Ibovespa fecha acima dos 100 mil pontos pela primeira vez na história
O Federal Reserve (Fed) deixou a porta aberta para um corte de juros no futuro e animou os mercados globais. E esse impulso foi suficiente para fazer o Ibovespa chegar ao nível recorde
Quem acompanha o Seu Dinheiro sabe que eu sou o responsável pela cobertura dos mercados financeiros, com destaque para as idas e vindas do Ibovespa e do dólar à vista. E, logo no meu primeiro dia de trabalho aqui — 18 de março — o principal índice da bolsa brasileira chegou aos 100 mil pontos.
Mas eu não vou mentir, dizendo que foi uma espécie de batismo de fogo: neste primeiro dia, eu basicamente só conheci a redação e meus novos colegas — e resolvi trâmites burocráticos. Não coloquei a mão na massa, mas tudo bem: o índice não conseguiu se sustentar nos 100 mil pontos até o fechamento.
No dia seguinte, contudo, lá estava eu, telefonando para as fontes e acompanhando o minuto a minuto dos mercados. E, naquele 19 de março, o Ibovespa também chegou aos 100 mil pontos na máxima intradiária, mas, assim como na sessão anterior, perdeu força ao longo do dia e encerrou abaixo da marca histórica.
Era uma questão de tempo para que o índice conseguisse terminar um pregão na casa dos três dígitos. E esse tempo durou exatamente três meses: nesta quarta-feira (19), o Ibovespa finalmente ultrapassou a barreira e encerrou aos 100.303,41 pontos, uma alta de 0,90% — nova máxima histórica de fechamento.
No melhor momento do dia, o índice chegou a tocar os 100.327,20 pontos (+0,93%). No entanto, engana-se quem pensa que a sessão foi positiva desde o início. Até às 15h00, o Ibovespa oscilava perto da estabilidade, com eve viés negativo, e só deu a arrancada definitiva nas últimas duas horas de pregão.
O dólar à vista passou por trajetória semelhante: a moeda americana operava em alta até o meio da tarde, mas perde força no meio da tarde e encerrou em queda de 0,30%, a R$ 3,8492. O mercado de juros também foi afetado, com um movimento de fechamento das curvas, tanto na ponta curta quanto na longa.
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E o divisor de águas para a sessão desta quarta-feira foi um fator externo. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) divulgou sua decisão de política monetária — e as sinalizações do BC americano agradaram os mercados.
Cortes no horizonte
Conforme era esperado pelo mercado, o Fed manteve os juros dos Estados Unidos na faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano. A instituição, contudo, deixou a porta aberta para um movimento de corte nas taxas no futuro, em meio aos sinais de desaquecimento da economia americana.
Entre outros pontos, o Fed disse que irá acompanhar "de perto" as implicações de novas informações sobre o cenário econômico, atuando "de forma apropriada" para sustentar a expansão da atividade. O comunicado ainda cita uma taxa "moderada" da atividade econômica — anteriormente, a expansão era considerada "sólida".
"A manutenção da taxa nesta reunião era esperado, mas eles também disseram que as incertezas aumentaram", diz Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset. "Eles também retiraram a menção ao termo 'paciente', o que indica uma postura mais suave, mais aberta a cortes de juros".
Para Victor Cândido, economista-chefe da Guide Investimentos, o saldo da decisão de política monetária do Fed foi bastante positivo para os mercados globais, destacando a redução de projeção para inflação — medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) — em 2019, de 1,8% para 1,5%.
Cândido ainda ressalta que um dos dirigentes do Fed — James Bullard, da divisão de St. Louis — já defendeu um corte de juros nesta reunião, dando força à leitura de que a instituição está inclinada a promover um movimento de ajuste negativo nas taxas num futuro próximo.
Um cenário de corte de juros nos Estados Unidos diminui o retorno dos investimentos em ativos americanos. Nesse contexto, os agentes financeiros globais ficam mais dispostos a assumirem riscos e alocarem recursos em mercados emergentes, como o Brasil, uma vez que esses mercados têm retornos mais atraentes.
Assim, juros mais baixos nos Estados Unidos sustentam um movimento de otimismo na bolsa brasileira e fazem o dólar perder força em relação às moedas emergentes e de países mais ligados às commodities — e o real se enquadra nesse perfil.
As bolsas americanas também reagiram positivamente às sinalizações do Fed. O Dow Jones fechou o pregão desta quarta-feira em alta de 0,15%, o S&P 500 avançou 0,31% e o Nasdaq teve ganho de 0,42% — os três índices ficaram perto do zero a zero durante a primeira parte da sessão.
No Brasil, os mercados seguem aguardando a decisão do Copom a respeito da taxa Selic, a ser divulgada apenas depois do encerramento do pregão. E, assim como no caso do Fed, a expectativa é pela manutenção das taxas, mas com alguma sinalização de ajuste negativo no futuro.
Trimestre de expectativas
Diversos fatores, domésticos e externos, fizeram com que o Ibovespa postergasse por três meses o recorde dos 100 mil pontos no fechamento.
De janeiro a março, os mercados navegaram por águas tranquilas: aqui dentro, o otimismo em relação à reforma da Previdência pautou as negociações e, lá fora, os mercados se recuperavam após a correção intensa vista no fim de 2018.
Como resultado, o Ibovespa saiu do nível dos 87 mil pontos no fim de 2018 e tocou os 100 mil pontos em 18 e 19 de março. Mas, a partir daí, os mares ficaram mais agitados.
No Brasil, diversas crises de articulação política entre governo e Congresso fizeram os mercados atravessarem períodos de dúvida quanto ao futuro da reforma da Previdência — e trouxeram forte volatilidade às negociações. Em maio, por exemplo, o Ibovespa chegou a tocar o patamar de 89 mil pontos.
Mas, aos trancos e barrancos, a revisão nas regras da aposentadoria foi avançando. De lá para cá, a proposta enviada pelo governo já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, no momento, está em análise na comissão especial da Casa.
O relator do texto, Samuel Moreira, já entregou seu parecer, e o governo agora corre para ter o documento votado pelo colegiado e pelo plenário da Câmara ainda no primeiro semestre. A articulação entre governo e Congresso ainda exibe atritos constantes, mas, em linhas gerais, o mercado mostra-se confiante quanto à aprovação de uma reforma da Previdência com potência fiscal e dentro de um cronograma não muito alongado.
No exterior, a guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a esquentar nos últimos meses. As duas potências chegaram a ficar perto de um acordo, mas novas tarifas protecionistas foram adotadas por ambos os lados — e, embora haja a perspectiva de um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping no fim deste mês, durante a cúpula do G-20, a questão parece longe de uma resolução.
Esse cenário de tensões comerciais no exterior parece influenciar cada vez mais uma desaceleração econômica em escala global. Na Europa, a zona do euro mostra há meses certa estagnação da atividade, e, na China, os dados de produção industrial e de PIB também dão indícios de enfraquecimento.
Os Estados Unidos também passam por um momento de fraqueza nos dados econômicos. E, nesse contexto, há uma pressão sobre os principais bancos centrais do mundo para a adoção de uma política monetária estimulativa, com cortes de juros sincronizados.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, deu indicações ontem de que a instituição poderá seguir esse caminho — e o Fed, hoje, adotou postura semelhante. E essas sinalizações foram fundamentais para dar força aos mercados globais nesta semana, contribuindo para levar o Ibovespa aos 100 mil pontos.
De olho no Copom
No Brasil, a expectativa em relação à decisão do Copom também mexeu com os mercados nesta quarta-feira. E, assim como no caso do Fed, as apostas apontam para a manutenção na taxa Selic, mas com alguma sinalização de ajuste negativo no futuro.
"Acredito que o comunicado deva vir mais propenso a uma queda da Selic na próxima reunião", diz Álvaro Frasson, analista da Necton, afirmando que um corte dos juros já na reunião de hoje seria surpreendente.
Para Frasson, caso o Copom assuma um tom semelhante ao do último encontro, dando a entender que não há espaço para redução de juros sem a aprovação da reforma da Previdência, os agentes financeiros devem reagir negativamente na sexta-feira — amanhã, os mercados estarão fechados em função do feriado.
Influenciada pela expectativa em relação ao Copom e pela sinalização do Fed no meio da tarde, a curva de juros passou por ajustes. Os DIs operaram em alta durante a primeira parte da sessão, mas perderam força com as indicações do BC americano.
Na ponta curta, as curvas para janeiro de 2021 ainda fecharam em leve alta de 6,02% para 6,03%. No vértice longo, contudo, os DIs com vencimento em janeiro de 2023 viraram e fecharam em queda de 6,96% para 6,91%; as curvas para janeiro de 2025 também terminaram o dia em baixa, de 7,50% para 7,42%.
Deu ruim?
A Gol e a Smiles não conseguiram chegar a um acordo sobre a reestruturação societária e deram fim às negociações — e, como resultado, as ações da empresa do setor de fidelidade tiveram o pior desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira.
Os papéis ON da Smiles (SMLS3) fecharam em queda de 4,14% — mais cedo, os ativos chegaram a cair 11,63%. Já Gol PN (GOLL4) virou e terminou em alta de 2,72%.
Para analistas, a reação especialmente negativa das ações da empresa do setor de fidelidade se deve a um detalhe do comunicado emitido mais cedo pelas companhias. No documento, a Gol diz que o fim das negociações não altera a decisão de não renovar o contrato operacional e de prestação de serviços com a Smiles.
Assim, pairam dúvidas quanto ao futuro da empresa, uma vez que as passagens aéreas da Gol respondem pela maior parte dos resgates de milhas da Smiles.
Benefício fiscal
Na ponta oposta do Ibovespa, destaque para as ações ON da Natura (NATU3), que avançaram 5,27% e lideram as altas do índice. O bom desempenho se deve a uma decisão judicial favorável à empresa: segundo o jornal Valor Econômico, a companhia obteve o direito de excluir 60% das despesas com pesquisa e desenvolvimento tecnológico da base de cálculo do IR e CSLL.
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