Na torcida por Brumadinho, mas também pelo Ibovespa
A queda da ação da Vale deve segurar o Ibovespa e atrasar a chegada a tão sonhada marca de 100 mil pontos. Mesmo assim, o mercado vai seguir. Os fundamentos que o alimentam o bull market ainda estão valendo.

Essa história de escrever coluna é um problema: fechei o texto na quinta (dia 24) antes da tragédia de Brumadinho. Nesta segunda, as ações da Vale (VALE3) fecharam em queda de 24,5% e, como representam quase 10% do índice, não teve jeito: o Ibovespa fechou em queda de 2,3%.
Ficamos um pouquinho mais longe dos 100 mil pontos e, certamente, muito mais tristes com o novo desastre, que tem potencial para ser a maior tragédia brasileira em termos de perdas de vidas humanas.
Imagino que o segundo rompimento de barragem em minas brasileiras em um espaço tão curto de tempo vai deixar marcas profundas em todo o setor. Procedimentos serão revistos, taxas de desconto e múltiplos ajustados.
Mas, com todo respeito às vítimas e a todos os envolvidos na tragédia, o mercado vai seguir em frente, ainda que preocupado e na torcida por boas notícias vindas de Minas, me permito seguir otimista. Se não fosse a Vale puxar o Ibovespa ladeira abaixo, talvez tivéssemos visto um novo recorde no pregão de ontem. Sim, eu ainda acredito que a bolsa brasileira tem um bom espaço para avançar.
A editora Marina Gazzoni me perguntou depois do tombo da bolsa nesta segunda-feira se eu mantinha a posição que afirmei neste texto. Para quem não quiser ler agora, eu basicamente cito boas razões para o amigo investidor entrar na bolsa brasileira em 2019.
O que vem depois do recorde?
Na última semana, o que vimos na bolsa foi uma sequência de recordes. E toda vez que isso acontece começam os papinhos sobre vender, reduzir, ser cauteloso.
Leia Também
Vejo, incrédulo, alguns gestores de ações assustados com a alta, reduzindo posição. Há até comentários de que investidores gringos estariam esperando uma correção para entrar na brincadeira.
Essa história de esperar uma queda para entrar em um momento melhor é uma besteira sem tamanho!
“O difícil é decidir se compra ou não. O preço é o de menos” – repetia um gestor de recursos com quem trabalhei.
Se você gosta de um ativo e acha que tem potencial para subir, compre! Ficar esperando uma queda de 5% ou 10% não vai dar certo. Quem garante que vai cair? Pode começar a subir sem parar e, quando a Bolsa estiver em 120 mil pontos e o dólar a R$ 3,2, o gringo medroso vai ficar chupando o dedo.
Simplificando: se gosta, compre.
Segundo ponto (e esse me parece mais relevante): se você realmente é um investidor de Bolsa, acredita nas ações como classe de ativo, não deveria se preocupar com essa de “máxima histórica”.
Se Bolsa é bom, tem quem render. As empresas têm que crescer, os lucros têm que aumentar, as ações têm que subir e o índice tem que andar. O movimento pode não ser linear, podemos ter longos períodos de vacas magras e de sofrimento. Mas, no fim das contas, o índice tem que subir e, de tempos em tempos, renovar suas máximas.
TODO DIA o rendimento acumulado do CDI bate um novo recorde. Você não vê gestor de fundo DI preocupado que a cota do fundo está no recorde!
Oras, se você investe em alguma coisa, qualquer coisa, espera que aquilo se valorize – não deveria ficar surpreso ou apreensivo porque estamos acima do que estávamos há mais de dez anos! É justamente por isso que você investe, cazzo!
Onde fica o topo?
Essa questão da máxima é bem relativa. Vimos as manchetes dos jornais e sites de notícias destacando esse número. Só que tem um detalhe: AINDA ESTAMOS BEM LONGE DO RECORDE!
Quando olhamos para o Ibovespa nominal e em reais, de fato estamos ali flertando com as máximas históricas e, mais legal, batendo na porta dos 100 mil pontos.
Mas, quando começamos a aprofundar um pouco a análise, vemos que a história é um pouco diferente: em dólares, estamos bem abaixo do recorde de maio de 2008.
Se atualizarmos os valores nominais pela inflação, temos resultados parecidos, o que é o mesmo que dizer que, em termos REAIS, também estamos longe do recorde histórico. Corrigindo pelo IPCA, a máxima de maio de 2008 fica em R$ 133,4 mil pontos, quase 40% acima dos 97 mil pontos atuais. Em português bem claro: quem comprou Ibovespa em maio de 2008 e segurou até hoje PERDEU dinheiro.
Para piorar um pouco: se, no dia 20 de maio de 2008, você tivesse aplicado no CDI os R$ 73.516,81 que valia o Ibovespa, teria hoje R$ 210.317. Quem se manteve no Ibovespa, tem alguma coisa perto de R$ 97 mil.
Reajustando o valor de maio de 2008 por alguns indicadores, dá para ver que ainda há um longo caminho para frente.
Isso, de forma alguma, quer dizer que a Bolsa vai chegar rapidamente em 210 mil pontos. Mas, quer dizer que já estivemos muito mais otimistas do que estamos hoje, a despeito do que as manchetes de jornal, e os mais pessimistas, deixam transparecer.
Não sei quando e nem se o Ibovespa chegará aos 100 mil pontos, 200 mil ou 300 mil, mas tenho certeza de que, sim, há um bom espaço pela frente – a retomada da economia está ainda no começo e os efeitos de uma verdadeira guinada liberal podem ser muito maiores do que podemos imaginar. Pode até ser que nada dê certo e entremos num buraco sem tamanho nos próximos meses, mas isso nada tem a ver com o nível de preços atual.
Então vamos combinar uma coisa. Se alguém vier te falar em recorde, mude de assunto. Se alguém investe em algo e fica assustado quando sobe, bom da cabeça não é.
Me acorde quando a Bolsa estiver nos 200 mil pontos!
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
Mobly (MBLY3) expõe gasto ‘oculto’ da Tok&Stok: R$ 5,2 milhões para bancar plano de saúde da família fundadora — que agora tem cinco dias para devolver o dinheiro
Em comunicado, a Mobly destaca que os pagamentos representam mau uso de recursos da companhia, conflito de interesses e violação da governança corporativa
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como fica a bolsa no feriado? Confira o que abre e fecha na Sexta-feira Santa e no Dia de Tiradentes
Fim de semana se une à data religiosa e ao feriado em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira para desacelerar o ritmo intenso que tem marcado o mercado financeiro nos últimos dias
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Fim da linha para a Vale (VALE3)? Por que o BB BI deixou de recomendar a compra das ações e cortou o preço-alvo
O braço de investimentos do Banco do Brasil vai na contramão da maioria das indicações para o papel da mineradora
EUA aprovam bolsa de valores focada em sustentabilidade, que pode começar a operar em 2026
A Green Impact Exchange pretende operar em um mercado estimado em US$ 35 trilhões
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump