A Bula da Semana: Realização à vista
Reforma da Previdência fica para depois do recesso e deve levar a ajuste nos preços de ativos

Os ativos financeiros locais devem passar por alguma realização de lucros no decorrer dos próximos dias agora que o segundo turno da reforma da Previdência deve ficar mesmo para o início de agosto, já que o recesso começa esta semana.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aparentemente fez tudo o que estava a seu alcance para tentar passar a reforma em dois turnos antes do recesso parlamentar, mas não parece disposto a arcar com o risco de ver proposta de emenda à constituição ficar numa situação inconclusiva por causa da pausa nas atividades do Congresso, com início marcado para a quinta-feira.
Em grande medida, o empenho de Maia figurou como o esteio do excessivo otimismo dos agentes do mercado financeiro na rápida aprovação da reforma. Mais do que na oposição, porém, Maia esbarrou na recorrente inépcia do governo Jair Bolsonaro na lida com o cotidiano do Congresso Nacional.
O presidente da Câmara jogou a toalha no fim de semana, depois da aprovação dos destaques ao texto-base da reforma. A expectativa original de Maia e seus aliados era tirar os destaques do caminho na última quarta-feira, quando o texto-base foi aprovado, mas o processo arrastou-se pelo restante da semana.
Os destaques ao texto-base já desidrataram bastante a reforma da Previdência. A economia ao término de dez anos dificilmente passará perto do R$ 1,2 trilhão originalmente pretendido pelo ministro Paulo Guedes. Cálculos independentes ao término da votação do texto-base sugeriam uma economia de R$ 744 bilhões. E isto antes da apreciação dos destaques.
Observadores advertem ainda que a chegada do recesso tem o potencial de afetar acordos anteriormente costurados, principalmente por conta da mudança na articulação política do Palácio do Planato, que saiu das mãos do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e passou para as do general Luiz Eduardo Ramos.
Leia Também
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
O otimismo nos mercados em relação à reforma da Previdência fez do índice Ibovespa um dos que mais avançaram até agora em julho em todo o mundo. Apesar dos leves recuos do fim da semana passada, o Ibovespa permaneceu muito próximo de seus níveis recordes.
A conclusão do primeiro turno certamente traz um pouco de alívio, mas o adiamento do segundo turno da reforma da Previdência para agosto, aumentam as chances de que, depois do “subir no boato”, o Ibovespa recue “no fato”.
Afrouxamento monetário segue no radar
Se para os mercados de ações, uma realização nos lucros parece se avizinhar, os mercados de câmbio e de juros futuros da dívida ainda parecem dispor de espaço para apreciação, ainda que bem mais restrito. Enquanto o real torna-se mais atrativo contra o dólar pelo diferencial de juros, uma ação iminente do Banco Central (BC) segue no radar.
Indicadores econômicos previstos para esta semana devem reforçar o diagnóstico de que a economia brasileira não vai conseguir se reerguer sem uma ajudinha extra. A aprovação da reforma da Previdência segue como uma das condições do BC para iniciar uma nova rodada de cortes de juros. E o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, mostrou-se bastante satisfeito com a aprovação do texto-base da reforma em primeiro turno.
Ainda assim, analistas advertem que não se deve depositar no corte de juro as fichas de um estopim da retomada do crescimento econômico. No Brasil, a taxa Selic está em seu piso histórico (6,5%) há mais de um ano. Falta, na visão desses analistas, medidas que estimulem a demanda e façam a economia voltar a girar.
Seja como for, o mistério vai persistir até o fim do mês, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC finalmente se reunirá para decidir se a taxa oficial de juro (Selic) será reduzida a um novo piso histórico.
É preciso observar também que a iminência de uma nova rodada de cortes não é exclusividade da situação brasileira. Os principais bancos centrais sinalizam com o iminente início de uma nova rodada de afrouxamento monetário apesar de os preços das ações estarem próximos de níveis recordes no Brasil, nos Estados Unidos e em diversas bolsas de valores europeias e asiáticas,.
Na semana passada, em seus testemunhos perante a Câmara e o Senado dos Estados Unidos no decorrer, o presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Jerome Powell, deixou claro que a política de guerra comercial de Donald Trump é o principal fator de instabilidade por trás da discussão de uma nova rodada de cortes pela autoridade monetária dos EUA.
Analistas observam que o Fed não corta juros há uma década e não há fatores internos que justifiquem alívio monetário, uma vez que o desemprego visível flerta com os níveis mais baixos em meio século e dados como os de vendas no varejo e consumo das famílias encontram-se em níveis considerados saudáveis.
As incertezas provocadas pelos conflitos comerciais deflagrados por Trump contra os principais parceiros dos Estados Unidos são apontadas como um dos entraves a uma reaceleração do crescimento econômico global. Neste sentido, a semana começou sob o peso dos dados do PIB chinês no segundo trimestre, que desaceleraram ao nível mais baixo da série histórica.
Novos sinais sobre os próximos passos do Fed podem emergir em declarações e discursos de Powell previstos para o decorrer desta semana.
Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:
Segunda-feira: O dia deve começa sob o impacto dos dados oficiais do PIB da China no segundo trimestre de 2019 e de produção industrial e vendas no varejo em junho. No Brasil, o destaque é o IBC-Br, prévia mensal do PIB brasileiro medida pelo Banco Central. A pesquisa Focus do Banco Central também pode trazer novas revisões nas estimativas do mercado para a inflação, o PIB e a taxa Selic.
Terça-feira: A Fundação Getúlio Vargas divulga os dados do IGP-10 de julho, que servem de prévia para a inflação no mês anterior. Nos Estados Unidos, o Departamento de Comércio divulga às 9h30 os números de vendas no varejo em junho. Às 10h15, o Fed divulga os dados sobre a produção industrial referentes a junho. Às 12h, o presidente do Fed, Jerome Powell discursa em evento em Paris.
Quarta-feira: O Fed divulga às 15h os dados do Livro Bege, relatório no qual a autoridade monetária avalia a situação econômica do país.
Quinta-feira: A CNI divulga os dados sobre a confiança dos empresários do setor industrial em julho. Em Brasília, o Congresso Nacional entra em recesso.
Sexta-feira: Não há indicadores econômicos nem eventos políticos relevantes previstos em agenda.
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Gigantes da bolsa derretem com tarifas de Trump: pequenas empresas devem começar a chamar a atenção
Enquanto o mercado tenta entender como as tarifas de Trump ajudam ou atrapalham algumas empresas grandes, outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido
Tarifa total de 145% dos EUA sobre a China volta a derrubar bolsas — Dow perde mais de 1 mil pontos e Ibovespa cai 1,13%; dólar sobe a R$ 5,8988
A euforia da sessão anterior deu lugar às incertezas provocadas pela guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo; Wall Street e B3 devolvem ganhos nesta quinta-feira (10)
Dia de ressaca na bolsa: Depois do rali com o recuo de Trump, Wall Street e Ibovespa se preparam para a inflação nos EUA
Passo atrás de Trump na guerra comercial animou os mercados na quarta-feira, mas investidores já começam a colocar os pés no chão
Brava Energia (BRAV3) e petroleiras tombam em bloco na B3, mas analistas veem duas ações atraentes para investir agora
O empurrão nas ações de petroleiras segue o agravamento da guerra comercial mundial, com retaliações da China e Europa às tarifas de Donald Trump
Sem pílula de veneno: Casas Bahia (BHIA3) derruba barreira contra ofertas hostis; decisão segue recuo de Michael Klein na disputa por cadeira no conselho
Entre as medidas que seriam discutidas em AGE, que foi cancelada pela varejista, estava uma potencial alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill; entenda
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é de que, apenas neste ano, a receita líquida média atinja US$ 7,3 bilhões — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Trump dobra a aposta e anuncia tarifa de 104% sobre a China — mercados reagem à guerra comercial com dólar batendo em R$ 6
Mais cedo, as bolsas mundo afora alcançaram fortes ganhos com a sinalização de negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais; mais de 70 países procuraram a Casa Branca, mas a China não é um deles
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Minerva prepara aumento de capital de R$ 2 bilhões de olho na redução da alavancagem. O que muda para quem tem ações BEEF3?
Com a empresa valendo R$ 3,9 bilhões, o aumento de capital vai gerar uma diluição de 65% para os acionistas que ficarem de fora da operação
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA