Ibovespa cai 5,45% na semana após turbilhão político; dólar vai a R$ 3,90
A crise política ganhou um novo episódio e trouxe mais pessimismo ao mercado. E o exterior piorou ainda mais um dia que já era ruim
O início e o fim da semana nos mercados:
Segunda-feira, 18 de março: o mercado comemora a chegada do Ibovespa ao nível inédito dos 100 mil pontos, no auge da empolgação com a reforma da Previdência.
Sexta-feira, 22 de março: angustiado com a (falta de) articulação política, o mercado assume um tom de extrema cautela e o Ibovespa despenca mais de 3%, ao nível dos 93 mil pontos.
Esses dois cenários, aparentemente contraditórios, dão uma boa ideia do que foi a semana. Do êxtase dos 100 mil pontos à perplexidade com o noticiário político, o mercado precisou rever seu plano de voo. E a correção na trajetória foi brusca.
O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira em forte queda de 3,1%, aos 93.735,16 pontos, a maior baixa percentual desde 6 de fevereiro, quando caiu 3,74%. Com a perda de hoje, o principal índice da bolsa brasileira amargou um recuo de 5,45% no acumulado da semana — uma diferença de quase 7 mil pontos em relação à máxima intradiária histórica, aos 100.438,87 pontos, registrada na terça-feira (19).
O dólar à vista não ficou para trás: encerrou o dia em alta de 2,65%, a R$ 3,9016, avançando 2,12% desde segunda-feira.
Leia Também
E como o mercado sofreu essa reviravolta?
Tudo começou na quarta-feira, quando o tom "ameno" da proposta de revisão da previdência dos militares trouxe desconforto ao mercado e aumentou a percepção de que a reforma como um todo poderia ser enfraquecida. Em Brasília, o texto também não foi bem recebido: as críticas à articulação política do governo começaram a ganhar volume.
Na quinta-feira, a prisão do ex-presidente Michel Temer trouxe mais um foco de apreensão: a tramitação da reforma seria afetada pelo evento? E, hoje, a tensão chegou ao ápice, com as ameaças do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o tom também muito negativo dos mercados globais.
De acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo", Maia estaria ameaçando deixar a articulação política da Previdência, em meio aos desentendimentos com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e desgastes com o filho do presidente, Carlos Bolsonaro.
O presidente da Câmara até chegou a afirmar, via Twitter, que nunca deixaria de defender a reforma, o que trouxe um leve alívio aos mercados no fim desta manhã. Mas, no início da tarde, ele voltou a dar declarações fortes à imprensa — e o dia, que já estava ruim, ficou ainda pior.
"Não acho que essa crise vai chegar ao ponto de o Maia realmente largar tudo, mas essa situação, essa ameaça, incomoda bastante", diz um operador, classificando o presidente da Câmara como "o grande articulador da Previdência". Para ele, o papel de Maia é particularmente importante num contexto em que o próprio presidente, Jair Bolsonaro, hesita em defender a pauta da Previdência de maneira mais enfática.
"O mercado questiona as condições para o avanço das reformas. A articulação política está demorando demais", diz Ari Santos, gerente da mesa de operações da H. Commcor.
O dia também foi de ajustes expressivos nos DIs: as curvas com vencimento em janeiro de 2020 avançaram de 6,355% para 6,48%, e as com vencimento em janeiro de 2021 sobem de 6,871% para 7,14%. Entre os DIs longos, as correções foram ainda maiores: as curvas para janeiro de 2023 tiveram alta de 7,942% para 8,29%.
Exterior muito ruim
E, como se esse quadro não bastasse, os ventos vindos de fora também foram desfavoráveis nesta sexta-feira, em meio aos temores crescentes de fraqueza no ritmo de crescimento da economia mundial — a Alemanha e os Estados Unidos divulgaram hoje dados decepcionantes de atividade em março.
O Dow Jones caiu 1,77%, o S&P 500 recuou 1,9% e o Nasdaq teve perda de 2,5%. Na Europa, o Stoxx 600 fechou em queda de 1,22%.
"Se não tivesse nada acontecendo no Brasil, o dia já seria negativo por causa do exterior. Mas veio toda essa nuvem negra na política, essa falta de capacidade de articulação, e o mercado aproveita para vender", diz Álvaro Frasson, analista da Necton Investimentos.
