Puxado pelos sinais do exterior, o Ibovespa voou alto e retomou os 104 mil pontos
A percepção de que EUA e China têm assumido um tom mais amigável nas negociações comerciais, somada ao pacote de estímulos anunciados pelo BCE, trouxe otimismo ao Ibovespa
Desde o início da semana, sabia-se que o Ibovespa e os mercados globais teriam uma quinta-feira (12) radical. Afinal, o Banco Central Europeu (BCE) divulgaria ainda durante a manhã sua decisão de política monetária, o que poderia trazer impactos relevantes às negociações no mundo todo.
Pois bem: a bolsa brasileira colocou seu paraquedas e amarrou-se pela cintura no barco dos mercados externos. A expectativa era a de um passeio cheio de aventura, mas controlado: no cenário ideal, o BCE anunciaria um pacote de estímulos à economia da região, dando velocidade à embarcação e fazendo o Ibovespa planar no alto.
E, de fato, o plano foi cumprido: o BCE cumpriu as expectativas, o que trouxe uma onda de otimismo aos agentes financeiros globais. O que o Ibovespa não esperava é que um segundo fator externo faria o navio acelerar ainda mais que o previsto — trazendo fortes emoções ao passeio da bolsa brasileira.
O que aconteceu foi que, além das medidas anunciadas pelo Banco Central Europeu, os mercados também repercutiram sinalizações mais amenas no front da guerra comercial. Mas, ao navegar numa velocidade mais rápida, o navio também começou a sofrer com trepidações — gerando turbulência ao voo da bolsa brasileira.
Com isso, o Ibovespa manteve-se em alta durante o dia todo, mas teve que lidar com oscilações bruscas durante toda a manhã — ora estava lá no alto, ora se aproximava da linha d'água. Somente depois das 13h é que o barco dos mercados conseguiu se estabilizar em velocidade de cruzeiro, mantendo a bolsa brasileira numa altura confortável.
Basta ver o gráfico com o andamento do Ibovespa ao longo desta quinta-feira:
Leia Também
O Ibovespa fechou em alta de 0,89%, aos 104.370,91 pontos — o índice não encerrava um pregão acima dos 104 mil pontos desde 8 de agosto. Nos Estados Unidos, as bolsas tiveram comportamento semelhante: após muitas aceleradas e desaceleradas, o Dow Jones (+0,17%), o S&P 500 (+0,32%) e o Nasdaq (+0,30%) terminaram no campo positivo.
Já o dólar à vista teve uma sessão mais contida: a moeda americana até chegou a cair 0,93% na mínima, a R$ 4,0271, mas terminou com uma baixa modesta, de 0,13%, a R$ 4,0597 — o real, assim, ficou descolado das demais moedas emergentes, que se fortaleceram com mais intensidade em relação ao dólar.
Para entender melhor a dinâmica do plano de voo do Ibovespa, é melhor separar os diversos fatores que influenciam o parasailing nesta quinta-feira. Comecemos, então, pela guerra comercial, já que ela é que não estava prevista no roteiro do passeio.
Otimismo turbulento
Na noite passada (11), o presidente Donald Trump foi ao Twitter para anunciar que seria adiado para 15 de outubro o início da aplicação de tarifas adicionais sobre US$ 250 bilhões em produtos importados da China — as sobretaxas começariam a valer no dia 1º do mês que vem.
Esse anúncio foi feito após o governo chinês isentar 16 tipos de mercadorias americanas da lista de produtos que sofrerão tarifas extras para entrar no gigante asiático. Tais desdobramentos aumentaram a percepção de que Washington e Pequim estão se esforçando para que as tensões entre os países não entrem numa espiral ascendente.
"Nos últimos dias, vimos uma troca de afagos entre os dois países. A China também sinalizou que vai comprar mais produtos agrícolas dos EUA", diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "Esse adiamento do Trump é por um prazo pequeno, mas pega exatamente a janela em que devem ocorrer as negociações entre os dois países".
Com isso, os agentes financeiros ficaram mais à vontade para assumir mais riscos durante a manhã desta quinta-feira. E o sentimento de alívio dos mercados em relação à guerra comercial ganhou ainda mais força pouco depois das 11h, em resposta a uma matéria divulgada pela Bloomberg.
Citando "cinco pessoas familiares com o tema", o texto afirmava que a administração Trump discutiu a possibilidade de firmar um "acordo interino" com a China, atrasando ou até diminuindo algumas tarifas em troca de concessões por parte de Pequim. Com isso, o Ibovespa voltou a ganhar altura.
