Mercado ecoa acordo entre EUA e China
Progresso nas negociações comerciais entre EUA e China abre caminho para acordo parcial, mas incertezas ainda existem

A semana começa com um feriado nos Estados Unidos (Dia de Colombo), o que mantém fechado os negócios com bônus e enxuga a liquidez em Wall Street, que abre normalmente hoje. Os investidores ainda ecoam o desfecho das negociações comerciais entre EUA e China, que adia novas tarifas contra US$ 250 bilhões em produtos chineses a partir de amanhã, mas já fazem uma releitura sobre o compromisso selado entre os dois países.
Um acordo comercial parcial, referente à primeira fase, deve ser assinado no mês que vem pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping, durante a cúpula dos países da Ásia-Pacífico (Apec), no Chile. Só que os investidores esperam muito mais do que um simples aperto de mãos entre os líderes das duas maiores economias do mundo, o que mantém a cautela nos negócios.
Para saber mais, leia em A Bula da Semana.
Apenas a Ásia reagiu em alta ao anúncio de acordo parcial entre EUA e China, feito na última sexta-feira, uma vez que os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho. Na Europa, as principais praças abriram em queda, penalizadas também pelas incertezas em torno do Brexit a cerca de 15 dias para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
A libra esterlina tem fortes perdas em relação ao dólar, após relatos de que os planos do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ainda não são bons o suficiente. O euro é contaminado e também recua, com o dólar ganhando terreno frente a outras moedas, como o xará australiano. Nas commodities, o petróleo e o minério de ferro caem mais de 1%.
Ainda assim, o sinal positivo entre as bolsas asiáticas ignorou os números piores que o esperado da balança comercial chinesa em setembro. Xangai liderou as altas, com +1,15%, ao passo que Hong Kong subiu 0,8% e o índice Shenzhen Composto avançou 1,4%. Tóquio permaneceu fechado devido a um feriado.
Leia Também
As bolsas chinesas relegaram a queda de 3,2% das exportações chinesas no mês passado, em termos dolarizados e em relação a um ano antes, bem como o recuo de 8,5% nas importações, no mesmo período. Com isso, o saldo da balança comercial chinesa ficou positivo em U$ 39,65 bilhões. A previsão era de quedas de 2,8% e -6%, respectivamente.
Mini acordo
Os números da balança comercial só realçam as perdas causadas pela disputa entre EUA e China, com as tarifas ora em vigor prejudicando a demanda e intensificando a perda de tração da atividade global. E o problema é justamente que o acordo parcial firmado entre os dois países não retira as tarifas anteriores já adotadas, por mais que adie novas sobretaxas.
Portanto, o “mini acordo” alcançado em Washington não altera os desafios em relação à desaceleração da economia global. Afinal, as questões cruciais entre os dois países seguem sem solução. Além disso, o risco é de que, antes de assinar a primeira fase, as negociações entrem em colapso de novo, já que há precedentes de quebra de acordo.
Assim, por mais que seja positivo, o acordo parcial não tende a ampliar o rali dos ativos de risco, que devem continuar respeitando o intervalo recente de negociação. Isso significa que dificilmente o Ibovespa irá superar a máxima histórica e o dólar irá cair abaixo de R$ 4,00 por causa do esfriamento da tensão comercial.
Para ir além, é preciso que um acordo mais amplo entre as duas maiores economias do mundo seja anunciado. Só assim, será possível superar essas barreiras de maneira mais clara. Assim, por mais que seja positivo, o acordo parcial não tende a ampliar o rali dos ativos globais de risco, que devem continuar respeitando o intervalo recente de negociação.
IPCA menor, Selic menor
No Brasil, a segunda-feira traz como destaque o relatório Focus (8h25). O documento do Banco Central deve trazer importantes revisões para baixo nas estimativas para a inflação oficial ao consumidor brasileiro e para a taxa básica de juros (Selic) em 2019 e em 2020. Essa perspectiva foi ventilada no mercado financeiro na semana passada, após os dados fracos do IPCA e da revisão do IBGE no cálculo do indicador.
A mudança é muito impactante. Levando-se em conta as alterações nos hábitos de consumo da população brasileira, o órgão que mensura os principais indicadores econômicos do país elencou o grupo Transportes como o de maior peso na composição do IPCA, superando a classe de despesa que se refere a alimentos e bebidas. Ou seja, a forma como as pessoas se locomovem passa a ser mais importante do que o se come.
Tal mudança tende a retirar mais de 0,10 ponto percentual do resultado do IPCA em 2020, conforme cálculos de especialistas. Apesar de não parecer muito, esse efeito não só abre espaço para que o juro básico seja menor neste ano, indo à mínima de 4,5%, como facilita que a Selic siga em um nível baixo por mais tempo, no decorrer do ano que vem. Essa visão levou a uma correção na curva de juros futuros, com intensa devolução de prêmios.
Além da dinâmica inflacionária comportada, os dados de atividade têm apresentado um desempenho melhor que o esperado da economia brasileira, tornando o cenário de recuperação doméstica mais disseminado. Assim, se por um lado o cenário de inflação baixa sugere cortes adicionais na taxa básica de juros; por outro, a retomada econômica diminui a necessidade de mais estímulos pelo Banco Central.
Aliás, o calendário do dia traz também o índice de atividade econômica do BC (IBC-Br), às 9h, que deve confirmar a melhora da economia doméstica no terceiro trimestre deste ano. Já no exterior, o feriado nos EUA esvazia a agenda norte-americana hoje, mas a segunda-feira traz a produção industrial na zona do euro em agosto, logo cedo, e a inflação ao consumidor chinês em setembro, no fim do dia. Também são esperados dados da balança comercial brasileira (15h).
Tarifas de Trump: o dia que o mercado caiu em uma fake news e não sabia que o pior estava por vir
Wall Street chegou a operar com alta de 1% por cerca de dez minutos nesta segunda-feira (7), mas a alegria durou pouco; entenda toda a confusão
Minerva prepara aumento de capital de R$ 2 bilhões de olho na redução da alavancagem. O que muda para quem tem ações BEEF3?
Com a empresa valendo R$ 3,9 bilhões, o aumento de capital vai gerar uma diluição de 65% para os acionistas que ficarem de fora da operação
EUA já estão em recessão, diz CEO de uma das maiores gestoras de ativos do mundo
Larry Fink, CEO da BlackRock, acredita que a inflação vai acelerar e dificultar a vida do banco central norte-americano no corte de juros
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Bilionário Bill Ackman diz que Trump está perdendo a confiança dos empresários após tarifas: “Não foi para isso que votamos”
O investidor americano acredita que os Estados Unidos estão caminhando para um “inverno nuclear econômico” como resultado da implementação da política tarifária do republicano, que ele vê como um erro
O grosseiro erro de cálculo de Donald Trump
Analistas de think tank conservador dizem que cálculo de Trump está errado e que as tarifas não têm nada de recíprocas nem fazem sentido do ponto de vista econômico
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Após o ‘dia D’ das tarifas de Trump, ativo que rende dólar +10% pode proteger o patrimônio e gerar lucros ‘gordos’ em moeda forte
Investidores podem acessar ativo exclusivo para buscar rentabilidade de até dólar +10% ao ano
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal
Bolso cheio, gôndola vazia? EUA esperam encher os cofres com tarifas — montante pode chegar a US$ 600 bilhões
Secretário do governo diz que a previsão de arrecadação considera valores anuais, embora exista expectativa de negociação com países — inclusive com a China
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA
As únicas ações que se salvaram do banho de sangue no Ibovespa hoje — e o que está por trás disso
O que está por trás das únicas altas no Ibovespa hoje? Carrefour sobe mais de 10%, na liderança do índice
China se deu mal, mas ações da Vale (VALE3) ainda têm potencial de alta, diz Genial; Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) devem sair mais prejudicadas
O cenário é visto como negativo e turbulento para as mineradoras e siderúrgicas brasileiras, porém, Vale está muito descontada e tem espaço para ganhos
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg