A meta do BTG Pactual: virar o sexto maior banco de varejo do país
Banco lançou uma nova unidade para reunir todos os negócios voltados a pessoas físicas e pequenas e médias empresas e prepara uma venda de R$ 2 bilhões em ações
Foi difícil arrancar números dos executivos do BTG Pactual na entrevista coletiva sobre o lançamento da iniciativa digital do banco. A justificativa foi a oferta de ações de R$ 2 bilhões que foi anunciada junto com a criação da nova unidade que vai reunir todos os negócios voltados a pessoas físicas e pequenas e médias empresas. As regras da CVM exigem discrição na divulgação de estimativas durante o processo da oferta.
Mas Amos Genish, mais novo sócio do BTG e responsável pelo projeto deu uma medida das ambições. "Nosso objetivo é ser o sexto maior banco de varejo do país", afirmou aos jornalistas hoje, na sede do banco.
Isso significa que o BTG espera ficar logo atrás do pelotão formado pelos gigantes Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Santander Brasil, que hoje detêm 85% do mercado brasileiro.
Não se trata de uma missão tão difícil, ainda mais porque o banco não sai do zero. A nova unidade liderada por Genish vai reunir a plataforma de investimentos lançada pelo banco no início de 2017, que será ampliada para passar a oferecer uma conta digital completa. A participação no Banco Pan - controlado em conjunto com a Caixa - também ficará sob essa unidade.
Ainda neste ano o aplicativo do BTG passará a oferecer transferência para contas de outras titularidades e pagamento de contas. Também está previsto o lançamento de um cartão de débito e crédito, mas ainda sem data.
O banco mantém trancado a sete chaves o número e o volume de recursos de clientes na plataforma digital. Mas o valor sob custódia dobrou nos últimos quatro meses, segundo Marcelo Flora, sócio responsável pela plataforma.
Dentro da estrutura desenhada para o varejo, o BTG ficará responsável pelos clientes da classe A e B, enquanto que o Banco Pan atenderá os correntistas das classes C e D.
A negociação para a entrada de Genish no quadro de sócios durou aproximadamente seis semanas. Embora não tenha experiência prévia no setor bancário, ele é um especialista na chamada "experiência do cliente", uma das prioridades do banco com o projeto, segundo Roberto Sallouti, presidente do BTG.
Genish foi o fundador da GVT, uma empresa criada logo após as privatizações da telefonia para competir com a da Brasil Telecom (atual Oi). A empresa cresceu, abriu o capital na bolsa e foi vendida para o grupo francês Vivendi, que negociou posteriormente a companhia para a Vivo, empresa da qual Genish se tornou presidente depois.
Depois de recuaram ontem com a notícia da oferta de ações, as units (recibos de ações) do banco (BPAC11) eram negociados em forte alta de 5,72% por volta das 15h45 de hoje. Confira também nossa cobertura completa de mercados.
Por que vender?
Se o projeto do banco digital de varejo é tão bom assim, por que os sócios do BTG decidiram vender R$ 2 bilhões na bolsa em uma oferta de ações?
Sallouti respondeu que a venda vai contribuir para o aumento da liquidez das units, uma demanda do mercado. Ele disse que a listagem dos papéis no Nível 2 de governança corporativa da B3, assim como a separação da participação detida no banco suíço EFG também serão feitas a pedido dos investidores.
"Com a oferta nós endereçamos esses três pontos e trazemos mais investidores, mas provavelmente vamos deixar um upside [potencial de valorização] na mesa", afirmou.