Clima político desfavorável pesa nos mercados
Pedido de impeachment contra Trump e discurso de Bolsonaro na ONU devem pesar no mercado financeiro

O pedido de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU devem pesar no mercado financeiro hoje, um dia após esses acontecimentos. Por mais que não se acredite que Trump será retirado da Casa Branca antes das eleições de 2020 - caso não seja reeleito - e que a fala de Bolsonaro tenha recebido elogios de apoiadores, o estrago foi grande.
- Veja mais: Investidores comuns estão aprendendo como antecipar o movimento das ações com um dos maiores analistas técnicos do país. VAGAS LIMITADAS. Corra. Entre aqui.
Afinal, o processo aberto ontem pela Câmara dos EUA tende a ser longo, deixando Wall Street mais vulnerável ao noticiário em torno da ameaça que teria sido feito por Trump ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de reter ajuda econômica ao país caso Kiev se recusasse em investigar o filho de Joe Biden, principal pré-candidato democrata na disputa presidencial, produzindo informações prejudiciais a ele.
Tal pedido viola a Constituição norte-americana, ao tentar recrutar um poder estrangeiro para interferir a seu favor na eleição. Uma transcrição do telefonema entre Trump e o presidente ucraniano deve ser divulgada hoje. O discurso de Trump na ONU tampouco ajudou, já que as críticas à China minam a esperança de sucesso nas negociações comerciais entre os dois países prevista para outubro, em Washington.
Com isso, o sinal negativo visto na sessão de ontem em Nova York se repete nesta manhã entre os índices futuros, após um pregão de fortes perdas na Ásia, em meio ao impacto da guerra comercial nas economias da região. Xangai caiu 1% e Hong Kong cedeu um pouco mais que isso, ao passo que Tóquio recuou 0,4%. Seul também teve queda de mais de 1%.
Na Europa, as principais bolsas também abriram no vermelho, em meio às esperanças enfraquecidas de um acordo entre EUA e China, enquanto o pedido de impeachment de Trump pesa no sentimento dos investidores. Nos demais mercados, o petróleo recua, enquanto o dólar ganha força.
Discurso para o público interno
Esse sinal negativo vindo do exterior tende a ser potencializado nos negócios locais, com os investidores reavaliando a leitura em relação ao discurso de Bolsonaro na ONU. Após relegaram a fala dele na sessão de ontem, a repercussão internacional mais negativa ao tom de confronto e com muita ideologia do presidente tende a pesar por aqui.
Leia Também
Afinal, o principal objetivo era que o presidente conseguisse melhorar a imagem do seu governo no exterior. Mas o que se viu foi um discurso voltado ao público interno, com viés ideológico do começo ao fim. Bolsonaro manteve a cartilha eleitoral e falou para a sua base, que lhe dá sustentação política, enquanto na ONU se espera um discurso com visão de mundo.
Em sua defesa, o presidente brasileiro negou agressividade e disse que fez um discurso “contundente”, buscando “restabelecer a verdade”. Mas para diplomatas, a fala de Bolsonaro foi imprópria, criando novos atritos e ampliando os já existentes, ao invés de atenuá-los. A expectativa, portanto, era de um tom mais conciliador, mas não foi bem assim - o que mantém a ameaça sob acordos comerciais e investimentos no Brasil.
Assim, a elevação da aversão ao risco no exterior combinada com o clima político mais desfavorável no Brasil e nos EUA tende a azedar o humor dos investidores por aqui, que já vinha ruim após a postergação da votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para a próxima semana.
Previdência só na semana que vem
Ficou para a semana que vem o grande evento esperado para hoje. A votação do parecer da reforma da Previdência na CCJ foi adiada para a próxima terça-feira, já no primeiro dia de outubro, retardando o processo no plenário do Senado. Mas o calendário inicial, que prevê a aprovação da matéria no Congresso até o dia 10 do mês que vem, segue mantido.
Mesmo assim, o clima ameno para aprovar as novas regras para aposentadoria parece ter sido dissipado, com os parlamentares mostrando certa resistência para apreciar a matéria. O adiamento parece ter sido uma manifestação de solidariedade ao líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, alvo de uma ação da Polícia Federal na semana passada.
A operação foi recebida no Congresso como uma declaração de guerra da PF e da força-tarefa da Lava Jato. E o recado não poderia ser mais claro. Deputados e senadores derrubaram ontem 18 dos 33 vetos assinados pelo presidente Jair Bolsonaro à lei de abuso de autoridade que atendiam a pedidos da PF e do ministro da Justiça, Sergio Moro.
O problema é que essa controvérsia entre os Poderes e a demora na conclusão da reforma da Previdência no Senado complicam a votação do pacote anticrime na Câmara e adiam a discussão sobre a reforma tributária no Congresso. A equipe econômica deve enviar uma proposta do governo até a semana que vem, propondo mudanças no sistema de impostos.
Agenda sem destaque
Já a agenda econômica desta quarta-feira está carregada, porém, sem destaques. Por aqui, saem dados sobre o custo e a confiança no setor da construção civil em setembro, às 8h. Depois, às 9h, é a vez do índice de preços ao produtor (PPI) em agosto. Na sequência, o Banco Central publica a nota sobre as operações de crédito no mês passado (10h30).
À tarde, o BC volta à cena para divulgar os dados parciais do fluxo de entrada e saída de dólares do país (14h30). No exterior, serão conhecidos os números sobre as vendas de imóveis residenciais novos nos EUA em agosto (11h), além dos estoques semanais de petróleo e derivados no país (11h30).
Guerra comercial abre oportunidade para o Brasil — mas há chance de transformar Trump em cabo eleitoral improvável de Lula?
Impacto da guerra comercial de Trump sobre a economia pode reduzir pressão inflacionária e acelerar uma eventual queda dos juros mais adiante no Brasil (se não acabar em recessão)
Felipe Miranda: A arte da negociação — ou da guerra?
Podemos decidir como as operações militares começam, mas nunca será possível antecipar como elas terminam. Vale para a questão militar estrito senso, mas também se aplica à guerra tarifária
Tarifas de Trump: o dia que o mercado caiu em uma fake news e não sabia que o pior estava por vir
Wall Street chegou a operar com alta de 1% por cerca de dez minutos nesta segunda-feira (7), mas a alegria durou pouco; entenda toda a confusão
Minerva prepara aumento de capital de R$ 2 bilhões de olho na redução da alavancagem. O que muda para quem tem ações BEEF3?
Com a empresa valendo R$ 3,9 bilhões, o aumento de capital vai gerar uma diluição de 65% para os acionistas que ficarem de fora da operação
Para ficar perto de Trump, Zuckerberg paga US$ 23 milhões por mansão em Washington — a terceira maior transação imobiliária história da capital americana
Localizada a menos de 4 km da Casa Branca, a residência permitirá ao dono da Meta uma maior proximidade com presidente norte-americano
EUA já estão em recessão, diz CEO de uma das maiores gestoras de ativos do mundo
Larry Fink, CEO da BlackRock, acredita que a inflação vai acelerar e dificultar a vida do banco central norte-americano no corte de juros
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Segunda-feira sangrenta: bitcoin afunda; o que esperar daqui para frente?
Após breve alívio na sexta-feira, mercado cripto volta a enfrentar pressão vendedora, liquidações bilionárias e queda de indicadores técnicos — mas ainda há um ponto de esperança no horizonte
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Bilionário Bill Ackman diz que Trump está perdendo a confiança dos empresários após tarifas: “Não foi para isso que votamos”
O investidor americano acredita que os Estados Unidos estão caminhando para um “inverno nuclear econômico” como resultado da implementação da política tarifária do republicano, que ele vê como um erro
O grosseiro erro de cálculo de Donald Trump
Analistas de think tank conservador dizem que cálculo de Trump está errado e que as tarifas não têm nada de recíprocas nem fazem sentido do ponto de vista econômico
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Após o ‘dia D’ das tarifas de Trump, ativo que rende dólar +10% pode proteger o patrimônio e gerar lucros ‘gordos’ em moeda forte
Investidores podem acessar ativo exclusivo para buscar rentabilidade de até dólar +10% ao ano
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Agenda econômica: IPCA, ata do Fomc e temporada de balanços nos EUA agitam semana pós-tarifaço de Trump
Além de lidar com o novo cenário macroeconômico, investidores devem acompanhar uma série de novos indicadores, incluindo o balanço orçamentário brasileiro, o IBC-Br e o PIB do Reino Unido
Sobrou até para o TikTok e a Jaguar Land Rover: As reações dos países atingidos pelas tarifas de Trump neste fim de semana
Mais de 50 países entraram em contato com a Casa Branca para negociar, mas parceiros comerciais também anunciaram retaliações à medida de Trump
Bitcoin (BTC) é pressionado por tarifas de Trump e opera abaixo dos US$ 80 mil hoje — mas retomada de alta da criptomoeda já está no radar
Apesar da criptomoeda estar operando em queda, relatório da Binance Research indica que o bitcoin vai voltar a viver momentos de alta
Com eleições de 2026 no radar, governo Lula melhora avaliação positiva, mas popularidade do presidente segue baixa
O governo vem investindo pesado para aumentar a popularidade. A aposta para virar o jogo está focada principalmente na área econômica, porém a gestão de Lula tem outra carta na manga: Donald Trump
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
Tarifas gerais de Trump começam a valer hoje e Brasil está na mira; veja como o governo quer reagir
Além do Brasil, Trump também impôs tarifa mínima de 10% a 126 outros países, como Argentina e Reino Unido