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Bolsa e dólar hoje

Ibovespa despenca 3,74% com notícias sobre nova PEC

Investidores farejaram o cheiro da demora nas reformas quando souberam que o governo não vai aproveitar o projeto do ex-presidente Michel Temer

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6 de fevereiro de 2019
10:11 - atualizado às 18:59
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa
A baixa da Vale, ao que parece, contagiou outros setores, principalmente os bancos - Imagem: Seu Dinheiro

Informações de que o governo deve criar uma outra Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em vez de aproveitar o projeto do ex-presidente Michel Temer - e também o novo tombo na ação da Vale - arrastaram a Bolsa de Valores de São Paulo ladeira abaixo hoje. O Ibovespa fechou a quarta-feira na mínima do dia, com queda de 3,74%, a 94.635 pontos, andando quatro casas para trás: o patamar de 98, o de 97, o de 96 - e também o de 95 mil. Foi a maior perda percentual desde 28 de maio do ano passado (-4,49%), durante a greve dos caminhoneiros. O dólar encerrou a jornada em alta de 1,11%, negociado a R$ 3,70. Apenas uma ação ficou no positivo, a Suzano, com ganhos de 1,18% (porque se beneficia com a valorização do dólar, já que exporta muito). A Bovespa também seguiu o exterior, onde o humor foi negativo nas bolsas e o dólar subiu ante outras moedas emergentes.

Previdência

Os investidores farejaram o cheiro da demora nas reformas quando souberam, por meio do Valor Econômico, que o governo deve criar uma outra Proposta de Emenda Constitucional (PEC) em vez de aproveitar o projeto do ex-presidente Michel Temer. Isso deve atrasar a reforma da Previdência. No início da tarde, ao deixar a primeira reunião de líderes da Câmara para definir os temas da Casa, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), disse ser impossível que a reforma da Previdência seja aprovada em apenas dois ou três meses.

Grave

O papel da Vale foi suspenso após a empresa divulgar fato relevante em que confirma a cassação de sua licença pela Superintendência Regional de Meio Ambiente de Minas Gerais para operar a barragem de Laranjeiras, na Mina de Brucutu (MG). No momento (pouco antes de 18h), a ação da mineradora caía 4,05%. Fechou o dia em baixa de 4,88%.

Os motivos da suspensão correm em segredo de Justiça. A Vale havia informado na segunda-feira que a Justiça havia determinado que a mineradora parasse de lançar rejeitos ou praticasse qualquer atividade potencialmente capaz de aumentar os riscos em oito barragens em Minas Gerais, entre elas a de Laranjeiras, que faz parte da mina de Brucutu, a maior da Vale em Minas Gerais.

Além disso, uma troca de e-mails entre profissionais da Vale e duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho mostra, conforme foi divulgado pela Polícia Federal, que, dois dias antes do rompimento, a Vale já havia identificado problemas nos dados de sensores responsáveis por monitorar a estrutura. Os e-mails foram identificados pela PF. Até agora, já a confirmação de 150 mortos e 182 desaparecidos em decorrência do rompimento da barragem.

Ainda foi tornado público que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em decisão no dia 1º, negou recurso no qual a Vale pedia a retomada das operações da mina e da usina do empreendimento Onça Puma, no Pará.

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Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, a reação imediata do mercado com a notícia sobre a suspensão de Laranjeiras acionou o "stop loss" em diversas mesas de negociação. Ao final dos negócios, Vale ON, que chegou a ter os negócios suspensos no pregão, fechou na mínima do dia.

Bancos

A baixa da Vale contagiou outros setores, principalmente os bancos. Banco do Brasil, por exemplo, andou várias casas para trás, recuando 6,09%. O Bradesco encolheu 4,75% e Itaú Unibanco, 4,21%

Existe cautela em relação ao impacto que a tragédia em Brumadinho possa ter nas instituições financeiras. A agência Fitch considera que os bancos brasileiros podem sofrer pressão limitada de capital a curto prazo, devido à exposição econômica direta por meio de operações de crédito ou a uma potencial deterioração nos preços das ações ou dos títulos da Vale, como resultado da volatilidade, o que poderia se traduzir em perdas.

Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença, destaca que o balanço do Itaú Unibanco (considerado fraco) foi o gatilho para os investidores realizarem os lucros obtidos pelo setor em 2019. Apenas neste ano, o Bradesco PN acumula ganho de 15%, enquanto as Unit do Santander avançam 16%. A ação do Banco do Brasil sobe 12% e as preferenciais do Itaú Unibanco, em torno de 4%.

Em meio ao maior ceticismo com a reforma, alguns dos papéis do chamado Kit Brasil estiveram entre as maiores quedas do dia. Foi o caso da Eletrobras PNB, que caiu 4,08%.

 

Gafisa

Os papéis ordinários da Gafisa tiveram baixa de 6,54%, depois que a construtora foi acusada de enviar boletos de pagamento aos clientes com dados bancários alterados para beneficiar a própria empresa. A acusação foi feita pela Polo Capital Securitizadora, empresa que é titular de créditos imobiliários emitidos pela construtora e que, por isso, deveria receber parte do dinheiro arrecadado através dos boletos pagos pelos clientes da Gafisa. A construtora deve se posicionar sobre o tema ainda nesta tarde.

Petrobras

As ações da Petrobras caíram 1,77% (ON) e 2,15% (PN), muito contaminadas pelo clima ruim gerado pela notícia da nova PEC. Nem sequer deram bola para o petróleo, que fechou em alta, impulsionado após o relatório semanal do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) mostrar alta abaixo do esperado nos estoques da commodity nos Estados Unidos. No radar também continuam as sanções americanas à Venezuela.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para entrega em março fechou em alta de 0,65%, cotado a US$ 54,01 por barril. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do Brent para abril avançou 1,15%, para US$ 62,69.

CSN

Entre as maiores quedas do Ibovespa, as ações ordinárias da CSN perderam 5,77% do preço de fechamento da véspera. Segundo operadores, o comportamento dos ativos reflete o que aconteceu mais fortemente com a Vale, após a tragédia de Brumadinho (MG). "Agora, a Casa da Pedra virou alvo e isso incomoda os investidores", disse um operador.

A CSN informou que o encerramento das operações da barragem Casa de Pedra, em Congonhas, no Estado de Minas Gerais, faz parte de medidas já adotadas pela sua controlada, a CSN Mineração, em andamento desde 2016, e que visam o processamento a seco do rejeito gerado no processo produtivo de sua mina de Casa de Pedra.

Gerdau Metalúrgica perdeu 4,49%.

Rebaixada

A B2W fecharam em queda de 3,37% depois de o JPMorgan rebaixar a recomendação dos papéis da empresa de "acima da média" para "neutra".

Pistas escorregadias

As ações da CCR e da EcoRodovias tiveram baixa de 6,22%. As ações têm apresentado volatilidade. Os papéis subiram no fim do mês passado com a notícia do governo de São Paulo sobre a renovação das concessões de rodovias administradas pela iniciativa privada do estado que vencem até o final do mandado de João Doria, em 2022, mas depois voltaram a cair.

Casas Bahia

Pelo segundo dia consecutivo, as ações ON da Via Varejo operaram em queda e ficaram novamente entra as mais acentuadas quedas do Ibovespa, com 6,21% de baixa. O Goldman Sachs, ontem, reiniciou a cobertura do papel com recomendação de venda, de acordo com um operador.

Fora do Ibovespa

As ações PN de Oi encerraram alta de 3,42% depois que Bradesco BBI elevou a recomendação do papel de "neutro" para "outperform" (acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 1,80, o que implica um potencial de alta de 26% em relação ao fechamento de ontem, de acordo com um operador.

*Com Estadão Conteúdo

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