Ibovespa acentua ganhos e se firma nos 112 mil pontos; Copom, S&P e Trump dão força ao mercado
O Ibovespa já se aproxima dos 112 mil pontos, impulsionado pelos sinais do BC quanto ao futuro da Selic, pela visão positiva da S&P Global em relação ao Brasil e por declarações de Donald Trump no âmbito da guerra comercial
Os mercados financeiros domésticos assumem um tom de comemoração, com o Ibovespa subindo e renovando as máximas. Os sinais do Copom quanto ao futuro da Selic, a postura otimista da S&P Global em relação ao Brasil e o tom animador de Donald Trump nas negociações com a China, somados, injetam ânimo nos investidores nesta quinta-feira (12).
Por volta de 17h00, o Ibovespa avançava 1,14%, aos 112.223,91 pontos — na máxima, tocou os 112.298,12 pontos, um novo recorde intradiário. O dólar à vista fechou em queda de 0,62%, a R$ 4,0935, marcando a oitava baixa na moeda americana nas últimas nove sessões.
Ontem, o Copom cumpriu as expectativas do mercado e cortou a Selic em mais 0,5 ponto, levando a taxa básica de juros ao patamar de 4,5% ao ano. Em seu comunicado, o BC não fechou a porta para uma baixa de 0,25 ponto no início de 2020, mas sinalizou que o ciclo de alívio monetário está perto do fim.
O tom assumido pela instituição foi elogiado pelo mercado: economistas e analistas disseram que o BC cumpriu bem o papel de ancorar as expectativas, por mais que não tenha cravado o próximo passo.
A autoridade afirmou que vê a Selic em 4,5% ao ano no fim do ano que vem, uma indicação que traz clareza quanto aos objetivos a serem perseguidos — restam apenas "ajustes finos" no curto prazo.
A concretização do corte de 0,5 ponto, somado às sinalizações positivas do Copom em relação ao futuro, já seriam suficientes para trazer bom humor às negociações nesta quinta-feira. No entanto, um fator surpresa contribui para melhorar ainda mais os ânimos por aqui: a elevação da perspectiva do rating do Brasil pela S&P Global.
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A nota do país continuam em "BB-", três níveis abaixo do grau de investimento. No entanto, a perspectiva passou de "estável" para "positiva" — ou seja, a agência vê um cenário favorável para o país e indica que, na próxima revisão, o rating do Brasil tende a melhorar.
"O mercado está num tom mais positivo. A redução nos juros veio como era esperado pelo mercado, e a S&P causa um impacto positivo", diz Gabriel Machado, analista da Necton Investimentos. "Nos Estados Unidos, a decisão de juros também ficou em linha com as expectativas, os receios de recessão por lá têm se dissipado"
Animação no exterior
Lá fora, o clima é igualmente festivo nas bolsas: o Dow Jones opera em alta de 0,74%, o S&P 500 tem ganho de 0,76% e o Nasdaq avança 0,57% — o que coopera para que o Ibovespa consiga ganhar terreno sem maiores preocupações.
Esse otimismo visto nos mercados de Nova York está relacionado à guerra comercial, mais especificamente a uma manifestação do presidente americano, Donald Trump. Ainda durante a manhã, ele foi ao Twitter para falar sobre o atual estado das negociações com a China — e o tom usado pelo republicano animou os agentes financeiros:
"Estamos chegando muito perto de um grande acordo com a China. Eles querem, e nós também queremos!", escreveu o presidente americano.
O humor dos agentes financeiros melhorou ainda mais nesta tarde, após a Bloomberg reportar que os negociadores dos Estados Unidos fecharam os termos da primeira fase de um acordo comercial com a China — faltaria apenas o aval do presidente Trump para o acerto ser concretizado.
O timing para o fechamento de um acerto entre Washington e Pequim é crucial para os mercados, uma vez que, no próximo domingo (15), o governo dos EUA começará a aplicar uma nova rodada de sobretaxas às importações da China — e, desta vez, as tarifas incidirão sobre produtos populares, como smartphones e laptops.
Assim, os investidores aguardam ansiosamente o anúncio de algum tipo de acordo entre as partes, de modo a suspender ou prorrogar a aplicação dessas taxas — o que traria um enorme alívio aos mercados financeiros no mundo. E o tuíte de Trump vai exatamente nessa direção.
A manifestação do presidente americano também trouxe alívio às negociações de câmbio: o dólar passou a cair com maior intensidade em escala global, tanto em relação às moedas fortes quanto as de países emergentes.
Essa movimentação também foi refletida por aqui, levando o dólar à vista à faixa de R$ 4,09 — mais cedo, a divisa apenas flutuava ao redor da estabilidade, com um leve viés negativo.
Varejo e construção em alta
Por aqui, ações do setor de varejo e construção civil dominam a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira. De acordo com Machado, a perspectiva de manutenção da Selic em patamares baixos por um período prolongado dá ânimo a esses ativos, mais sujeitos aos ciclos da economia local.
"O cenário de juros baixos é bom para o consumo, já que o crédito fica mais barato. Também há o lado do endividamento dessas empresas: taxas menores reduzem as despesas financeiras, o que se traduz em mais lucro", diz o analista da Necton.
Entre as varejistas, Via Varejo ON (VVAR3) opera em alta de 6,40%, GPA PN (PCAR4) avança 3,23% e Lojas Americanas PN (LAME4) tem ganho de 5,26%; entre as construtoras, MRV ON (MRVE3) e Cyrela ON (CYRE3) são os destaques, com valorizações de 6,26% e 2,46%, respectivamente.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis com as maiores altas do Ibovespa nesta quinta-feira:
- Via Varejo ON (VVAR3): +6,40%
- MRV ON (MRVE3): +6,26%
- Lojas Americanas PN (LAME4): +5,26%
- B2W ON (BTOW3): +4,06%
- Usiminas PNA (USIM5): +4,03%
Confira também as ações com os piores desempenhos do índice:
- Sabesp ON (SBSP3): -4,07%
- JBS ON (JBSS3): -0,79%
- Marfrig ON (MRFG3): -0,72%
- Qualicorp ON (QUAL3): -0,58%
- BRF ON (BRFS3): -0,47%
Juros em queda
Os sinais emitidos pelo Copom, não descartando a possibilidade de mais um corte de 0,25 ponto na Selic no início de 2020, provocaram ajustes negativos na ponta curta da curva de juros. No vértice longo, o tom também foi negativo, mas, nesse caso, a reação se deve mais à visão otimista da S&P para o futuro do país.
Veja como ficaram os principais DIs nesta quinta-feira:
- Janeiro/2020: de 4,42% para 4,40%;
- Janeiro/2021: de 4,61% para 4,54%;
- Janeiro/2023: de 5,74% para 5,75%;
- Janeiro/2025: de 6,35% para 6,34%;
- Janeiro/2027: de 6,70% para 6,68%.
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