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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
BOLSA E DÓLAR HOJE

Bolsa encerra em alta e dólar fica abaixo de R$ 4 após avanço de Bolsonaro no Ibope

Eleições continuam dando as cartas nos mercados locais, que viveram dia de euforia, na contramão do exterior; estatais brilharam com enfraquecimento do PT na última pesquisa

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
2 de outubro de 2018
10:38 - atualizado às 17:47
Nota de dólar
Dólar caiu e bolsa subiu após Ibope mostrar avanço de Bolsonaro e enfraquecimento de Haddad - Imagem: Shutterstock

O otimismo dos investidores brasileiros com os resultados da pesquisa Ibope divulgada ontem à noite levou a bolsa a ultrapassar os 81 mil pontos no pregão desta terça-feira (02), derrubando o dólar para o patamar de R$ 3,90. Mais uma vez, as expectativas em torno da corrida eleitoral se sobrepuseram aos fatores externos no mercado local, que tem se descolado do desempenho das bolsas internacionais. O Ibovespa fechou em alta de 3,78% ao 81.593 pontos, e o dólar à vista encerrou em queda de 2,47%, aos R$ 3,9304.

Os investidores estavam de bom humor com o avanço de Bolsonaro e o enfraquecimento de Haddad na última pesquisa eleitoral. O candidato do PSL saltou de 27% para 31% nas intenções de voto e empatou com o petista no segundo turno, aos 42%. Na pesquisa anterior, perdia por 42% a 38%. A rejeição a Bolsonaro, porém, permaneceu em 44%, enquanto a de Haddad cresceu para 38%. No primeiro turno, o ex-prefeito de São Paulo não esboçou crescimento, mantendo-se com 21% das intenções de voto.

Os mercados também passaram o dia na expectativa em relação ao efeito da proibição da entrevista de Lula à "Folha" e dos desdobramentos da delação premiada de Antonio Palocci nos resultados das próximas pesquisas, notadamente a Datafolha, que será divulgada hoje à noite.

Bolsonaro é visto como um candidato mais pró-mercado ao adotar uma postura economicamente mais liberal na figura de Paulo Guedes, seu economista e futuro Ministro da Fazenda, caso seja eleito. Já Haddad é visto como ameaça, pela postura historicamente mais intervencionista e desenvolvimentista do PT, o que o mercado entende como potencialmente prejudicial às nossas já combalidas contas públicas.

Os juros futuros terminaram o dia em queda. O DI para janeiro de 2021 caiu para 9,39% e o DI para janeiro de 2023 encerrou em 10,83%.

Estatais sobem com enfraquecimento do PT

Os destaques de alta ficaram por conta das estatais, em relação às quais há um maior temor de ingerência de um eventual governo do PT. As ações sobem à medida que o partido perde forças na corrida eleitoral. As maiores valorizações do dia foram das ações ordinárias da Eletrobrás (ELET3), que fecharam em alta de 11,45%, e das ações do BB (BBAS3), que fecharam com valorização de 11,41%. As preferenciais da Eletrobrás (ELET6) fecharam em alta de 9,96%, e os papéis da Petrobras avançaram 8,67% (PETR4) e 6,74% (PETR3).

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Além do BB, outros bancos também viram forte alta nesta terça, com destaque para as units do Santander (SANB11), que avançaram 7,44%, e para as ações do Bradesco, que subiram 6,93% (BBDC3) e 5,89% (BBDC4). Mais cedo, o Bradesco anunciou a aquisição de 65% de uma empresa de recuperação de créditos.

As ações da Gol (GOLL4) fecharam em alta de 8,29%, beneficiadas pela queda do dólar. A desvalorização da moeda americana reduz os custos dolarizados das companhias aéreas, como combustíveis, arrendamento de aeronaves e manutenção. Além disso, empresas aéreas costumam ter dívida em dólar.

Apenas três papéis do Ibovespa tiveram baixa hoje. As exportadoras Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB3), que têm receitas em dólar, fecharam com desvalorização de 1,93% e 3,75%, respectivamente.

A Ambev (ABEV3) completa o grupo, com baixa de 1,14%, depois que o UBS baixou a recomendação das ações da empresa de "compra" para "venda". Segundo o relatório da instituição financeira, a companhia está sendo negociada na bolsa brasileira com um prêmio de 25% em relação à sua controladora lá fora, a AB InBev. Isso pode significar que os papéis da Ambev estão caros, pois essa diferença historicamente era de 5%.

Maior queda no pregão de ontem, com desvalorização de 30%, as ações da Qualicorp (QUAL3) estiveram entre as maiores altas de hoje. Elas chegaram a entrar em leilão novamente em diversos momentos do dia, e fecharam com valorização de 10,91%.

Ontem, investidores se revoltaram depois que a companhia concordou em pagar uma indenização de R$ 150 milhões a seu diretor presidente em troca de ele se comprometer a não vender suas ações e não concorrer com os negócios da empresa. A medida não passou por assembleia de acionistas e foi considerada descabida e exótica pelo mercado, além de o valor ser considerado exorbitante.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) começou a investigar a administradora de planos de saúde coletivos, e a XP Gestão anunciou, em carta aos cotistas de seus fundos, que buscará reparação de prejuízos de todas as formas, podendo recorrer à Justiça.

Novamente nadamos contra a maré internacional

Mais uma vez a bolsa brasileira teve desempenho contrário às bolsas ao redor do mundo. Em Nova York, o Dow Jones fechou com alta de 0,46%, aos 26.773 pontos, mas o S&P500 encerrou em queda de 0,04%, aos 2.923 pontos, e a Nasdaq fechou em baixa de 0,47%, aos 7.999 pontos. As bolsas europeias também terminaram o pregão no vermelho. Sinal de que a corrida eleitoral continua dando as cartas por aqui.

*Com Estadão Conteúdo

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