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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Trump eleva tensão comercial

Presidente dos EUA decide taxar produtos mexicanos por causa da imigração ilegal, ampliando o receio com a guerra de tarifas

Olivia Bulla
Olivia Bulla
31 de maio de 2019
5:40 - atualizado às 8:45
No Brasil, mês de maio chega ao fim com os investidores “embelezando” as carteiras

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu usar a tarifação de produtos importados como arma não apenas na guerra comercial, mas para ameaçar outros países que incomodam a Casa Branca. O alvo desta vez foi o México. Ontem à noite, Trump anunciou que irá taxar em 5% todos os produtos mexicanos por causa da imigração ilegal.

A notícia foi suficiente para derrubar os índices futuros das bolsas de Nova York, que amanheceram em queda firme, diante do aumento da preocupação dos investidores com a guerra de tarifas. O peso mexicano, por sua vez, caiu ao menor nível em quase dois meses em relação ao dólar, em meio à surpresa com o anúncio de Trump.

Segundo o presidente norte-americano, a tarifa de 5% sobre todas as importações mexicanas começa em 10 de junho e irão valer até que o país interrompa o fluxo de imigrantes ilegais aos EUA. Caso o movimento persista, as tarifas irão subir para 10% em julho e em mais 5% a cada mês subsequente, até chegar a 25% em outubro.

A decisão de Trump de usar a expressão “You are tarrifed” (Você está taxado) como mote, em substituição ao “You are fired” (Você está demitido) que o tornou famoso na TV, eleva a incerteza quanto à implementação de um novo acordo comercial na América do Norte, envolvendo EUA, México e Canadá, o USMCA, que ficaria no lugar do Nafta.

Outros países, incluindo a China e os da União Europeia (UE), estão simplesmente observado as decisões de Washington e, talvez, concluindo que acordos comerciais negociados com os EUA são de pouco valor. Até porque, chama a atenção o fato de o México ter superado a China, em março, e se tornado o exportador número um do mundo aos EUA, uma vez que as exportações chinesas à América vem sendo prejudicadas pela guerra comercial.

China em contração

Aliás, a guerra comercial tem causado estragos na atividade chinesa, elevando o temor de desaceleração da economia global. Dados deste mês mostraram que a indústria na China foi prejudicada pela queda nos pedidos de exportação, o que levou o índice oficial de gerentes de compras (PMI) a 49,4, de 50,1 em abril. A previsão era de queda a 49,9.

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Uma leitura abaixo de 50 indica contração da atividade. Já no setor de serviços chinês, o PMI permaneceu estável em 54,3 em maio. Em reação, as bolsas de Xangai e de Hong Kong encerraram em queda, mas longe das mínimas do dia, digerindo também a declaração do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, de que "os EUA podem mais do que dobrar as tarifas [contra produtos chineses], se necessário".

O pregão na Ásia foi afetado pelas preocupações comerciais, envolvendo China e México, o que levou os investidores a busca por refúgio no iene. A valorização da moeda japonesa prejudicou a Bolsa de Tóquio, que liderou as perdas na região, com -1,6%. Na Europa, as bolsas também abriram pressionadas, com o euro e a libra medindo forças ante o dólar.

Já o preço do barril de petróleo recua. O sentimento entre os investidores é de que as preocupações comerciais devem continuar até o fim do mês que vem, quando se espera que os líderes dos EUA e da China irão se reunir durante a cúpula do G20, no Japão. Mas as chances de um acordo são cada vez mais remotas...

Afinal, qual é o objetivo de fazer um acordo comercial se Washington pode impor tarifas sobre os produtos importados arbitrariamente?

Por aqui, tudo azul

Maio acaba nesta sexta-feira e o último dia do mês deve ser destinado aos ajustes finais nos ativos locais, após os investidores “embelezarem” suas carteiras, fazendo cair por terra a máxima do mercado financeiro (internacional) que diz “Sell in May and Go Away”. Ao contrário, o que se viu por aqui foi um movimento firme de recuperação.

A visão mais otimista do investidor (local) em relação ao cenário político em Brasília fez o Ibovespa aproximar-se novamente dos 100 mil pontos, após ser negociado abaixo dos 90 mil pontos em meados deste mês, e distanciou o dólar da faixa de R$ 4,00, após superar a marca de R$ 4,10 no pior momento de maio.

Ao que tudo indica, essa melhora foi sustentada pela estratégia mais amena e menos beligerante do governo Bolsonaro, que deixou de lado os conflitos quase diários com outros Poderes e concentrou os esforços na composição de uma base aliada para aprovar medidas no Congresso. A pausa nas mensagens pela rede social também ajudou - e muito.

Hoje, porém, a volatilidade pode ser o nome do jogo, com os investidores já se preparando para o último mês do primeiro semestre. Ainda mais após os dados fracos sobre a atividade nos setores industrial e de serviços na China em maio e diante da escalada da tensão comercial contra o México.

Agenda segue forte

A agenda econômica do dia segue trazendo indicadores relevantes. No Brasil, saem os dados atualizados sobre o desemprego, sendo que a taxa de desocupação até abril deve registrar a primeira queda do ano. Ainda assim, o nível tende seguir elevado, atingindo 12,5% da população brasileira, ou pouco mais de 13 milhões de pessoas.

Os números efetivos serão divulgados às 9h. Depois, às 10h30, sai a nota do Banco Central com dados sobre as contas públicas. Já no exterior, o calendário norte-americano está repleto de divulgações importantes. A começar pelos dados sobre renda pessoal e gastos com consumo em abril, às 9h30, juntamente com o índice de preços PCE.

O indicador é conhecido por ser a medida preferencial de inflação do Federal Reserve. Ontem, a abertura dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA mostrou que o PCE foi revisado para baixo, ficando ainda mais distante do alvo de 2% perseguido pelo Fed. Também na agenda dos EUA, sai a leitura final da confiança do consumidor em maio (12h).

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