo após escândalo -- envolvendo políticos, os irmãos Joesley e Wesley Batista da JBS e o presidente Michel Temer. A liberação do FGTS veio a calhar. De todo modo, a economia cresceu 0,75 ponto, de 1,1% em 2017, graças ao aumento do consumo.
Nas últimas semanas, porém, a hesitação do governo Bolsonaro em anunciar uma nova liberação de recursos do FGTS – talvez para não reprisar a medida tomada pelo antecessor e num cenário econômico igualmente crítico – começou a ofuscar a iniciativa que estava sob análise da equipe econômica. A pressão de representantes do setor de construção civil, que recebe parte do Fundo para bancar financiamentos, também tornou menor a iniciativa do governo.
A autorização de saque limitado a R$ 500 por conta ativa e inativa e o confuso fracionamento previsto no “saque aniversário” que estará em vigor em 2020 não contribuíram para a popularidade da decisão. O resultado final ficou um tanto obscuro, especialmente pela determinação de que a preferência pelo “saque aniversário” impedirá a retirada do saldo total do FGTS no caso de demissão sem justa causa, como é permitido hoje.
Essa regra não parece tão clara quanto à perspectiva de frustração de trabalhadores – que vierem a ser demitidos --, ante a impossibilidade de dispor de algum recurso para administrar o orçamento doméstico ao menos enquanto busca uma nova colocação.
Goste ou não o governo, se há algo com o qual o brasileiro se acostumou é com a possibilidade de sacar o FGTS quando prevalece o sentimento de desamparo. E faço essa afirmação por experiência própria. Foi exatamente assim que eu me senti ao ser demitida do meu último emprego em 14 de fevereiro deste ano.
Leia Também
Ajuda, mas não salva
É inegável que o saque de R$ 500 ajudará muita gente a sair do aperto, que o consumo deve ser favorecido com a injeção de dinheiro na economia e que aplicações financeiras podem ser beneficiadas. Dificilmente, porém, os R$ 30 bilhões que o governo entregará aos trabalhadores ainda neste ano serão suficientes para promover um crescimento consistente e prolongado.
O governo prevê um impacto de 0,35 ponto percentual no PIB e esse empurrão é mais que bem-vindo, da mesma forma que foi recebido o 0,75 ponto no PIB de 2017. Bora torcer para que, desta vez, não se repita o que vimos logo em seguida. Apesar da contribuição ao PIB total de 2017, de 1,1%, a liberação do FGTS e PIS/Pasep não evitou que, em 2018, o crescimento ficasse em 1,1% novamente.
Faltou combinar o discurso
As afirmações contraditórias feitas ontem pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, sugerem que no governo também não há consenso sobre o alcance e, tampouco, sobre o sucesso da liberação do FGTS.
Bolsonaro disse a jornalistas, antes do anúncio oficial da medida, que o seu caráter é “emergencial, sim, que a nossa economia não vai bem” (...) e que os saques farão com que entre “um dinheirinho no comércio”.
Paulo Guedes negou que a liberação dos recursos tenha sido uma medida emergencial improvisada devido ao baixo crescimento. E considerou que o governo está oferecendo ao trabalhador “uma oportunidade a mais de saque no FGTS”, lembrando que há 19 diferentes formas de saque desses recursos. O ministro tipificou o “saque aniversário” como um 14º salário.
A cerimônia de formalização da medida, realizada ontem à tarde no Palácio do Planalto, não deixou dúvida de que não faltarão recursos do Fundo para a construção civil. Aos cotistas, os R$ 500 que poderão ser sacados a partir de setembro são bem-vindos. Não devem salvar a economia ou mudar a vida dos brasileiros, mas poderão bancar um Feliz Natal.
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
STF torna Bolsonaro réu por tentativa de golpe; o que acontece agora
Além de Bolsonaro, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus sete aliados do ex-presidente
Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom
Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros
Juros nas alturas têm data para acabar, prevê economista-chefe do BMG. O que esperar do fim do ciclo de alta da Selic?
Para Flávio Serrano, o Banco Central deve absorver informações que gerarão confiança em relação à desaceleração da atividade, que deve resultar em um arrefecimento da inflação nos próximos meses
Co-CEO da Cyrela (CYRE3) sem ânimo para o Brasil no longo prazo, mas aposta na grade de lançamentos. ‘Um dia está fácil, outro está difícil’
O empresário Raphael Horn afirma que as compras de terrenos continuarão acontecendo, sempre com análises caso a caso
O rugido do leão: Ibovespa se prepara para Super Semana dos bancos centrais e mais balanços
Além das decisões de juros, os investidores seguem repercutindo as medidas de estímulo ao consumo na China
Na presença de Tarcísio, Bolsonaro defende anistia e volta a questionar resultado das eleições e a atacar STF
Bolsonaro diz que, “mesmo preso ou morto”, continuará sendo “um problema” para o Supremo Tribunal Federal (STF)
Consignado para quem é CLT: o passo a passo do programa que promete baratear o crédito com garantia do FGTS
A estratégia do governo é direta: ampliar o acesso a empréstimos mais baratos e tirar os trabalhadores das armadilhas do superendividamento
Mata-mata ou pontos corridos? Ibovespa busca nova alta em dia de PIB, medidas de Lula, payroll e Powell
Em meio às idas e vindas da guerra comercial de Donald Trump, PIB fechado de 2024 é o destaque entre os indicadores de hoje
Vai pingar na conta: pagamento do saldo retido do FGTS para quem aderiu ao saque-aniversário começa nesta quinta (6)
De acordo com o Ministério do Trabalho, serão liberados R$ 12 bilhões a 12,2 milhões de trabalhadores; saiba quem tem direito a receber
Governo libera pagamento de saque-aniversário do FGTS para esta semana; confira as regras e como sacar
As alterações em questão vieram por meio de uma medida provisória, com intuito de liberar R$ 12 bilhões para 12,1 milhões de trabalhadores.
Popularidade de Lula em baixa e bolsa em alta: as eleições de 2026 já estão fazendo preço no mercado ou é apenas ruído?
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o professor da FGV, Pierre Oberson, fala sobre o que os investidores podem esperar do xadrez eleitoral dos próximos dois anos
Fiscal frouxo? Os gastos do governo fora do Orçamento não preocupam André Esteves, do BTG — e aqui está o porquê
Para o banqueiro, um dos problemas é que a política fiscal brasileira se mostra extremamente frouxa hoje, enquanto a monetária está “muito apertada”
Frenesi com a bolsa: BTG revela se há motivos reais para se animar com as ações brasileiras em 2025
Para os analistas, apesar da pressão do cenário macroeconômico, há motivos para retomar o apetite pela renda variável doméstica — ao menos no curto prazo
De onde não se espera nada: Ibovespa repercute balanços e entrevista de Haddad depois de surpresa com a Vale
Agenda vazia de indicadores obriga investidores a concentrarem foco em balanços e comentários do ministro da Fazenda
Como não ser pego de surpresa: Ibovespa vai a reboque de mercados estrangeiros em dia de ata do Fed e balanço da Vale
Ibovespa reage a resultados trimestrais de empresas locais enquanto a temporada de balanços avança na bolsa brasileira
PGR denuncia Bolsonaro e mais 33 por tentativa de golpe de Estado; veja tudo o que você precisa saber sobre as acusações
As acusações da procuradoria são baseadas no inquérito da Polícia Federal (PF) sobre os atos de 8 de janeiro de 2022, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes
Selic abaixo dos 15% no fim do ano: Inter vai na contramão do mercado e corta projeção para os juros — mas os motivos não são tão animadores assim
O banco cortou as estimativas para a Selic terminal para 14,75% ao ano, mas traçou projeções menos otimistas para outras variáveis macroeconômicas
Kassab estava errado? Pesquisa Genial/Quaest indica que Lula venceria todos candidatos se eleição fosse hoje – mas há um sinal amarelo para o presidente
A pesquisa da Genial/Quaest realizou seis simulações de segundo turno e quatro do primeiro, e Lula sai na frente em todas elas. Mas não significa que o caminho está livre para o petista
Ações do Magazine Luiza (MGLU3) saltam 10% com Ibovespa nas alturas. O que está por trás da pernada da bolsa hoje?
Por volta das 15h08, o principal índice de ações da B3 subia 2,78%, aos 126.861 pontos, com as ações cíclicas dominando a ponta positiva