Gestora de fundos criada por Paulo Guedes tem retorno de seis vezes com investimento na Afya
Fundo da Crescera, que teve o ministro como sócio até a ida dele para o governo, investiu pouco mais de R$ 600 milhões e detém hoje 37,5% do capital do grupo de educação voltado a cursos de medicina Afya. Essa participação agora é avaliada em aproximadamente R$ 3,6 bilhões
Se ainda é cedo para avaliar o trabalho de Paulo Guedes no governo, o ministro da Economia acaba de passar com louvor em um teste dos tempos em que atuou como gestor de fundos. O investimento realizado na Afya, grupo de educação voltado a cursos de medicina, obteve até o momento um retorno que já chega a seis vezes o capital investido.
Você não leu errado. O dinheiro investido pela gestora criada por Guedes na Afya, que abriu o capital no mês passado na bolsa americana Nasdaq, multiplicou-se por seis.
O aporte na empresa de educação foi realizado pelo fundo captado em 2015 pela Bozano Investimentos, que mudou de nome para Crescera após a ida de Paulo Guedes para o governo Bolsonaro.
A gestora investiu pouco mais de R$ 600 milhões e detém hoje 37,5% do capital da Afya, uma empresa criada neste ano a partir da união da NRE Educacional, maior grupo de faculdade de Medicina do país, com a Medcel, marca de cursos digitais preparatórios para provas de residência médica.
Depois do IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da empresa na Nasdaq, essa participação – que ainda não foi vendida – passou a ser avaliada em aproximadamente US$ 960 milhões (R$ 3,6 bilhões).
Os cálculos do retorno obtido pela Crescera foram feitos a meu pedido por uma fonte do mercado de “private equity”, como são conhecidos os fundos investem na compra de participações em empresas, com o objetivo de vendê-las com lucro no futuro. Os números têm com base as cotações de quarta-feira do dólar e das ações da Afya na bolsa americana.
Leia Também
Ou seja, quem deixou seu dinheiro aos cuidados do “Posto Ipiranga” de Bolsonaro não tem do que reclamar. Infelizmente, esse é um tipo de aplicação restrita aos chamados investidores profissionais, que detêm pelo menos R$ 10 milhões para investir.
Isso porque, como toda aplicação com perspectiva de retornos elevados, o risco também é altíssimo. Além disso, não há liquidez. Ou seja, os investidores só têm os recursos devolvidos depois do prazo de duração do fundo, o que costuma levar de oito a dez anos.
O fundo tem entre os principais cotistas a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, o BNDES e o grupo de mídia alemão Bertelsmann, além do dinheiro de famílias milionárias.
A gestora que tinha o ministro entre os sócios se especializou em investir em empresas na área de educação, como a Abril Educação e a Ânima. Apesar dos bons resultados para os cotistas, a atuação de Guedes no mercado de compra de participações em empresas atraiu a atenção do Ministério Público.
Em outubro, logo depois do primeiro turno das eleições presidenciais, o MP do Distrito Federal abriu uma investigação para investigar supostas irregularidades nos investimentos realizados nas empresas HSM, de educação executiva, e na Enesa, de engenharia. Procurado, o MP informou que as investigações continuam em andamento e correm em sigilo.
Taxa de performance no bolso
O desempenho final do investimento do fundo de Paulo Guedes na Afya só será conhecido quando a participação for vendida. A gestora optou por não se desfazer de seus papéis no IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações).
A decisão se mostrou correta. A ação da Afya estreou no dia 19 de julho valendo US$ 19. Na última quarta-feira, os papéis já haviam se valorizado para o patamar de US$ 28,50.
Mas nem todo o retorno obtido com esse investimento vai parar no bolso dos cotistas. Os gestores de private equity cobram dos investidores uma taxa de performance quando o retorno ultrapassa o indicador de referência (benchmark).
Pelos cálculos da minha fonte, a Crescera deve levar para casa aproximadamente R$ 820 milhões pelo desempenho acima da meta obtido pelo fundo. Ainda assim, a rentabilidade líquida para os cotistas deve ficar em algo como 4,6 vezes o capital investido.
A dúvida que fica é se Paulo Guedes terá direito a uma parte do que a Crescera tem a receber, já que o investimento na Afya foi feito quando ele fazia parte do quadro de sócios. Ele deixou a gestora em dezembro, depois de aceitar o convite de Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Economia. Eu procurei a Crescera, mas a gestora informou que não tem por hábito comentar assuntos ou negócios que ainda não tenham sido finalizados.
Tudo incerto, nada resolvido: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho e dificultam a vida do Ibovespa em dia de agenda vazia
Fora alguns balanços e o Livro Bege do Fed, investidores terão poucas referências em dia de aversão ao risco lá fora
Banco da Amazônia (BAZA3) contrata bancos para possível reabertura de capital na bolsa; saiba mais sobre o potencial re-IPO
Bank of America, Citigroup, XP, Caixa Econômica Federal e UBS farão, em conjunto, estudos para preparar e analisar a viabilidade de uma oferta pública de distribuição primária de ações do Basa
IPO da Moove cancelado: o que esse episódio ensina para os investidores sobre a compra e a venda de ações?
Se tem uma lição que podemos aprender com a Cosan, controladora da Moove, é que este não é o momento de vender ativos
Vamos ao que interessa: Depois de perder o suporte de 130 mil pontos, Ibovespa tenta recuperação em dia de inflação nos EUA
Além dos números da inflação ao consumidor norte-americano, o Ibovespa também reage hoje aos dados do varejo no Brasil
O Brasil está arriscado demais até para quem é grande? Por que a Cosan (CSAN3) desistiu do IPO da Moove, mantendo a seca de ofertas de ações
Na época da divulgação da operação, a unidade de negócios de lubrificantes informou que mirava uma cotação entre US$ 14,50 e US$ 17,50 na oferta, que seria precificada nesta quarta-feira (09)
Quanto vale a dona do ChatGPT? Microsoft, Nvidia e outros gigantes da tecnologia bancam captação multibilionária da OpenAI; confira os valores
A Thrive Capital, investidora anterior, liderou a rodada, que também contou com a participação de Microsoft, Nvidia, SoftBank e fundos de investimentos
Em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio, Ibovespa reage à alta do petróleo e à elevação do rating do Brasil
Agência Moody’s deixou o rating soberano do Brasil a apenas um degrau do cobiçado grau de investimento — e a perspectiva é positiva
Cosan (CSAN3) pode embolsar quase R$ 900 milhões com IPO da Moove nos EUA
Após a oferta de ações em Nova York, a Cosan manterá o controle da Moove, com uma participação que pode variar entre 60,4% e 57,6%
Com janela de IPOs fechada na B3, Oceânica fecha captação de mais de R$ 2 bilhões com bonds em dólar no exterior
A própria Oceânica chegou a iniciar os estudos para realizar um IPO na bolsa brasileira em janeiro deste ano
Barrados no baile: Ibovespa passa ao largo da euforia em Wall Street com juros em direções opostas no Brasil e nos EUA
Projeções de juros ainda mais altos no futuro próximo pressionam as taxas dos DIs e colocam o Ibovespa em desvantagem em relação a outras bolsas
B3 não tem nenhum IPO há mais de 3 anos — e isso é uma boa notícia para esta empresa
Último IPO na B3 ocorreu em agosto de 2021; juros altos estão entre as causas dessa “seca” de novas empresas na bolsa
Dia de uma super decisão: bolsas amanhecem voláteis em meio à espera das decisões sobre juros no Brasil e EUA
Enquanto as apostas de um corte maior crescem nos Estados Unidos, por aqui o Banco Central está dividido entre manter ou elevar a Selic
Não é a Nvidia: Amazon fecha parceria multibilionária com outra gigante para a fabricação de chips de IA
Parceria da Amazon Web Services (AWS) com esta outra big tech pode transformar um estado dos EUA em uma potência de inteligência artificial
Gigante de eletrodomésticos da China, Midea Group faz maior IPO do ano em Hong Kong — mesmo com economia e bolsas patinando
A listagem de US$ 3,98 bilhões da Midea ultrapassou a oferta pública inicial de US$ 315 milhões da Sichuan Baicha Baidao Industrial, gigante chinesa de lojas de chá, em abril
Na batalha da inteligência artificial, duas fabricantes de chips farão IPO na China para concorrer com a Nvidia
Movimento vem em meio a incentivos do governo chinês para a indústria local, enquanto os EUA impõem sanções para empresas como Huawei
Fundadora do ChatGPT pode ser avaliada em quase R$ 850 bilhões — e se consolidar entre as empresas mais valiosas do mundo
Empresa está planejando uma nova rodada de captação de recursos, que pode incluir investimentos de big techs como Apple, Microsoft e Nvidia
CVM abre consulta pública para regras que facilitam o acesso de empresas de menor porte à bolsa e ao mercado de emissão de dívida
Por meio do FÁCIL – Facilitação do Acesso a Capital e de Incentivo a Listagens – autarquia quer aumentar o acesso de empresas com faturamento até R$ 500 milhões ao mercado de capitais
O Goldman Sachs alerta: Wall Street recuperou a confiança rápido demais depois da forte queda no S&P 500 no início de agosto
Expectativa de corte de juros e dados econômicos fortes fizeram o mercado se recuperar rapidamente, mas é preciso tomar cuidado para não repetir erros do passado, diz diretor do banco americano
Um mercado atado: Ibovespa busca impulso na Vale e na alta do petróleo com investidores à espera da ata do Fed
Vindo de dois recordes seguidos de fechamento, Ibovespa vem surfando expectativa de corte de juros nos Estados Unidos
Nova janela de IPOs: Brasil tem pelo menos 60 empresas que podem abrir capital na B3 — presidente da CVM revela o que falta para as ofertas de ações voltarem de vez
Executivos do Bank of America, Bradesco Asset, Goldman Sachs e do Santander Brasil revelaram as perspectivas para o cenário financeiro do Brasil no próximo ano. Confira