Agosto foi o mês do desgosto para os investimentos; confira os melhores e piores desempenhos do mês
Em mês de forte aversão a risco, só os investimentos voltados para proteção tiveram desempenho positivo

Agosto costuma ser considerado um mês longo (tem 31 dias e nenhum feriado) e aziago. E se, neste ano, os investimentos de risco escaparam da maldição de maio, eles fizeram jus ao ditado “agosto, mês do desgosto”.
O mês foi marcado pela disparada do dólar, que subiu mais de 10% ante o real, fechando em R$ 4,14, mesmo com as atuações do Banco Central no mercado de câmbio para suavizar os soluços do mercado.
O segundo ativo com melhor desempenho foi o volátil bitcoin, que neste mês viu uma recuperação da queda sofrida em julho e ainda é o campeão de retorno do ano.
Aparentemente descorrelacionada do restante do mercado financeiro tradicional, a criptomoeda tem sido vista, por algumas pessoas de mercado, como potencial reserva de valor em momentos de aversão ao risco, a exemplo do dólar e do ouro.
Depois desses dois, os únicos investimentos que tiveram desempenho positivo no mês foram os de renda fixa atrelada à Selic e ao CDI, o que engloba as aplicações mais conservadoras, como Tesouro Selic (LFT), CDBs, LCIs, LCAs e até a poupança.
No restante do ranking, um “banho de sangue”, tantos foram os números vermelhos. Bolsa, fundos imobiliários e títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação (públicos ou privados) apanharam para valer em agosto, ainda que o Ibovespa tenha conseguido sobreviver com uma queda até que modesta.
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Os grandes perdedores do mês foram os títulos públicos de longo prazo atrelados à inflação, chamados de Tesouro IPCA+ ou NTN-B.
Os melhores investimentos de agosto
Embora agosto normalmente pareça durar uma eternidade, em 2019 eu tive a sensação de que o mês voou, de tão eletrizante que foi.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China e o consequente temor de uma desaceleração da economia mundial (com possível recessão) deram o tom dos mercados de ações, juros e moedas neste mês.
Adicionalmente, a crise política e fiscal na Argentina também teve seus reflexos negativos por aqui. As prévias das eleições argentinas deram vitória com folga para o candidato kirchnerista Alberto Fernández sobre o atual presidente de viés liberal, Mauricio Macri. Como consequência, a bolsa portenha desabou e o dólar disparou em relação ao peso.
Posteriormente, o governo atual acabou anunciando uma renegociação das suas obrigações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que na prática funciona como um calote.
A difícil situação fiscal dos hermanos se reflete por aqui porque latino-americanos são todos colocados na mesma caixinha por grandes investidores internacionais. Além disso, a Argentina é um importante parceiro comercial do Brasil.
Esse cenário internacional negativo e de muitas incertezas levou os investidores a uma grande aversão a risco.
Com isso, os juros futuros dispararam, derrubando os preços dos títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação, que se desvalorizam quando os juros sobem: Tesouro Prefixado, Tesouro IPCA+ e debêntures atreladas ao IPCA tiveram retorno negativo no mês.
Ativos de risco, como as ações e os fundos imobiliários, também sofreram nesse cenário. Os investidores correram para a segurança do dólar, que viu uma disparada.
O noticiário local andou mais fraco, com a reforma da Previdência avançando no Senado, mas sem novidades muito determinantes.
O fato mais importante por aqui foi a divulgação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na última semana.
A alta de 0,4% ficou acima das estimativas do mercado, de 0,2%, e afastou os temores de recessão técnica, uma vez que o trimestre passado já havia visto contração nos números. A reação do mercado foi positiva.
Guerra comercial foi o pano de fundo em agosto
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já começou o mês “causando”: os investidores nem bem tiveram tempo de comemorar os cortes de juros efetuados pelos bancos centrais no Brasil e nos EUA no dia 31 de julho que Trump já largou o dedo no Twitter para anunciar uma tarifa de 10% em mais US$ 300 bilhões em produtos importados da China.
O gigante asiático reagiu com a desvalorização da sua moeda, o yuan, que chegou à proporção de um dólar para mais de sete yuans pela primeira vez em cerca de uma década, patamar onde vem sendo mantido desde então.
A intenção seria manter os produtos chineses competitivos no cenário internacional, o que poderia até neutralizar os efeitos da taxação extra nos EUA. Eu explico mais sobre essa questão da desvalorização do yuan no vídeo a seguir:
O presidente americano aproveitou também para dar umas porradas no Federal Reserve (Fed) na sua rede social favorita, como já é de costume.
A subida de tom na guerra comercial poderia inclusive ser interpretada como uma forma de Trump pressionar o banco central americano a cortar ainda mais os juros para combater os reflexos adversos do conflito na economia.
A possibilidade de a guerra comercial desaguar em uma guerra cambial caiu mal nos mercados, devido às imensas incertezas que um cenário como esse poderia trazer. Mas o fato de a China não ter desvalorizado sua moeda tanto assim reduziu os temores em relação a isso, por ora.
Chumbo trocado
No seu já tradicional morde e assopra, Trump eventualmente retirou alguns produtos da lista daqueles que seriam taxados e adiou a data de aplicação das tarifas sobre os produtos chineses.
Acontece que o país asiático acabou respondendo a taxação inicial com a imposição de tarifas de 5% a 10% sobre US$ 75 bilhões em importações americanas.
Em suas falas, as autoridades chinesas também não deixaram por menos e responderam às provocações de Trump (não no mesmo linguajar, é claro).
Então foi a vez de Trump retaliar. Ele elevou para 15% as tarifas sobre os produtos que já seriam taxados em 10%, e para 30% as tarifas sobre os produtos que já haviam sido tarifados em 25% anteriormente.
Trump chegou ao ponto de chamar o presidente chinês, Xi Jinping, de inimigo e incitar as empresas americanas a “buscar alternativas” à China.
A tal inversão da curva de juros americana
Como se não bastasse, em meados do mês, China e Alemanha divulgaram dados econômicos fracos. Já os dados americanos continuam relativamente fortes, embora dúbios, às vezes, o que talvez não justificasse novos cortes de juros por parte do Fed.
O próprio Fed e o Banco Central Europeu (BCE) não deram fortes sinalizações de que poderiam cortar juros, o que desanimou o mercado.
Todos esses fatores elevaram os temores de desaceleração da economia mundial e até de uma possível recessão, sinalizada, inclusive, pelo fenômeno da inversão da curva de juros americana.
A curva de juros reúne as perspectivas do mercado para as taxas de juros em diversas datas futuras. Uma inversão na curva, com taxas mais altas no curto do que no longo prazo, indica que os investidores estão temerosos em relação à possibilidade de uma recessão logo à frente.
Volatilidade a mil
Mas é claro que nem de pancadaria vive o conflito entre EUA e China. Entre um golpe e outro, seus líderes também baixaram o tom algumas vezes, dando espaço para os ativos de risco darem uma recuperada.
Mais para o fim do mês, a aposta dos mercados em novos cortes de juros pelas economias desenvolvidas também voltou a se fortalecer, o que possibilitou uma recuperação dos preços dos ativos de risco.
Assim, quem olha apenas para o desempenho de -0,67% do Ibovespa no mês não consegue sequer imaginar a verdadeira montanha-russa pela qual o índice passou ao longo deste longo mês de agosto.
Melhores e piores ações do mês
Mesmo em um mês tão difícil, diversas ações do Ibovespa fecharam com fortes altas. A líder foi a operadora de planos de saúde Qualicorp (QUAL3), que disparou na bolsa no início de agosto depois do anúncio de que a rede de hospitais D'Or São Luiz assinou um contrato para comprar participação minoritária de cerca de 10% no capital social da empresa, pertencentes ao presidente da companhia, José Seripieri Junior.
Já o pior desempenho ficou por conta da empresa do ramo de educação Kroton (KROT3), cujas ações desabaram após a divulgação de resultados ruins no segundo trimestre.
*Matéria atualizada com correção do retorno da poupança antiga.
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