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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Mercado tem ajuste positivo na volta do feriado

Recorde triplo em Nova York, em meio à otimismo com negociações comerciais entre EUA e China, contrata ajuste positivo no mercado doméstico

Olivia Bulla
Olivia Bulla
18 de novembro de 2019
5:17 - atualizado às 6:02
Esperança de acordo antes de nova rodada de tarifas mantém o apetite por risco

O mercado financeiro doméstico volta do feriado nacional já se preparando para uma nova pausa, na quarta-feira, quando a cidade de São Paulo celebra o Dia da Consciência Negra. Ainda assim, cabem ajustes nos negócios locais ao comportamento do exterior na sexta-feira passada, quando dados fracos sobre a atividade norte-americana não impediram o Dow Jones de fazer história e fechar acima dos 28 mil pontos pela primeira vez.

Trata-se do décimo primeiro recorde do índice acionário neste ano, que subiu cerca de um mil pontos desde a máxima histórica anterior, em julho, cravando quatro semanas seguidas de valorização. Já o S&P renovou o recorde e sobe há seis semanas. O rali em Wall Street ocorreu na esteira de declarações da Casa Branca, de que Estados Unidos e China estão perto da fase um do acordo comercial.

A notícia ofuscou a queda maior que a esperada da produção industrial norte-americana em outubro, de -0,8%, no declínio mais acentuado desde maio de 2018, ante previsão de -0,5%. A greve na GM afetou o resultado. Já as vendas no varejo dos EUA se recuperaram da queda em setembro e subiram 0,3% no mês passado, conforme previsto, mas os números mostram que os consumidores frearam os gastos antes da temporada de festas.

Assim, enquanto alimentam esperanças de que as duas maiores economias do mundo estão caminhando em direção a um acordo capaz de aliviar as tensões comerciais e criar um cenário mais promissor para o crescimento econômico em 2020 e além; os investidores ignoram a deterioração da atividade. Ou seja, o mercado financeiro ainda parece pouco reativo aos sinais de desaceleração adicional da economia global.

O problema é que apesar do recente entusiasmo de Wall Street, não há sinais concretos de um acerto entre EUA e China nem do que conteúdo desta primeira fase do acordo. As recentes negociações comerciais apontam para dificuldades em se alcançar algo mais concreto e estrutural. Ao esticar a valorização dos ativos de risco, o mercado vê o cenário econômico à frente em um patamar saudável, mas isso pode mudar caso haja uma perda de tração mais acentuada da atividade.

Mercado mostra resiliência

A notícia espalhada pelo assessor econômico Larry Kudlow na última sexta-feira sobre progresso na fase um do acordo comercial também embalou os negócios na Ásia hoje, ofuscando a escalada da tensão em Hong Kong, que parecia um campo de batalha após um domingo de protestos violentos, com confrontos entre manifestantes e a polícia local.

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Manifestantes lançaram bombas de gasolina contra veículos blindados da polícia, que pegaram fogo. Como consequência, a polícia ameaçou responder com munição real para combater os manifestantes. Um dia antes, no sábado, o governo chinês enviou soldados do Exército ao território da ex-colônia britânica, em uma ação inédita desde 1997.

Ainda assim, o índice Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, fechou em alta de 1,25%, motivado pelos recorde triplo das bolsas de Nova York na sexta-feira passada. Xangai subiu 0,6% e Tóquio avançou 0,5%. O foco do mercado nesta semana ainda estará nas discussões comerciais entre EUA e China, além de atualizações sobre Hong Kong.

As esperanças de que as duas maiores economias do mundo possam progredir na tentativa de um acordo comercial antes que novas tarifas entrem em vigor, em meados do próximo mês, mantém os investidores dispostos a comprar ativos de risco. Os índices futuros das bolsas de Nova York e da Europa seguem no azul nesta manhã.

Nos demais mercados, o petróleo avança, em meio à queda do dólar, enquanto o rendimento dos títulos norte-americanos estão estáveis. Destaque para os ganhos da libra esterlina, em meio às discussões sobre as eleições, e para a queda do yuan chinês, após o Banco Central local (PBoC) reduzir os custos de empréstimo pela primeira vez dede 2015.

Com isso, o mercado doméstico volta do fim de semana prolongado dedicando-se aos ajustes positivos por causa do rali em Nova York na última sexta-feira. O desempenho tende a blindar o país de protestos na Bolívia e detenções na Venezuela, em meio à turbulência na América Latina, com os investidores otimistas com os sinais da economia brasileira.

Semana tem agenda fraca

A agenda econômica desta semana está bem mais fraca, tanto no Brasil quanto no exterior. Por aqui, o destaque fica com a prévia da inflação oficial ao consumidor brasileiro (IPCA-15), que sai na sexta-feira. Até lá, o calendário doméstico traz poucas divulgações relevantes.

Hoje, saem as tradicionais publicações do dia no Brasil, a saber, a Pesquisa Focus (8h25) e os dados semanais da balança comercial (15h). Lá fora, o calendário econômico também está esvaziado, inclusive já nesta segunda-feira. Nos próximos dias, serão conhecidos dados do setor imobiliário nos EUA e sobre a atividade industrial e de serviços no país.

Mas o destaque fica com a ata da reunião de outubro do Federal Reserve, quando indicou interrupção no ciclo de cortes dos juros. O documento será conhecido na quarta-feira, quando os negócios na B3 estarão fechados hoje. Com isso, não haverá pregão na Bolsa brasileira nem no mercado de juros futuros. Já o dólar opera no dia com menor liquidez.

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