Amor, dinheiro e os pirralhos correndo pela casa
O que a economia tem a ver com isso? Eu nunca tinha me feito essa pergunta antes, mas ela foi instigante o suficiente para me fazer ir atrás de “Love, Money, Parenting”
Todos os pais e mães fazem tudo ao seu alcance para dar a melhor educação e oferecer as mais variadas oportunidades para seus filhos. E se você pretende ter um (ou mais de um) pirralho correndo pela casa algum dia, deve ter algumas ideias de como fazer isso da melhor maneira possível. E o que "determina" (na falta de uma palavra melhor) a receita de educação que temos na cabeça?
Estamos convencidos, é claro, de que a cultura como um todo possa fazer isso. Acreditamos que seremos diferentes dos nossos pais, e muito possivelmente seremos mesmo. E sabemos que em outros países existem outras boas práticas. Os clichês de "em tal país, os pais são menos apegados" "em tal país, as crianças são menos mimadas pelos pais" estão aí para provar.
Mas o quanto da economia é parte disso?
Eu nunca tinha me feito essa pergunta antes, nem ao olhar para como meus pais decidiram me criar, nem ao pensar no que eu entendo como uma educação adequada caso eu tivesse um filho. Mas ela foi instigante o suficiente para me fazer ir atrás de Love, Money, Parenting.
É tão simples e tão completo quanto entender como a economia ajuda a explicar a forma como os filhos são criados. Neste livro, você verá termos como "incentivo econômico" em uma explicação sobre maternidade e paternidade. Mas, aqui, essa relação aparece quase como se fosse algo bastante óbvio (talvez seja mesmo).
Renda e educação aparecem fornecendo os tais incentivos econômicos sobre como lidamos com nossas crias. E as diferenças se manifestam entre tempos, entre países e até mesmo dentre classes dentro de uma mesma sociedade.
Educação para a riqueza
Se apenas a curiosidade do entendimento não for suficiente, os autores Matthias Doepke e Fabrizio Zilibotti ainda se dão ao trabalho de dar um propósito a sua pesquisa: mostram como a distância entre a forma de educar de famílias mais ricas e mais pobres pode alimentar a diferença de acesso a oportunidades e sugerem políticas que podem ajudar a diminuí-las.
Infelizmente, o livro acabou de ser lançado lá fora e ainda não tem edição em português no Brasil. Mas é possível encontrar em e-book para comprar na internet.
Para ser bem sincera, o título que eu sugiro para pais e filhos aqui botarem a leitura em dia nas horas de descanso entre um bloco de Carnaval e outro foi um achado por acaso. Esses costumam ser os melhores.
O que me levou a ele foi um anúncio da Princeton University Press que trazia um comentário de um dos autores de Por que as nações fracassam, Daron Acemoglu. O que ele dizia basicamente é, em tradução livre: "Economia é normalmente a última coisa na cabeça das pessoas quando elas pensam sobre paternidade. Esse livro maravilhoso e original pretende mudar isso".
Missão cumprida.