Mas, pouco antes do meio dia, uma segunda notícia quase fez a bolsa brasileira mergulhar: também citando fontes, a rede americana CNBC afirmou que um acordo interino entre EUA e China não está sendo ventilado pelo governo Trump. Em meio à guerra de narrativas, o mercado acabou devolvendo os ganhos registrados minutos antes.
Mas, apesar da incerteza quanto ao que pode estar acontecendo nos bastidores da Casa Branca — e da turbulência vista nos índices acionários —, o fato concreto é o de que Trump adiou o início das taxações extras aos produtos chineses. E, com isso em mente, o barco voltou a acelerar, mas, desta vez, num ritmo mais suave.
Assim, o Ibovespa conseguiu subir novamente — e, desta vez, manteve-se no alto.
Alívio na Europa
Apesar de todas as idas e vindas na guerra comercial, notícias vindas do velho continente ajudaram a manter os ativos globais no campo positivo. Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma série de medidas de estímulos, incluindo corte de juros e a retomada de compras mensais de ativos.
O BCE decidiu cortar sua taxa de depósito, de -0,40% para -0,50%, e manteve a taxa de refinanciamento em 0%. A redução da taxa de depósito foi a primeira desde março de 2016. A autoridade monetária também vai retomar o programa mensal de compra de ativos a partir de novembro, num montante total de 20 bilhões de euros.
"O BCE veio com um tom bastante satisfatório, principalmente porque sinalizou a volta do programa de recompra de ativos. Havia um temor de que embates internos dentro da instituição inviabilizariam a adoção dessa medida", diz Beyruti.
Os estímulos por parte do banco central europeu eram aguardados pelos agentes financeiros, uma vez que as principais economias da região têm dado sinais de desaceleração nos últimos meses. E, com esse pacote no velho continente, cresce a expectativa em relação à decisão do Federal Reserve (Fed).
O BC americano divulgará na semana que vem sua decisão de política monetária, e há a expectativa de que também adote alguma medida para estimular a economia local — os mercados apostam em mais um corte de juros nos EUA, dando continuidade ao movimento da reunião anterior, em julho.
Otimismo no Brasil
Fatores locais também ajudam a dar um impulso extra aos ativos domésticos. Por aqui, o mercado recebeu bem o crescimento de 0,8% no setor de serviços brasileiro em julho ante junho — é a maior taxa desde dezembro de 2018.
Beyruti lembra que o resultado positivo do setor de serviços soma-se ao bom desempenho das vendas do varejo — um surpreendente crescimento de 1% em julho —, o que eleva a percepção de que a economia local começa a dar sinais de recuperação.
E os juros?
Apesar de toda a emoção nos ativos globais durante a manhã, as curvas de juros mantiveram-se relativamente tranquilas, fechando em queda tanto na ponta curta quanto na longa.
Os DIs com vencimento em janeiro de 2020 terminaram em baixa de 5,29% para 5,26%, enquanto os para janeiro de 2021 recuaram de 5,37% para 5,34%; no vértice mais extenso, as curvas para janeiro de 2023 caíram de 6,45% para 6,39%, e as com vencimento em janeiro de 2025 foram de 7,00% para 6,95%.
Mais que amigas, friends
Azul e Embraer apareceram entre as maiores altas do Ibovespa nesta quinta-feira: a fabricante de aeronaves entregou hoje, para a companhia aérea, a primeira unidade do jato comercial E195-E2. Como resultado, Azul PN (AZUL4) subiu 5,39%, enquanto Embraer ON (EMBR3) avançou 4,40%.
Um segundo fator contribuiu para dar força extra aos papéis da fabricante de aeronaves: mais cedo, o UBS elevou para compra a recomendação para os recibos de ações (ADRs) da Embraer, citando potenciais ganhos de valor decorrentes da operação com a Boeing que ainda não foram precificados pelo mercado.
A força do minério
Em meio às sinalizações mais amistosas de Donald Trump em relação à China, o minério de ferro passou por uma forte recuperação nesta quinta-feira: a commodity avançou 4,90% no porto chinês de Qingdao, cotação que serve como referência para o mercado.
O salto no preço do minério deu força às ações da Vale e das siderúrgicas, que são bastante sensíveis às cotações da commodity: Vale ON (VALE3), por exemplo, teve ganho de 3,63%; CSN ON (CSNA3) e Gerdau PN (GGBR4) subiram 2,21% e 2,87%, respectivamente.
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada