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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Pré-feriado

Em mais um dia fraco, Ibovespa fecha em leve alta; Magazine Luiza é destaque positivo

Com o cenário político parado, o noticiário corporativo e os balanços despontaram como principais fatores de influência para o Ibovespa. Mas a cautela antes do feriado limitou eventuais ganhos

Victor Aguiar
Victor Aguiar
30 de abril de 2019
10:29 - atualizado às 18:49
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa
O Ibovespa teve mais um dia praticamente estável - Imagem: Seu Dinheiro

O Ibovespa vive dias de marasmo. Como um barco à deriva, o índice apenas flutua, sem sair muito do lugar.

E isso porque os ventos que vinham de Brasília pararam de soprar nesta semana. O feriado de 1º de maio esvaziou a capital e colocou o noticiário político em ponto morto — deixando os mercados sem combustível.

O comportamento do Ibovespa evidencia a importância do cenário político para a bolsa brasileira. O índice encerrou o pregão de hoje em leve alta de 0,17%, aos 96.353,33 pontos, fechando o mês de abril com ganho acumulado de 0,98% — ao longo do dia, oscilou numa faixa relativamente estreita, entre 95.61324 pontos (-0,6%) e 06.706,71 pontos (+0,54%).

Com isso, o índice chega ao quarto pregão consecutivo na casa dos 96 mil pontos — ontem, quando o front político já dava sinais de paralisação quase completa, o Ibovespa fechou em queda de 0,05%, aos 96.187,75 pontos.

O dólar à vista exibe um comportamento parecido. Hoje, teve queda de 0,5%, a R$ 3,9212, acumulando alta de 0,13% no mês — é a décima sessão seguida em que a moeda americana fica acima dos R$ 3,90.

Sonolência

Em linhas gerais, o tom foi de cautela por aqui. Às vésperas do feriado de 1º de maio e com o noticiário político praticamente parado, operadores destacam que o mercado fica "sem referência" — ou seja, sem ímpeto para buscar patamares mais altos, mas também sem motivo para promover correções mais bruscas.

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A única novidade de Brasília veio do presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PR-AM). Ele fechou um cronograma de trabalho, que será apresentado formalmente na próxima terça-feira (7). O desenho pretendido é de realizar audiências públicas ao longo do mês de maio e debater matéria em junho.

Mas essa notícia não foi capaz de dar grande ânimo às negociações hoje, como destaca Álvaro Frasson, analista da Necton. Ele ainda pondera que os dados da Pnad Contínua contribuíram para aumentar o receio do mercado — o Brasil ficou com uma taxa de desocupação em 12,7% no trimestre encerrado em março.

Nesse contexto, o noticiário corporativo local ganhou importância hoje, gerando movimentações em alguns ativos do Ibovespa. Os balanços trimestrais do Santander Brasil, Gol, CCR, Raia Drogasil, Ecorodovias e Multiplan apareceram entre os destaques do dia, assim como a compra da Netshoes pelo Magazine Luiza.

Olho no exterior

Lá fora, o tom misto das bolsas americanas não ajudou a dar sustentação a bolsa brasileira. O Dow Jones (+0,15%) e o S&P 500 (+0,1%) até fecharam no campo positivo, mas o Nasdaq (-0,66%) teve uma correção intensa.

O exterior ainda trouxe um segundo foco de preocupação: a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), amanhã — data em que a maioria dos mercados globais estará fechada, inclusive no Brasil.

Apesar de não serem esperadas mudanças na taxa de juros dos Estados Unidos na reunião desta quarta-feira, há grande expectativa em elação a eventuais declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, a respeito do futuro da política monetária do país — o que sempre traz cautela aos mercados.

"Você não vai fazer posição e arriscar alguma coisa para amanhã. É melhor ficar quieto e voltar na quinta", diz um operador. "A bolsa ficou sem aquele espírito comprador hoje".

