Novela política perde audiência do mercado
Mercado financeiro quer se desviar dos ruídos políticos em Brasília e concentrar as atenções na questão econômica

O mercado financeiro brasileiro quer se desviar dos ruídos políticos em Brasília e concentrar as atenções na questão econômica para seguir em lua de mel com o governo. Daí, então, a expectativa para que soe como melodia a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, hoje, durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Os investidores sabem que Guedes é apenas uma parte do governo - e a boa. Então, apesar do desastre na coordenação política, a expectativa é de que as palavras do ministro mostrem o bom senso que parece faltar no Executivo, povoado por uma discussão ideológica sobre “nova política versus velha política”.
Afinal, o que existe é a política - e é isso que o governo precisa fazer. Embora a sociedade esteja cansada de tanta corrupção e esquemas de desvio de dinheiro público, em uma democracia é preciso negociar. O presidente Jair Bolsonaro precisa entender que lidar com partidos políticos faz parte do sistema e o entendimento entre os poderes é fundamental.
Isso acontece em todo o mundo. Tanto que a primeira-ministra britânica, Theresa May, precisa negociar apoio do próprio partido para evitar uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeia (UE) nesta semana, ao passo que o norte-americano Donald Trump teve de tolerar republicanos contrários à construção do muro na fronteira sul.
No caso brasileiro, o diálogo tem que partir em direção ao Congresso, de modo a aprovar as propostas do Executivo. E a obstrução nessa comunicação só gera instabilidade política, com efeitos no mercado financeiro. Aos olhos dos investidores, o foco deve estar centrado na Previdência para manter credibilidade e capital político do governo para outras reformas.
Palavras ao vento
Por mais que o presidente tenha prometido que o foco agora estará na aprovação das novas regras para aposentadoria, o núcleo político e a equipe econômica sabem que não é muito difícil o chefe de Estado (e seus filhos) desviar o radar para outros pontos. Por isso, o mercado financeiro vai cobrar mais do que meras palavras.
Leia Também
A torcida é por uma pacificação do ambiente político, com o governo orquestrando uma trégua com os parlamentares e formando uma base aliada sólida, com mais de dois terços da Câmara e do Senado. O problema é que esse desafio pode esbarrar na inabilidade do presidente em lidar com o Congresso e na falta de traquejo político do ministro economista.
Sem não houver diálogo entre o Executivo e o Legislativo, corre-se o risco de não avançar na agenda de reformas, emperrando a tramitação da Nova Previdência e ressuscitando até o projeto do ex-presidente Michel Temer, agora solto. O que o mercado quer ver é os dois poderes caminhando lado a lado em uma mesmo direção - e isso ainda não aconteceu.
Com isso, a política vai continuar sendo o foco dos ativos locais. Se não baixar a temperatura, o tom negativo tende a prevalecer. Mas se o clima melhorar, pode haver uma melhora no humor dos investidores, retomando a confiança na aprovação da reforma da Previdência. Mas como não tem nada ainda alinhavado, o prazo final até junho parece justo.
Guedes rouba a cena
A participação do ministro Paulo Guedes na CCJ, a partir das 14h, rouba a cena da agenda de indicadores e eventos econômicos desta terça-feira. O ministro foi convidado a participar da sessão da CCJ para esclarecer a proposta do governo de reforma da Previdência dos civis e dos militares.
Ainda assim, a participação de Guedes na CCJ é atípica e reflete a desarticulação política do governo com o Congresso. Afinal, não é objetivo da comissão analisar o mérito da proposta, apenas se ela fere alguma cláusula pétrea da Constituição. Porém, tal convite ao ministro tornou-se imprescindível para a definição do relator da matéria na CCJ.
Ainda assim, merece atenção a ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), a primeira sob o comando do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O mercado espera encontrar, no documento, pistas sobre os próximos passos na condução da taxa básica de juros.
No encontro de março, o Copom melhorou a avaliação sobre a inflação, considerando o balanço de riscos simétrico - ou seja, com fatores mais equilibrados tanto de alta quanto de recuo nos preços. Apesar da menção, não houve qualquer sinalização quanto a uma possível redução na Selic nos próximos meses.
O documento será divulgado logo cedo, às 8h. Os investidores ainda estarão lendo com lupa a ata do Copom, à procura das digitais de Campos Neto no texto, quando receberão a prévia deste mês da inflação oficial ao consumidor (IPCA-15), às 9h. A previsão é de uma leitura novamente salgada, de 0,5%, com a taxa acumulada em 12 meses subindo a 4,1%.
Os números podem esfriar as apostas de queda na Selic ainda neste ano - ao menos até que surjam sinais mais firmes de aprovação da reforma da Previdência em breve, com a atividade econômica seguindo fraca e os preços, controlados. Já no exterior, o calendário do dia traz dados do setor imobiliário norte-americano e sobre a confiança do consumidor.
Exterior preocupado
A preocupação com o crescimento da economia global continua no radar dos mercados internacionais e é mais evidenciada nos negócios com bônus, que passaram a prever que o próximo movimento do Federal Reserve será de corte na taxa de juros. As apostas são de que a queda ocorra ainda neste ano, sob risco de recessão nos EUA em 2020.
Porém, os investidores avaliam que ainda é prematuro discutir sobre a inversão da curva de juros norte-americana e os reflexos na economia real. Afinal, há chances de que o movimento no mercado de bônus tenha sido muito rápido - e exagerado. Tanto que o juro projetado pelo título dos EUA de 10 anos (T-note) recuperou a faixa de 2,4% hoje.
Com isso, os ativos de risco tentam recompor o fôlego e ensaiam uma recuperação. As principais bolsas da Ásia fecharam sem uma direção definida. Tóquio subiu (+2,15%), após as fortes perdas ontem, enquanto Hong Kong ficou de lado e Xangai caiu 1,5%. Já as praças europeias ensaiam alta na abertura, embaladas pelo sinal positivo em Nova York.
Nos demais mercados, o barril do petróleo tipo WTI volta a ser negociado acima de US$ 59, em meio às tensões crescentes na Venezuela, após aviões militares russos pousarem no país. Entre as moedas, destaque para a queda da libra, que é pressionada pelas chances crescentes de um Brexit sem acordo nesta sexta-feira.
Ao que tudo indica, May perdeu o controle em torno da votação no Parlamento britânico e pode ter de apresentar um plano B radical, que incluiria um novo referendo, cancelando a saída do Reino Unido da UE. A nova votação-chave acontece amanhã, quando será decidido quais passos a ilha deve tomar em relação ao bloco comum europeu.
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.