Fundos ampliam aposta contra o dólar desde o fim de 2018
Posição vendida do investidor institucional, que ganha com a queda na cotação da moeda americana, soma US$ 34,5 bilhões. No futuro de Ibovespa estrangeiro alivia a mão

O leitor que nos acompanha já deve estar cansado de ler que a cotação do dólar é formada no mercado futuro, pois é lá na B3 que bancos, fundos de investimento e estrangeiros protegem suas exposições em outros mercados e montam apostas direcionais na moeda americana.
O acompanhamento sistemático das posições não tem o sonhado poder preditivo, mas ajuda a saber onde estamos, ajudando a entender quais os movimentos mais prováveis dentro de um mercado conhecido por sua imprevisibilidade.
O que os futuros nos mostram é uma intensificação na atuação dos fundos de investimento na ponta de venda da moeda americana. Desde o último pregão de 2018 e em todos os pregões de 2019, o investidor institucional ampliou sua “aposta” na queda do dólar.
A posição vendida líquida, que considera dólar futuro e cupom cambial (DDI, juro em dólar), aumentou em US$ 8 bilhões nesse período e soma US$ 34,5 bilhões. São US$ 12,5 bilhões em dólar futuro e outros US$ 22 bilhões em cupom cambial.
Ampliando a janela de análise, os fundos carregam posição vendida em dólar futuro desde o começo de outubro. Entre o fim de setembro e começo de outubro, eles chegaram a carregar posição comprada, no que pode ser visto como um movimento defensivo antes das eleições. No fim de novembro e fim de dezembro, ocorreram duas movimentações que podem ser vistas como realização de lucros (compra de contratos) ou ajuste mensal de carteira provocado pela Ptax de fim de mês.
No ano até o pregão de ontem, o dólar acumula uma queda de 4,5%, sendo negociado na linha de R$ 3,70, que tem se mostrando difícil de romper para baixo. O ponto é que quanto mais o dólar cai, mais os fundos vendem. O que se tenta adivinhar é quando esse movimento para e, por isso, das diferentes avaliações sobre o dólar ir R$ 3,30, R$ 3,50, R$ 3,60 ou ficar rondando os R$ 3,70.
Leia Também
O mercado futuro é um jogo se soma zero, se os fundos vendem outro agente compra. E a principal contraparte é o investidor estrangeiro, que ensaiou uma virada de mão no fim de 2018, mas já segue firme na ponta de compra, carregando posição líquida total comprada de US$ 34,9 bilhões.
A posição do estrangeiro é composta por US$ 5,7 bilhões em dólar futuro e outros US$ 29,2 bilhões em cupom cambial. Em 10 de dezembro, a posição líquida total bateu recorde a US$ 41,7 bilhões.
A avaliação de ganhadores e perdedores nesse mercado é sempre feita em tese, pois não sabemos a que preço as posições foram montadas e se esses agentes possuem exposição ao dólar no mercado à vista e de balcão. Mas teríamos os fundos ganhando com a queda do dólar e os estrangeiros aguentando o ajuste diário na sua “aposta” contra o real.
Outro agente relevante nesse mercado são os bancos, mas desde o fim do ano passado a exposição total vem sendo reduzida. Os bancos seguem vendidos liquidamente em US$ 2,4 bilhões, são US$ 8,3 bilhões vendidos em cupom cambial descontados de US$ 5,9 bilhões comprados em dólar futuro. Em meados de dezembro essa posição vendida chegou aos US$ 17 bilhões.
Sabemos que os bancos também carregam uma expressiva posição vendida no mercado à vista, na casa dos US$ 25 bilhões, reflexo do fluxo cambial negativo do fim do ano passado somado às atuações do BC no mercado via leilões de linha com compromisso de recompra.
As linhas atualmente em aberto somam US$ 12,25 bilhões e têm vencimentos no começo de fevereiro e de março. O BC decidirá se deixa as linhas vencerem, o que representa um efeito compra no mercado, ou se renova as operações via rolagens. Podemos esperar algum aumento pontual de volatilidade em função disso no fim de janeiro e de fevereiro.
Ibovespa futuro
No mercado de índice futuro do Ibovespa, principal índice de ações da B3, o investidor estrangeiro aliviou o movimento de venda de contratos. Depois de marcar 164.902 contratos vendidos, maior em mais de uma década, em 9 de janeiro, a posição recuou brevemente a 157.128 contratos.
Na ponta de compra estão os fundos com 149.182 contratos, também um pouco menor que os 158.264 do dia 9.
Uma forma de ler as posições no Ibovespa futuro é como uma proteção (hedge) às oscilações no mercado à vista. O investidor está comprado em bolsa no mercado à vista e vai proteger essa exposição no mercado futuro vendendo contratos de Ibovespa.
No entanto, o mercado também opera o Ibovespa futuro com um ativo em si, podendo montar apostas de alta (comprado) ou de queda (vendido).
Na semana passada, discutimos se o estrangeiro estava ou não pessimista com a bolsa brasileira.
Após o ‘dia D’ das tarifas de Trump, ativo que rende dólar +10% pode proteger o patrimônio e gerar lucros ‘gordos’ em moeda forte
Investidores podem acessar ativo exclusivo para buscar rentabilidade de até dólar +10% ao ano
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA
As únicas ações que se salvaram do banho de sangue no Ibovespa hoje — e o que está por trás disso
O que está por trás das únicas altas no Ibovespa hoje? Carrefour sobe mais de 10%, na liderança do índice
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Cardápio das tarifas de Trump: Ibovespa leva vantagem e ações brasileiras se tornam boas opções no menu da bolsa
O mais importante é que, se você ainda não tem ações brasileiras na carteira, esse me parece um momento oportuno para começar a fazer isso
Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos
A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump
Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro
Bitcoin (BTC) em queda — como as tarifas de Trump sacudiram o mercado cripto e o que fazer agora
Após as tarifas do Dia da Liberdade de Donald Trump, o mercado de criptomoedas registrou forte queda, com o bitcoin (BTC) recuando 5,85%, mas grande parte dos ativos digitais conseguiu sustentar valores em suportes relativamente elevados
Obrigado, Trump! Dólar vai à mínima e cai a R$ 5,59 após tarifaço e com recessão dos EUA no horizonte
A moeda norte-americana perdeu força no mundo inteiro nesta quinta-feira (3) à medida que os investidores recalculam rotas após Dia da Libertação
Embraer (EMBR3) tem começo de ano lento, mas analistas seguem animados com a ação em 2025 — mesmo com as tarifas de Trump
A fabricante de aeronaves entregou 30 aviões no primeiro trimestre de 2025. O resultado foi 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado
O Dia depois da Libertação: bolsas globais reagem em queda generalizada às tarifas de Trump; nos EUA, Apple tomba mais de 9%
O Dia depois da Libertação não parece estar indo como Trump imaginou: Wall Street reage em queda forte e Ibovespa tem leve alta
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA