Liberais não fazem pacotes

Dentro de mais alguns dias conheceremos o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. O resultado será magro e há quem fale em recessão técnica. Na sequência veremos uma nova onda de críticas e demandas na linha: “o governo tem quem fazer alguma coisa! Tem que impulsionar a demanda! Esse BC está errado!”.
Sinto desapontar o leitor de vertente mais heterodoxa, mas liberais não fazem pacotes. Liberais são metódicos, não têm pirotecnia.
Nesta ou na próxima semana, Paulo Guedes vai convocar a imprensa para uma entrevista coletiva para apresentar seu “caminho para a prosperidade”.
Mas não espere nada parecido com o que vimos em governos anteriores. Não teremos mais anúncios como os do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com palácios lotados e exuberantes bilhões e bilhões em investimentos mirabolantes, anunciados para plateias de empreiteiros que andavam como semideuses e hoje estão por Curitiba ou ostentando uma tornozeleira. Esse governo não tem marqueteiro e Guedes não tem vocação para animador de PIB.
O que veremos é um plano de longo prazo, com três grandes pilares, e diversas ações derivando de cada um deles. Parece sem graça, e é. Pois não teremos nada sexy como um trem bala, uma ferrovia que ligará o Brasil à China, ou um corte na conta de luz anunciado em horário nobre da TV (tudo isso deu errado, mas animava os incautos e a abertura do "Jornal Nacional").
A saída da insanidade econômica é mesmo sem sal. E escapar da insanidade aqui é parar de fazer sempre as mesas coisas e esperar resultados diferentes. Chego a ouvir um tango argentino...
Leia Também
O PIB não cresce? Estimule a demanda! O emprego está caindo? Desonere alguns setores escolhidos! O crédito está fazendo água? Manda Banco do Brasil e Caixa cortarem os juros! O investimento está baixo? Alô, BNDES? Empreste a juro negativo aí! Petróleo subiu? Petrobras, minha filha, segure os preços! As contas não fecham? Chame um alquimista fiscal!
Foi esse manicômio de voluntarismo econômico que nos trouxe até aqui. Ou como diz o próprio Guedes, foram arpoando a baleia até ela parar de se mexer. Colocando de outra forma, a economia brasileira aguentou muito desaforo, mas agora não aguenta mais. Como disse o ex-ministro Roberto Campos, o Brasil sempre foi um excelente laboratório para análises de patologia econômica.
O plano Guedes
O ministro tem gosto por obras literárias que tratam de grandes batalhas e personagens históricos. Além do “no retreat, no surrender” (não recuar, não se render), outro lema de Guedes é “big and bold targets” (algo como alvos ou metas amplas e grandiosas).
Não por acaso, o próprio ministro fala que a primeira “grande batalha” era a questão fiscal, a reforma da Previdência. Não se ganha uma grande batalha dividindo frentes de combate, por isso todo o esforço até aqui ficou concentrado na Previdência.
Agora, Guedes se prepara para as próximas grandes batalhas, ou pilares de atuação. A reforma tributária, as privatizações e a reforma do Estado. Ele traça a estratégia e sua equipe parte para o “ataque”, cada um na sua frente de batalha.
O plano para a reforma tributária ainda é desconhecido. Temos apenas os mesmos indícios da época de campanha, que buscam a simplificação dos impostos federais e a desoneração da folha de pagamentos, com a adoção de um controverso imposto sobre pagamentos, ou nova CPMF (o indigesto imposto do cheque).
Mesmo que não vejamos redução de carga no primeiro momento, o governo espera que a simplificação reduza o tempo gasto para se ficar em dia com a Receita Federal e diminua o contencioso tributário que soma alguns trilhões de reais.
Nas privatizações, o Supremo Tribunal Federal (STF) já autorizou a venda das subsidiárias e o governo monta uma agenda do que vender e para quem. A lista é extensa e esse é um programa que deve se desenvolver de forma paulatina ao longo dos próximos anos. Vai virar rotina.
A reforma do Estado é algo mais abrangente. Começa com a revisão do Pacto Federativo, que na visão de Guedes é devolver os orçamentos públicos aos políticos, pois são eles que têm de arbitrar as prioridades. Em suma, é acabar com todo e qualquer dinheiro carimbado. Passa pela revisão das carreiras do funcionalismo público e mira, também, tornar a relação da população com o governo a mais simples possível (governo digital, documento de identificação único, fim dos cartórios).
Enfim, são sobre esses grandes temas que Guedes deve falar e, depois, cada secretaria se responsabiliza por detalhar as ações de sua alçada e prestar contas. A ideia é que haja um painel na internet listando as ações, andamento de cada uma delas e o que foi ou não entregue. Algo nos moldes da Agenda BC#, novo nome da Agenda BC+, montada pelo então presidente Ilan Goldfajn (veja aqui a agenda do BC).
Alguns podem achar (e de fato acham) que essa agenda liberal é que é uma insanidade. Tudo bem, mas ao menos é uma “insanidade” diferente. É tempo de pararmos de admirar o que não deu certo.
Governo divulga resultados individuais do “Enem dos Concursos”; veja como conferir se você foi aprovado no Concurso Público Nacional Unificado
A divulgação dos resultados do “Enem dos Concursos” veio em meio a polêmicas sobre as avaliações. Já a lista definitiva ainda será publicada
Fim da polêmica? Transações por Pix voltam a aumentar na segunda metade de janeiro após onda de polêmicas e fake news
Onda de notícias falsas sobre taxação do Pix fez o volume de transações cair 13,4% no início do mês, em meio à polêmica com instrução normativa da Receita Federal
Viagem de avião, voo internacional: Turistas estrangeiros gastaram mais de US$ 7 bilhões em 2024, maior valor em 15 anos
Uma das apostas do governo para elevar o número de turistas estrangeiros no país é a regulamentação da reforma tributária; saiba como
Imposto sobre consumo: entenda as principais mudanças da reforma tributária e quando as regras começam a valer
Sancionada ontem (16) pelo presidente Lula, a lei complementar simplificará a cobrança de impostos no país
Entre a paciência e a ansiedade: Ibovespa se prepara para posse de Trump enquanto investidores reagem a PIB da China
Bolsas internacionais amanhecem em leve alta depois de resultado melhor que o esperado da economia chinesa no quarto trimestre de 2024
Imposto sobre consumo: Lula sanciona regulamentação da reforma tributária, mas alguns pontos da proposta foram vetados
O texto teve votação concluída pelo Congresso Nacional no fim do ano passado e marca um momento histórico na reestruturação do sistema de impostos do país, discutida há três décadas
Itamaraty se manifesta contra episódios de prisões e perseguição a opositores de Maduro; Venezuela fecha fronteira com o Brasil
Nicolás Maduro tomou posse ontem para o seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, em uma cerimônia de chefes de Estado e governo
A ‘dor de cabeça’ do governo Lula em 2025: Alckmin diz que o país cumprirá arcabouço fiscal com rigor, mas cita preocupação com juros
Apesar dos desafios monetários, o vice-presidente prevê o ano como promissor, com o crescimento do PIB puxado pelo agronegócio
R$ 8,7 bilhões em dinheiro esquecido: governo já começou a incorporar recursos; veja como recuperar sua parte antes que seja tarde
Banco Central revela que 44,5 milhões de pessoas físicas ainda não reivindicaram o dinheiro esquecido
E agora, Shein? “Taxa das blusinhas” reduz vendas de importados e aquece o varejo nacional
Aumento da tributação sobre compras internacionais reduziu a diferença de preços entre produtos do varejo nacional e importados
Brasil desembolsa R$ 1,9 bilhão para organismos internacionais e deixa dívidas e despesas para trás
A única parcela remanescente de pagamento, que não se trata de despesa obrigatória, é de R$ 87,4 milhões junto a fundos de cooperação
Gleisi para presidente em 2026? Deputada comenta inclusão de nome em pesquisa
A possibilidade da deputada como candidata nas próximas eleições presidenciais deve aparecer em um levantamento do instituto Paraná Pesquisas
A receita tradicional do final de ano: baixa liquidez e uma pitada de conciliação entre o governo federal e a Faria Lima
Os investidores encaram um momento de alta volatilidade nas próximas semanas em virtude dos feriados de Natal e fim de ano
Câmara conclui votação de projeto que prevê novo limite de gastos públicos em caso de déficit
Proposta integra o pacote de ajuste fiscal do governo; texto segue para o Senado
Dólar bate novo recorde pela 2ª sessão seguida após superar R$ 6,20 pela primeira vez com tensão fiscal e externa; BC tenta controlar câmbio
Banco Central injetou US$ 10,745 bilhões em novos recursos no mercado de câmbio apenas entre a última quinta-feira (12) e a manhã desta terça-feira
‘A era dos dividendos’ da Eletrobras (ELET3) finalmente chegou? Por que o BTG aposta em pagamento bilionário de proventos em 2025
Após dois anos de privatização, análise do banco indica que a companhia está em posição para iniciar distribuição aos acionistas em nova fase
Marco Legal dos Seguros: novas regras incluem maior transparência das seguradoras e 30 dias para pagamento dos segurados
Segundo a Fazenda, com a legislação, fica proibida a inclusão de cláusula para extinção unilateral do contrato pela seguradora
Lula passa por cirurgia em São Paulo para drenagem de hematoma decorrente do acidente em outubro; presidente segue internado
Maiores detalhes serão informados em entrevista coletiva prevista para as 9h, no Hospital Sírio-Libanês, Unidade Bela Vista
AGU e Eletrobras (ELET3) avançam nas negociações sobre governança da companhia; ações saltam 6% na bolsa hoje
A Eletrobras (ELET3) segue em uma disputa nos tribunais sobre a governança da empresa; veja o que diz a AGU sobre um comunicado de hoje
A dura realidade matemática: ou o Brasil acerta a trajetória fiscal ou a situação explode
Mercado esperava mensagem clara de responsabilidade fiscal e controle das contas públicas, mas o governo falhou em transmitir essa segurança