No mercado de câmbio, o dólar começou o dia ganhando terreno em relação às divisas emergentes, mas não sustentou esse desempenho: a moeda americana perdeu espaço ante o peso mexicano, peso colombiano, peso chileno e rand sul-africano — e o real também seguiu essa tendência, virando para queda no início da tarde.

As curvas de juros acompanham o comportamento do dólar e fecharam em queda: os DIs para janeiro de 2021 caíram de 7,14% para 7,12%, os DIs para janeiro de 2023 recuaram de 8,26% para 8,23% e os para janeiro de 2025 foram de 8,78% para 8,75%.

Magalu em festa

As ações ON do Magazine Luiza (MGLU3) subiram 7,14% nesta terça-feira e lideraram os ganhos do Ibovespa, após a companhia acertar a compra da Netshoes por US$ 62 milhões.

Analistas receberam positivamente a notícia, destacando o potencial de diversificação da plataforma online do Magazine Luiza com a incorporação da Netshoes. No entanto, também ressaltaram que ressaltam que a empresa não tem um histórico relevante de crescimento via fusões e aquisições, e que as dificuldades enfrentadas pelo site de artigos esportivos podem trazer "distrações".

Além disso, também coopera para dar ânimo aos papéis a decisão judicial que considerou inconstitucional a inclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base de cálculo do PIS e da COFINS — a empresa estima que os créditos corrigidos representem cerca de R$ 750 milhões.

CCR sobe, Ecorodovias cai

As ações das empresas do setor de concessões de infraestrutura apresentaram desempenhos distintos hoje, após ambas divulgarem seus resultados trimestrais: enquanto CCR ON (CCRO3) subiu 1,21%, Ecorodovias ON (ECOR3) caiu 1,7%.

A CCR encerrou o primeiro trimestre de 2019 com lucro líquido de R$ 358,1 milhões, queda de 19,9% ante o mesmo período do ano passado. Em relatório, o Safra considerou os resultados como "neutros" e em linha com as estimativas — para o banco, o foco do mercado permanece no fortalecimento da governança corporativa da companhia e o apetite por novos investimentos.

Já a Ecorodovias viu seu lucro líquido cair 42,4% na mesma base de comparação, para R$ 84,2 milhões. Para o UBS, o balanço da empresa foi "decepcionante", abaixo das estimativas do banco e do consenso do mercado.

E o Santander?

O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial R$ 3,485 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa um avanço de 21,9% em relação ao mesmo período de 2018 — resultados considerados positivos por analistas.

As units da empresa (SANB11) até chegaram a subir 1,57% logo após a abertura. No entanto, perderam força ainda durante a manhã, terminando o dia com baixa de 1,72%.

Gol reage mal

Gol PN (GOLL4) recuou 0,96% após a empresa registrar prejuízo líquido de R$ 32,3 milhões no entre janeiro e março de 2019, revertendo o lucro líquido de R$ 142,3 milhões registrado há um ano.

Em relatório, o BTG Pactual afirma que os resultados da Gol ficaram em linha com os dados divulgados na prévia operacional, sem mostrar grandes surpresas. O banco ainda destaca que a companhia aérea atualizou suas perspectivas para 2019 e 2020, projetando leve crescimento na capacidade, mas com dinâmica similar de rentabilidade.

Outros balanços

A operadora de shoppings Multiplan terminou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 91,9 milhões, queda de 6,3% em um ano — as ações ON da empresa (MULT3) caíram 0,79% hoje. O Itaú BBA destacou a desaceleração das vendas no conceito mesmas lojas (SSS) para 2,1%.

Já Raia Drogasil ON (RADL3) teve alta de 1,3% após a companhia registrar recuo de 13% no seu lucro líquido na mesma base de comparação, para R$ 105,4 milhões. Para o BTG, a recuperação no SSS da empresa foi uma surpresa positiva, embora o lucro líquido tenha ficado abaixo do esperado.

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