Petróleo vai mal... e a Petrobras também
Esse turbilhão político afetou negativamente quase todas as ações do Ibovespa, mas alguns papéis foram particularmente mal. É o caso das ações ON da Petrobras, que caíram 4,77%, enquanto as PNs recuaram 5,46%. Além do noticiário local negativo, os ativos da estatal foram afetados pela queda de mais de 1,5% do petróleo WTI.
Bancos? Nem pensar
Os bancos também sofreram com esse movimento de aversão ao risco. As ações PN do Bradesco recuaram 3,53% e os ativos PN do Itaú Unibanco tiveram perda de 2,95% — na semana, esses papéis acumularam queda de mais de 8%.
Para Frasson, da Necton, o setor bancário é particularmente afetado por sua grande importância na composição do Ibovespa. "Se alguém quer vender Brasil, vende banco", diz ele, destacando que a falta de drivers positivos mais evidentes para o segmento bancário faz com que eles estejam particularmente expostos neste momento.
"A Petrobras ainda tem questões próprias, como a cessão onerosa e o plano de desinvestimentos", diz ele — no acumulado da semana, as ações da Petrobras tiveram perdas de 2% a 5%, desempenho bem melhor que o dos bancos.
Altas isoladas
Somente duas duas ações do Ibovespa fecharam em alta hoje: Kroton ON (+0,37%) e Suzano ON (+1,19%). Operadores e analistas destacam que o viés exportador da Suzano faz com que ela se beneficie do dólar na faixa de R$ 3,90. "Nesses momentos de incerteza local e dólar forte, as exportadoras são um hedge natural", diz um operador.
Natura conversa com Avon — e despenca
As ações ON da Natura ampliaram as perdas na reta final do pregão e fecharam em queda de 7,78%, após a empresa confirmar que está em discussões com a Avon Products a respeito de uma possível transação envolvendo as companhias.
CCR cai após balanço
As ações ON da CCR aparecem entre os piores desempenhos do Ibovespa, em queda de 4,96%, após apresentar resultados trimestrais que ficaram abaixo do esperado pelos analistas ouvidos pela Bloomberg. A companhia registrou queda de 56,5% no lucro líquido no ano de 2018 e fechou em R$ 782,7 milhões. No quarto trimestre, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 307,1 milhões e, com isso, reverteu lucro de R$ 329,1 milhões apresentado no mesmo período de 2017.
Lojas Americanas e B2W seguem em baixa
As ações PN da Lojas Americanas (-8,1%) e as ON da B2W (-9,09%) sofreram pelo segundo dia, após divulgarem seus balanços trimestrais na noite de quarta-feira — analistas destacaram que os resultados trouxeram pontos decepcionantes. O Itaú BBA, por exemplo, cortou ainda ontem as recomendações de ambos os papéis para "market perform", classificação semelhante à neutro.
Frasson ressalta que o setor de varejo como um todo reage mais rapidamente às expectativas do mercado em relação à atividade econômica — mais cedo, o ministério da Economia revisou para baixo a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, de 2,5% para 2,2%. "E Lojas Americanas e B2W, como divulgaram balanços não tão bons recentemente, acabam sofrendo mais".
Dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4): conselho aprova o pagamento de R$ 20 bilhões; veja quem tem direito ao provento
Além dos proventos anunciados hoje, estatal já aprovou R$ 17,12 bilhões em dividendos referentes ao terceiro trimestre de 2024
Inter (INBR32) projeta Ibovespa a 143.200 mil pontos em 2025 e revela os setores que devem puxar a bolsa no ano que vem
Mesmo com índice pressionado por riscos econômicos e valuations baixos, o banco estima que o lucro por ação da bolsa deve crescer 18%
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Petrobras (PETR4) antecipa plano de investimentos de US$ 111 bilhões com ‘flexibilidade’ para até US$ 10 bilhões em dividendos extraordinários
A projeção de proventos ordinários prevê uma faixa que começa em US$ 45 bilhões; além disso, haverá “flexibilidade para pagamentos extraordinários de até US$ 10 bilhões”
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias