Tensão no Oriente Médio? ‘Don’t worry, be happy’, canta o Ibovespa
Apesar das instabilidades no exterior, o Ibovespa conseguiu fechar em alta firme e chegou ao maior nível desde 18 de julho. O bom desempenho das ações dos bancos, varejistas e construtoras compensou a queda da Petrobras
No início da semana, tudo levava a crer que o Ibovespa e as bolsas globais teriam dias de estresse pela frente. Ataques às refinarias de petróleo na Arábia Saudita, tensão no Oriente Médio, decisões de juros nos EUA e no Brasil na quarta-feira (16)... com esse noticiário, era de se esperar que a aversão ao risco tomasse conta das negociações.
Mas, enquanto o mundo se debruçava em mais uma possível crise do petróleo, um assovio começou a ressoar pela sala dos mercados financeiros. E quem estava lá, no canto, todo tranquilo, era o Ibovespa — mostrando que não estava tão preocupado assim com o clima lá fora.
O principal índice da bolsa brasileira até arriscou alguns versos:
Here's a little song I wrote
You might want to sing it note for note
Don't worry, be happy
E, de fato, o Ibovespa seguiu à risca o conselho de Bobby McFerrin: não se preocupou e foi feliz na sessão desta terça-feira (17). Tanto é que encerrou o pregão em alta de 0,90%, aos 104.616,86 pontos, praticamente na máxima do dia — é o maior nível de encerramento desde 18 de julho.
Vale lembrar que na segunda-feira (16), dia em que os mercados financeiros enfrentaram enorme pressão por causa do noticiário do Oriente Médio, o Ibovespa também fechou em alta — ok, um ganho modesto de 0,17%, mas, ainda assim, um desempenho positivo.
Leia Também
É claro que a forte volatilidade vista no petróleo nos últimos dias afetou a bolsa brasileira, especialmente as ações da Petrobras. No entanto, analistas e operadores destacam que, em meio à nebulosidade vista lá fora, os agentes financeiros colocaram as fichas nas empresas mais expostas à economia doméstica.
Além disso, há ampla confiança de que o Copom irá promover um novo corte de 0,5 ponto na Selic na reunião de amanhã, levando a taxa básica de juros a um novo piso histórico, de 5,5% ao ano — por aqui, há o entendimento de que a redução ajudará a injetar ânimo na atividade local.
Mas, independente desse contexto, vamos entender melhor a dinâmica desta terça-feira. Afinal, notícias vindas da Arábia Saudita provocaram intensa movimentação nos ativos globais — embora o Ibovespa tenha permanecido tranquilão, sem se preocupar...
Petróleo nos holofotes
Assim como ontem, a situação no Oriente Médio dominou as atenções dos mercados financeiros. Contudo, o noticiário contribuiu para amenizar parte das preocupações dos agentes financeiros em relação à dinâmica de preços do petróleo.
Ainda durante a manhã, uma notícia da agência Reuters afirmava, citando fontes ligadas à Saudi Aramco — a petroleira saudita cujas refinarias foram alvo de ataques aéreos no fim de semana —, que a produção de petróleo do país voltaria ao ritmo normal entre duas e três semanas.
Essa previsão surpreendeu positivamente o mercado, uma vez que analistas e especialistas acreditavam que levaria meses para que a Arábia Saudita conseguisse voltar a produzir petróleo nos níveis de antes do ataque. Com isso, os preços da commodity passaram a cair com maior força, dada a perspectiva de retomada da oferta do produto.
Durante a tarde, as autoridades sauditas deram declarações confirmando o noticiário — o governo local disse que o país irá restaurar "em breve" a maior parte de sua produção de petróleo, ressaltando ainda que o fornecimento da commodity aos clientes já está nos patamares normais.
Com isso, as cotações do petróleo recuaram ainda mais: o Brent terminou o dia em queda de 6,48%, enquanto o WTI recuou 5,66%. Vale lembrar, contudo, que os preços saltaram mais de 14% na segunda-feira (16) — assim, apesar da baixa de hoje, a commodity ainda não voltou ao patamar da semana passada.
As sinalizações oficiais serviram para acalmar parcialmente o mercado, dando a entender que a dinâmica do petróleo tende a se normalizar no curto prazo. No entanto, as incertezas quanto a uma potencial escalada nas tensões no Oriente Médio continuaram inspirando cautela aos agentes financeiros.
Assim, as bolsas americanas não conseguiram engatar ganhos relevantes, de olho em eventuais notícias que possam dar maior clareza a respeito da situação na região — rebeldes do Iêmen assumiram a autoria aos ataques às instalações da Aramco, mas a Arábia Saudita e os EUA acusam o Irã de estar por trás das ações.
Ao fim do dia, o Dow Jones teve leve alta de 0,13%, o S&P 500 subiu 0,26% e o Nasdaq registrou ganho de 0,40%. Com isso, os dois primeiros índices seguem acumulando desempenho negativo na semana, enquanto o terceiro conseguiu virar e, agora, tem ligeira valorização nos dois primeiros pregões da semana.
Otimismo local
A correção nos preços do petróleo puxou as ações da Petrobras ao campo negativo: os papéis PN da estatal (PETR4) caíram 1,32%, enquanto os ONs (PETR3) recuaram 1,55%, entre os piores desempenhos do Ibovespa nesta terça-feira.
Os ativos da Petrobras não reagiram apenas às cotações da commodity. Os agentes financeiros também mostraram-se receosos em relação à política de preços da companhia: ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse ter conversado com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e afirmou que a estatal não deve mudar o preço dos combustíveis no momento.
De acordo com Bolsonaro, a tendência é seguir o preço internacional, mas como o evento é atípico, a Petrobras não deve mudar o preço. A declaração volta a levantar dúvidas quanto à política de preços da estatal e a real capacidade da empresa repassar as oscilações do dólar e do petróleo aos seus produtos.
"A Petrobras fica entre a cruz e a espada. Ou ela agrada os caminhoneiros, ou agrada o mercado — e eu acho que, no momento, ela vai agradar os caminhoneiros", disse um operador, que prefere não ser identificado.
Mas, apesar das perdas nas ações da estatal, o Ibovespa conseguiu registrar ganhos expressivos, influenciado pelo bom desempenho dos papéis de empresas mais expostas ao cenário doméstico. Nesse grupo, destacaram-se os ativos do setor bancário e das varejistas.
Entre os bancos, Bradesco PN (BBDC4) subiu 2,67%, Bradesco ON (BBDC3) avançou 1,17% e Banco do Brasil ON (BBAS3) teve alta de 1,39%; já as units do Santander Brasil (SANB11) e as ações PN do Itaú Unibanco (ITUB4) tiveram ganhos 1,35% e 0,37%, respectivamente.
No varejo, Lojas Americanas PN (LAME4) e B2W ON (BTOW3) foram os destaques, com altas de 2,52% e 1,47%, nesta ordem. Também fecharam em alta Lojas Renner ON (LREN3) (+1,50%) e Via Varejo ON (VVAR3) (+0,29%)
Para Gabriel Machado, analista da Necton, os agentes financeiros mostraram-se mais otimistas em relação às empresas mais ligadas ao mercado interno. Considerando a nebulosidade no exterior e as perspectivas ainda positivas em relação à economia doméstica, essas empresas acabaram tendo a preferência dos investidores.
Também entre as empresas domésticas que foram indo bem na bolsa, atenção para os setores de construção civil e de shoppings centers. No primeiro, MRV ON (MRVE3) disparou 7,12% e liderou os ganhos do Ibovespa, enquanto Cyrela ON (CYRE3) subiu 4,72%; no segundo, Iguatemi ON (IGTA3) e Multiplan ON (MULT3) avançaram 2,93% e 2,39%, respectivamente.
Fed e Copom no horizonte
Toda a instabilidade no petróleo ocorre às vésperas das decisões de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Copom — as taxas de juros dos dois países serão conhecidas nesta quarta-feira (18). E, embora os mercados apostem em cortes nos dois países, a tensão no Oriente Médio eleva o nervosismo dos agentes financeiros.
Afinal, ainda há incerteza quanto aos eventuais efeitos da volatilidade nos preços da commodity para a economia global — caso o preço do petróleo mantenha-se em níveis elevados, há quem fale em maiores pressões inflacionárias, mas também há quem acredite numa redução maior do ritmo da atividade mundial.
Assim, por mais que a maior parte dos mercados continue acreditando num novo corte de 0,25 ponto nos juros dos EUA, as instabilidades na cotação do petróleo fazem com que os agentes financeiros mostrem-se mais cautelosos, temendo que esse novo fator de incerteza faça com que o Fed opte por uma postura mais cautelosa.
No Brasil, há maior segurança quanto a mais um corte de 0,50 ponto na Selic, levando a taxa básica de juros para uma nova mínima histórica de 5,5% ao ano. "Se vier algo diferente [desses cortes nos juros dos EUA e do Brasil], aí sim o mercado como um todo vai sentir", diz um operador.
Dólar e juros caem
Por aqui, o dólar à vista perdeu força e fechou em queda de 0,29%, a R$ 4,0773. As sinalizações das autoridades sauditas contribuíram para trazer alívio ao câmbio, com a divisa americana passando a cair com maior intensidade em relação às divisas fortes.
Na comparação com as divisas de países emergentes, o comportamento do dólar foi semelhante. Embora a moeda americana tenha se mantido em alta em relação ao peso chileno, ao rublo russo e ao rand sul-africano, houve uma redução nos ganhos ao longo da tarde. Já o peso mexicano acompanhou o real e se valorizou.
Já as curvas de juros fecharam em baixa firme, dada a expectativa de corte da Selic em 0,5 ponto na reunião de amanhã do Copom. Entre os DIs mais curtos, os com vencimento em janeiro de 2020 recuaram de 5,21% para 5,19%, e os para janeiro de 2021 caíram de 5,26% para 5,21%.
No vértice longo, as curvas para janeiro de 2023 foram de 6,38% para 6,27%, e as com vencimento em janeiro de 2025 terminaram em queda de 6,97% para 6,84%.
Aéreas se recuperam
Voltando ao Ibovespa, outro setor que foi bem é o de empresas aéreas. Se ontem esses papéis foram penalizados pela disparada do petróleo, hoje eles subiram forte, respondendo ao recuo da commodity.
Gol PN (GOLL4), por exemplo, avançou 5,55%, enquanto Azul PN (AZUL4) teve ganho de 3,09%, ambas entre as maiores altas do Ibovespa. As companhias aéreas são especialmente sensíveis às oscilações do petróleo, uma vez que o preço do combustível de aviação — uma das principais despesas dessas empresas — dependem do valor da commodity.
Acesso facilitado
A Unidas, empresa de aluguel de veículos, anunciou um desdobramento de seus papéis, na proporção de um para três — a medida tem como objetivo aumentar a liquidez de seus ativos na bolsa. E o mercado reagiu bem à novidade: as ações ON da empresa (LCAM3) fecharam em alta de 1,11%, a R$ 52,70. No ano, os papéis já sobem mais de 40%
Angústia da espera: Ibovespa reage a plano estratégico e dividendos da Petrobras (PETR4) enquanto aguarda pacote de Haddad
Pacote fiscal é adiado para o início da semana que vem; ministro da Fazenda antecipa contingenciamento de mais de R$ 5 bilhões
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo e supera a taxa Selic, diz Inter; título emitido há 20 anos rendeu 1.337%
Apesar de volatilidade no curto prazo, em janelas de tempo maiores, título indexado à inflação é bem mais rentável que a taxa básica
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Em recuperação judicial, AgroGalaxy (AGXY3) planeja grupamento de ações para deixar de ser ‘penny stock’; saiba como será a operação
Empresa divulgou um cronograma preliminar após questionamentos da B3 no início deste mês sobre o preço das ações ordinárias de emissão da varejista
Inter (INBR32) projeta Ibovespa a 143.200 mil pontos em 2025 e revela os setores que devem puxar a bolsa no ano que vem
Mesmo com índice pressionado por riscos econômicos e valuations baixos, o banco estima que o lucro por ação da bolsa deve crescer 18%
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente