Com uma semana escorregadia à frente, o Ibovespa desacelerou e fechou em leve baixa
Uma possível limitação dos fluxos de investimentos americanos para a China trouxe cautela aos mercados e fez o Ibovespa virar ao campo negativo
Há duas maneiras de se interpretar o comportamento do Ibovespa nesta sexta-feira (27) — o principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 0,23%, aos 105.077,63 pontos.
- LANÇAMENTO: Pela primeira vez um curso completo de análise gráfica acessível para qualquer pessoa. Apenas 97 vagas no preço promocional. Veja agora
Por um lado, o patamar dos 105 mil pontos foi sustentado, apesar do ligeiro viés negativo — é apenas a quarta vez na história que o Ibovespa consegue terminar um pregão nesta faixa. Desde segunda-feira, o índice acumulou um ganho de 0,25%, marcando a quinta semana consecutiva de alta.
Mas, por outro, a bolsa brasileira chegou a operar no campo positivo durante a manhã — no melhor momento do dia, subiu 0,30%, aos 105.632,94 pontos. A virada ao terreno negativo ocorreu no início da tarde, quando notícias pouco animadoras no front da guerra comercial aumentaram a aversão ao risco no mundo.
Tanto o copo meio cheio quanto o meio vazio tem argumentos válidos. Os otimistas defendem que, apesar das instabilidades no exterior, a perspectiva de mais cortes de juros no Brasil — conforme sinalizado pelo BC tanto na ata da última reunião do Copom quanto no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) — e a expectativa de reaquecimento na economia local dão suporte à bolsa.
Já os cautelosos mostram-se bastante inseguros quanto ao que pode acontecer nas disputas comerciais entre Estados Unidos e China e na tramitação da reforma da Previdência pelo Senado — a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que daria sinal verde para que o texto fosse votado em plenário foi adiada para a semana que vem.
E, como ambos os lados tem seus pontos a serem considerados, o resultado foi misto: os otimistas mantém o Ibovespa em níveis elevados, mas os cautelosos impedem que o índice continue ganhando terreno, com medo dos eventuais problemas que podem surgir à frente.
Leia Também
Afinal, é bom lembrar que os mercados da China ficarão fechados na semana que vem, em função de um feriado local — fator que tende a diminuir a liquidez nas bolsas globais e trazer marasmo às negociações de commodities. Além disso, cresce a apreensão em relação às conversas no front da guerra comercial.
Por um lado, Pequim e Washington bateram o martelo e decidiram que a nova rodada formal de negociações começará em 10 de outubro — portanto, após o feriado chinês. Mas, por outro, uma notícia publicada nesta tarde pela Bloomberg foi determinante para azedar o humor das bolsas globais.
De acordo com a agência, a Casa Branca estaria avaliando mecanismos para limitar os fluxos de investimentos americanos para a China — um sinal de que a relação entre os dois países não está tão pacífica assim. Desta maneira, muitos agentes financeiros preferiram reduzir a exposição ao risco, com medo de eventuais desdobramentos negativos na próxima semana.
Como resultado, as bolsas americanas fecharam em queda nesta sexta-feira: o Dow Jones recuou 0,26%, o S&P 500 teve baixa de 0,53% e o Nasdaq caiu 1,13% — os três índices acumularam perdas na semana.
E, é claro: a abertura de um processo de impeachment contra o presidente americano, Donald Trump, contribui para trazer ainda mas instabilidade ao cenário internacional no longo prazo, considerando que os Estados Unidos estão no início de um ciclo eleitoral. Trata-se de mais um fator que diminui o conforto dos agentes financeiros.
E a Previdência?
As novas regras da aposentadoria, que pareciam um fator já superado pelos mercados, voltaram a trazer turbulência às negociações nesta semana. Analistas e operadores indicaram que, por mais que a aprovação da reforma da Previdência no Senado seja considerada como praticamente certa, os atrasos vistos nesta semana não são um bom sinal.
A tramitação pelo Senado era vista como uma etapa mais protocolar — a Câmara era vista como o capítulo mais crítico. No entanto, os recentes desentendimentos entre governo e Congresso parecem estar prejudicando a velocidade de discussão do projeto entre os senadores.
Novamente: o mercado segue confiante quanto à aprovação do texto, sem grandes desidratações. Mas essas postergações acabam jogando para frente os próximos pontos da pauta econômica do governo, o que, ao fim do dia, também faz com que a retomada da economia local fique mais lenta.
Assim, os mercados estarão atentos às movimentações e Brasília na terça-feira (1), data em que a CCJ do Senado deve se reunir novamente para falar sobre a Previdência. Caso o texto consiga avançar, os mercados certamente ficarão mais aliviados; mas, caso as discussões emperrem novamente, o humor do Ibovespa deve azedar.
Dólar e juros de lado
O mercado de câmbio não foi diretamente afetado pela onda de aversão ao risco que atingiu as bolsas nesta sexta-fera. O dólar à vista não cedeu à cautela e fechou a sessão com leve recuo de 0,17%, a R$ 4,1552 — na semana, a divisa ficou praticamente estável, acumulando ligeira valorização de 0,04%.
No exterior, o tom foi de calmaria generalizada no mercado de moedas: o dólar ficou no zero a zero em relação às divisas fortes e apresentou oscilações tímidas na comparação com as de países emergentes — teve leve baixa em relação ao real, ao peso mexicano e ao peso chileno, e exibiu ganhos discretos ante o rublo russo e o rand sul-africano.
Esse contexto de maior tranquilidade no dólar à vista fez com que as curvas de juros ficassem praticamente inalteradas nesta sexta-feira. Na ponta curta, por exemplo, os DIs com vencimento em 2021 recuaram de 4,97% para 4,96%.
No vértice mais longo, o viés também foi ligeiramente negativo: as curvas para janeiro de 2023 caíram de 6,09% para 6,06%, e as com vencimento em janeiro de 2025 foram de 6,69% para 6,66%.
Reviravolta nos céus
O setor aéreo foi o destaque do Ibovespa nesta sexta-feira, reagindo ao anúncio de que a Delta acertou a compra de 20% da Latam e que, consequentemente, irá encerrar sua parceria com a Gol, em que possui uma fatia de 9,4% — não está claro se a companhia americana irá se desfazer dessa participação.
Como resultado, as ações PN da Gol (GOLL4) caíram 6,51% e lideraram as perdas do Ibovespa, seguidas por Smiles ON (SMLS3), em baixa de 5,04%. Azul PN (AZUL4) recuou 0,50%.
Agenda econômica: IPCA-15 e dados do Caged são destaques no Brasil; no exterior, PIB e PCE dos EUA dominam semana com feriado
Feriado do Dia de Ações de Graças nos EUA deve afetar liquidez dos mercados, mas agenda econômica conta com dados de peso no exterior e no Brasil
Com lucro em alta, dividendos mais do que triplicam no 3T24. Confira quem foram as vencedoras e perdedoras da safra de resultados na B3
Os proventos consolidados de empresas da bolsa brasileira chegaram a R$ 148,5 bilhões em setembro, um salto de 228% comparado ao 3T23, de acordo a Elos Ayta Consultoria
Dividendos da Vale (VALE3), guinada da Embraer (EMBR3) e disparada da Oi (OIBR3): as mais lidas da semana no Seu Dinheiro
Matérias sobre empresas abertas em bolsa e suas ações foram as preferidas dos leitores do SD entre as publicadas na semana que passou
Nem BBDC4, nem SANB11: ‘para investir bem na bolsa você não precisa correr grandes riscos’, diz analista ao recomendar bancão ‘em promoção’
Analista explica por que vê a ação do Itaú (ITUB4) como a melhor dentre os “bancões” da bolsa brasileira
Dividendos e JCP: Banco do Brasil (BBAS3) vai depositar mais R$ 1 bilhão aos acionistas; BB já havia anunciado mais de R$ 2,7 bilhões neste mês
A bolada, que corresponde a R$ 0,17649109403 por ação ordinária, será paga a título de remuneração antecipada relativa ao quarto trimestre de 2024
Ação da CBA ganha fôlego na bolsa e sobe quase 6% após venda de participação da Alunorte; chegou a hora de incluir CBAV3 na carteira?
A siderúrgica se desfez da participação acionária na companhia, de 3,03%, por R$ 236,8 milhões para a Glencore
Ações da Petrobras (PETR4) saltam até 6% na bolsa e lideram altas do Ibovespa; analistas enxergam espaço para dividendos ainda maiores em novo plano estratégico
O detalhamento do plano estratégico 2025-2029 e um anúncio complementar de R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários impulsionam os papéis da petroleira hoje
Por que a JBS (JBSS3) anunciou um plano de investimento de US$ 2,5 bilhões em acordo com a Nigéria — e o que esperar das ações
O objetivo é desenvolver um plano de investimento de pouco mais de R$ 14,5 bilhões em cinco anos para a construção de seis fábricas no país africano
Vitória da Eletronuclear: Angra 1 recebe sinal verde para operar por mais 20 anos e bilhões em investimentos
O investimento total será de R$ 3,2 bilhões, com pagamentos de quatro parcelas de R$ 720 milhões nos primeiros quatro anos e um depósito de R$ 320 milhões em 2027
Angústia da espera: Ibovespa reage a plano estratégico e dividendos da Petrobras (PETR4) enquanto aguarda pacote de Haddad
Pacote fiscal é adiado para o início da semana que vem; ministro da Fazenda antecipa contingenciamento de mais de R$ 5 bilhões
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo e supera a taxa Selic, diz Inter; título emitido há 20 anos rendeu 1.337%
Apesar de volatilidade no curto prazo, em janelas de tempo maiores, título indexado à inflação é bem mais rentável que a taxa básica
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Em recuperação judicial, AgroGalaxy (AGXY3) planeja grupamento de ações para deixar de ser ‘penny stock’; saiba como será a operação
Empresa divulgou um cronograma preliminar após questionamentos da B3 no início deste mês sobre o preço das ações ordinárias de emissão da varejista
Inter (INBR32) projeta Ibovespa a 143.200 mil pontos em 2025 e revela os setores que devem puxar a bolsa no ano que vem
Mesmo com índice pressionado por riscos econômicos e valuations baixos, o banco estima que o lucro por ação da bolsa deve crescer 18%
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos