Mercado segue preocupado
Ausência de reviravoltas na guerra comercial trouxe alívio passageiro ao mercado financeiro ontem, mas investidores estão preocupados com impacto da disputa na economia global

O sentimento positivo visto no mercado financeiro ontem, em meio à sensação de que a guerra comercial arrefeceu, é substituído hoje pela retomada da tensão entre Estados Unidos e China, após o Banco Central chinês (PBoC) fixar a taxa de referência do yuan (renminbi) acima de 7 por dólar pelo segundo dia seguido e a Casa Branca adiar a decisão sobre a permissão para empresas norte-americanas fazerem negócios com a Huawei.
Mas os investidores estão mesmo preocupados é com o impacto de uma potencial escalada da disputa sino-americana no crescimento econômico global. Novos números mostraram que a economia do Japão cresceu em um ritmo bem acima do esperado no trimestre encerrado em junho, com o Produto Interno Bruto (PIB) expandindo-se à taxa anualizada de 1,8%, impulsionado pelo consumo, ante estimativa de alta de 0,4%.
No entanto, os dados mais recentes não significam que a perspectiva para o país seja otimista. A economia japonesa pode ter problemas para crescer nos próximos trimestres, já que o aumento de impostos ora em curso reduz o sentimento do consumidor, ao mesmo tempo em que o conflito comercial entre EUA e China afeta a confiança das empresas. Além disso, o crescimento positivo no trimestre anterior (+2,8%) deve ser descontado.
Tanto que o BC japonês (BoJ) resolveu agir e elevou as compras de bônus de curto prazo, em um movimento que indica que a autoridade monetária está tentando lidar com o achatamento (flattening) da curva de juros. Em reação, o iene se fortaleceu pelo terceiro dia, levando o dólar abaixo da faixa de 106 ienes. Nas demais moedas, o yuan estava estável, cotado a 7,05 por dólar nas negociações offshore, após uma taxa de referência a 7,0136.
Nos bônus, o rendimento (yield) dos títulos norte-americanos de curto prazo avança, enquanto o de vencimentos mais longos recua. Entre as bolsas, as praças europeias abriram em queda, acompanhando o sinal negativo nos índices futuros das bolsas de Nova York, após uma sessão mista na Ásia. Tóquio subiu 0,44%, mas Xangai caiu 0,7%, reagindo também ao avanço da inflação ao consumidor chinês (CPI) para o maior nível em 17 meses.
O CPI teve alta de 2,8% em julho, em base anual, ficando praticamente em linha com a previsão de +2,7%. Os preços dos alimento seguiram pressionados pela gripe suína, registrando alta de 9,1%, na mesma base de comparação. De volta aos mercados, nas commodities, o petróleo oscila em alta, ao passo que o minério de ferro registrou nova queda.
Leia Também
Recessão à vista?
A ausência de novas reviravoltas na disputa comercial ajudou a manter os investidores em um clima de compra ontem, sustentado pela perspectiva de cortes agressivos nos juros pelos bancos centrais pelo mundo. Mas o temor quanto a uma recessão nos EUA até 2021 também assusta, já que as tensões comerciais alimentam incertezas econômicas.
Com isso, os investidores anteciparam as apostas e preveem agora que o próximo corte da taxa de juros pelo Federal Reserve será em setembro, e não em dezembro, com uma nova dose de 0,25 ponto. A questão é que a tensão comercial tem forças para desestabilizar uma economia estável, como a dos EUA.
Em contrapartida, a China tenta fazer o que pode, adotando uma tática na disputa. De qualquer forma, será muito difícil para ambos os lados recuarem agora, o que tende a provocar um impacto negativo tanto para o crescimento quanto para a inflação. Por isso, o conflito entre os dois países tem agitado o mercado financeiro.
Mas é bom lembrar que um acordo duradouro e abrangente entre EUA e China ainda não foi colocado na mesa, o que tende a manter o vaivém nos negócios em ritmo intenso. Afinal, parece que nem o presidente Donald Trump nem Pequim têm qualquer incentivo concreto para chegar à mesa de negociação.
Além das diferentes visões que ambos os lados têm sobre comércio e investimentos, é praticamente impossível que EUA e China consigam alcançar um ponto em comum sobre diferentes tópicos, que envolvem desde direitos de propriedade intelectual até subsídios a empresas estatais. A questão, portanto, não é se as tensões aumentariam, mas quando.
Reforma em foco
Por aqui, os investidores seguem atentos ao andamento da reforma da Previdência, agora, no Senado, enquanto aguardam o início das tratativas em torno da reforma tributária. O senador Tasso Jereissati foi escolhido relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e disse que irá entregar um parecer em até três semanas.
Segundo ele, deve haver o “mínimo possível” de mudança no texto. Diante disso, uma eventual inclusão de estados e municípios na proposta deve ser discutida em outra PEC, de modo a evitar que o processo volte aos deputados. Essa PEC paralela terá uma tramitação autônoma entre os senadores para, então, ser encaminhada à Câmara.
Olho na agenda do dia
A semana chega ao fim com mais dados de atividade no Brasil, desta vez sobre o desempenho do setor de serviços em junho (9h). Somados aos números sobre o varejo e a indústria, o resultado será importante para aferir o desempenho da economia brasileira (PIB) no segundo trimestre deste ano, sendo que o risco de uma recessão é crescente.
Já no exterior, merece atenção uma série de indicadores do Reino Unido, com destaque para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre passado. Os números serão importantes para avaliar o estado da economia britânica, às vésperas do Brexit. Nos EUA, sai o índice de preços ao produtor em julho (9h30).
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Vai dar para ir para a Argentina de novo? Peso desaba 12% ante o dólar no primeiro dia da liberação das amarras no câmbio
A suspensão parcial do cepo só foi possível depois que o governo de Javier Milei anunciou um novo acordo com o FMI no valor de US$ 20 bilhões
Bolsas perdem US$ 4 trilhões com Trump — e ninguém está a salvo
Presidente norte-americano insiste em dizer que não concedeu exceções na sexta-feira (11), quando “colocou em um balde diferente” as tarifas sobre produtos tecnológicos
Alívio na guerra comercial injeta ânimo em Wall Street e ações da Apple disparam; Ibovespa acompanha a alta
Bolsas globais reagem ao anúncio de isenção de tarifas recíprocas para smartphones, computadores e outros eletrônicos
Azul (AZUL4) busca até R$ 4 bilhões em oferta de ações e oferece “presente” para acionistas que entrarem no follow-on; ações sobem forte na B3
Com potencial de superar os R$ 4 bilhões com a oferta, a companhia aérea pretende usar recursos para melhorar estrutura de capital e quitar dívidas com credores
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Guerra comercial: 5 gráficos que mostram como Trump virou os mercados de cabeça para baixo
Veja os gráficos que mostram o que aconteceu com dólar, petróleo, Ibovespa, Treasuries e mais diante da guerra comercial de Trump
Trump virou tudo do avesso (várias vezes): o resumo de uma das semanas mais caóticas da história — como ficaram dólar, Ibovespa e Wall Street
Donald Trump virou os mercados do avesso várias vezes, veja como ficaram as bolsas no mundo todo, as sete magníficas, Ibovespa e dólar
Dólar livre na Argentina: governo Milei anuncia o fim do controle conhecido como cepo cambial; veja quando passa a valer
Conhecido como cepo cambial, o mecanismo está em funcionamento no país desde 2019 e restringia o acesso da população a dólares na Argentina como forma de conter a desvalorização do peso
Bitcoin (BTC) em tempos de guerra comercial: BTG vê janela estratégica para se posicionar na maior criptomoeda do mundo
Relatório do BTG Pactual analisa os impactos das tarifas no mercado de criptomoedas e aponta que ainda há espaço para investidores saírem ganhando, mesmo em meio à volatilidade
Após semana intensa, bolsas conseguem fechar no azul apesar de nova elevação tarifária pela China; ouro bate recorde a US$ 3.200
Clima ainda é de cautela nos mercados, mas dia foi de recuperação de perdas para o Ibovespa e os índices das bolsas de NY
Gigantes da bolsa derretem com tarifas de Trump: pequenas empresas devem começar a chamar a atenção
Enquanto o mercado tenta entender como as tarifas de Trump ajudam ou atrapalham algumas empresas grandes, outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido
Tarifa total de 145% dos EUA sobre a China volta a derrubar bolsas — Dow perde mais de 1 mil pontos e Ibovespa cai 1,13%; dólar sobe a R$ 5,8988
A euforia da sessão anterior deu lugar às incertezas provocadas pela guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo; Wall Street e B3 devolvem ganhos nesta quinta-feira (10)