Aqui quem fala é Julia Wiltgen. Minha missão como repórter do Seu Dinheiro é ajudar você a entender o mundo financeiro e tomar as melhores decisões de investimento para construir e preservar o seu patrimônio pessoal.
Faz quase dez anos que eu escrevo sobre finanças e investimentos para a pessoa física. Comecei nessa área logo que me formei em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pois é, uma das primeiras coisas que a galera aqui em São Paulo repara em mim é no meu sotaque. Apesar do bronzeado Faria Lima e da carinha de paulista, sou carioca da gema, nascida e criada na Tijuca, zona norte do Rio. Falo chiado, curto um sambinha e, embora não pareça, até gosto de praia (com protetor solar fator 50, é claro).
Quem me vê hoje de blazer e óculos falando de previdência privada, fundos multimercados, precificação de títulos de renda fixa e outros termos que, para muitos, mais parecem palavrões até pode achar que eu queria fazer isso desde criancinha.
Mas não foi bem assim. A verdade é que eu caí de paraquedas no jornalismo econômico. Vim para São Paulo logo depois de me formar, em 2010, para fazer o Curso Abril de Jornalismo, uma espécie de programa de trainee que a Editora Abril promovia para jovens recém-formados no antigo Novo Edifício Abril, na Avenida das Nações Unidas, em Pinheiros.
Minha vontade inicialmente era trabalhar em revista, preferencialmente cobrindo cultura, assim como nove entre dez estudantes de jornalismo. Afinal, eu vinha seguindo a agenda típica: escolhi o curso de Comunicação Social porque gostava de escrever e me parecia um bom jeito de ganhar a vida até me tornar uma best-seller como escritora de ficção. Como bailarina e cantora frustrada, eu seria repórter de cultura durante o dia e trabalharia nos meus romances à noite. RISOS.
Porém, durante o curso, meu lado realista e pragmático começou a conflitar com meu lado artístico e sonhador. A internet se mostrava como o presente e o futuro, e cobrir um assunto que as pessoas acompanham porque precisam, e não necessariamente porque gostam, me pareceu mais promissor profissionalmente. Achei que seria uma forma efetiva de ajudar as pessoas, o que, romantismo à parte, sempre foi o que mais me fascinou no jornalismo.
Terminado o Curso Abril, consegui uma vaga em Exame.com, que apenas começava a crescer. Nunca soube direito por que fui parar ali na editoria de finanças pessoais. Me desculpe por não ter uma história mais inspiradora sobre o meu começo no jornalismo econômico, mas meu compromisso é com os fatos. Uma parte foram escolhas profissionais racionais, a outra foi o acaso mesmo.
No início, eu nem sabia o que era taxa Selic, e tive que aprender tudo ali, no calor da batalha da redação. Acabei tomando gosto por falar de dinheiro, pelo desafio de traduzir o financês para os reles mortais como eu e – por que não – por encher meu cofrinho e dar meus pulinhos no mundo dos investimentos. Tive mentores formidáveis, entre fontes, colegas e chefes, fiz uma série de cursos e, finalmente, uma pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking na FIA.
Mas a vida em São Paulo cobrou seu preço. Não consegui me adaptar. Sentia falta do Rio, da família, dos amigos e acabei fazendo o caminho de volta. Na minha fase carioca, trabalhei no mercado financeiro, escrevendo conteúdo educativo, primeiro numa fintech, depois numa corretora de valores. Foi uma grande oportunidade de aprender sobre “o outro lado” da coisa.
Depois de três anos de uma cidade que deixou de ser maravilhosa ao cair do pano das Olimpíadas de 2016, percebi que São Paulo havia plantado uma sementinha em mim. A verdade é que uma mente que se abre às possibilidades da Pauliceia nunca volta ao seu tamanho original. O Rio morria a olhos vistos, enquanto São Paulo me chamava de volta. Voltei e aqui estamos.
Quando comecei no jornalismo financeiro, o Brasil decolava com o Cristo Redentor da icônica capa da Economist. OGX bombava, Petrobras planejava uma mega capitalização na bolsa, e os preços dos imóveis disparavam, a ponto de levantar temores sobre uma bolha. Os juros chegaram aos seus menores patamares históricos até então, e o governo mexeu na regra da poupança, fatos que tiraram os brasileiros da zona de conforto de ganhar dinheiro no mercado financeiro sem correr risco.
“Nunca antes na história deste país”, poupar, investir e construir patrimônio parecia tão possível, mesmo para quem não havia nascido em berço de ouro. Dava para planejar o futuro e investir em algo além de poupança e imóveis. Novos produtos financeiros surgiam, mas faltava informação de qualidade e educação financeira a todas aquelas pessoas ávidas por multiplicar suas reservas. Ajudá-las a tomar as melhores decisões e receber suas mensagens de gratidão tornou-se o ponto alto do meu trabalho.
Algum tempo depois, o Brasil entrou em uma profunda recessão. Mas a informação financeira de qualidade não se tornou menos importante, pelo contrário. As oportunidades ainda estão por aí, e os perigos também. E é para isso que estou aqui: pra ajudar você a entender esse emaranhado todo, aprender a se proteger e, é claro, ganhar dinheiro.