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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Véspera de feriado e exterior fortalecem cautela

Pausa no mercado doméstico amanhã redobra postura defensiva, em meio a incertezas com guerra comercial e turbulência política na América Latina

Olivia Bulla
Olivia Bulla
14 de novembro de 2019
5:40 - atualizado às 6:52
Cautela pelo feriado
Dados fracos de atividade na China pesam nos negócios

A véspera de feriado no Brasil deve ser marcada pela cautela, com os investidores redobrando a postura defensiva e evitando a exposição ao risco, uma vez que o mercado financeiro doméstico estará fechado amanhã, enquanto o mundo funciona normalmente. O receio com nova turbulência no ambiente político na América Latina e com a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China deve ditar o movimento dos negócios locais.

Lá fora, a quinta-feira começa com dados fracos sobre a atividade na China em outubro. A produção industrial teve alta de 4,7%, menos que a previsão de +5,2%, enquanto as vendas no varejo aumentaram 7,2%, abaixo da estimativa de +7,8%. Já os investimentos em ativos fixos cresceram no ritmo mais lento desde 1998, em +5,2% no acumulado do ano. Dados também mostraram que a economia (PIB) do Japão teve uma expansão menor que a esperada no terceiro trimestre deste ano, de +0,2%, ante previsão de +0,8%.

Em reação, as bolsas asiáticas encerraram a sessão em baixa, exceto Xangai, que oscilou em alta de 0,2%. Hong Kong novamente liderou as perdas, com -1%, enquanto Tóquio caiu 0,8%. O noticiário em torno da guerra comercial também pesa nos mercados, embutindo um sinal negativo entre os índices futuros das bolsas de Nova York e deixando indefinida a abertura do pregão europeu. Ainda assim, o petróleo avança, enquanto o dólar cai.

Após o discurso ambíguo do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre um acordo comercial com a China, os investidores começam a pensar que a assinatura de um termo parcial, referente à primeira fase, não é mais uma coisa certa. Por mais que pareça estratégica [e teatral] a postura de Trump, o impasse sobre a remoção das tarifas existentes e suspensão das programadas segue como principal obstáculo para um acerto preliminar.

Também há certa relutância por parte de Pequim sobre um valor específico para a compra de produtos agrícolas, além da falta de consenso sobre mecanismos de fiscalização dos pontos a serem acordados. Portanto, os investidores estão notando a ausência de notícias sobre a questão comercial, ainda que Trump afirme, reiteradamente, que há progresso e as negociações estão avançando rapidamente.

Cautela aqui

O menor otimismo no exterior em relação a um acordo comercial no curto prazo entre EUA e China e as preocupações com a situação política nos países vizinhos ao Brasil podem ampliar a realização de lucros nos ativos locais vista nos últimos dias. O destaque ontem ficou com o dólar, que encerrou colado à faixa de R$ 4,20, no segundo maior nível da história, em meio à desvalorização das moedas latinas, principalmente o peso chileno.

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A intervenção do Banco Central chileno influenciou os negócios com câmbio na região. Já o Ibovespa encerrou o pregão no limiar dos 106 mil pontos, com a retirada de recursos externos voltando a pesar nos negócios. No acumulado de 2019, a saída de capital estrangeiro do mercado secundário da Bolsa brasileira soma mais de R$ 30 bilhões. Os juros futuros, por sua vez, recompuseram prêmios, diante de dados robustos sobre a atividade doméstica.

Agenda calibra BCs

A agenda econômica desta quinta-feira segue carregada. No Brasil, a temporada de balanços vai chegando ao fim e traz os resultados trimestrais d e JBS, Braskem e Sabesp, entre outros. Entre os indicadores, saem o primeiro IGP do mês, o IGP-10 (8h), e o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), às 9h.

O indicador deve apontar reforçar a percepção de retomada da economia brasileira, o que reacendeu a discussão sobre o fim do ciclo de cortes no juro básico neste ano, após a queda já esperada de mais 0,50 ponto na Selic em dezembro. Com a taxa de 4,50% de volta ao radar, perdem força as chances de quedas adicionais pelo BC em 2020.

Já no exterior, destaque para a leitura revisada do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro o trimestre passado, que sai logo cedo. Nos EUA, serão conhecidos o índice de preços ao produtor (PPI) em outubro e os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país, ambos às 10h30, além dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados, às 13h.

Além disso, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltar a discursar sobre perspectivas econômicas, a partir das 12h, desta vez, na Câmara dos Deputados. Ontem, ele deu mais uma indicação de que é improvável outro corte na taxa de juros norte-americana em dezembro, salvo uma piora significativa da economia dos EUA.

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