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Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
A visão dos gestores

A bolsa vai subir? Saiba como cinco fundos multimercados estão posicionados em ações

A ameaça de um acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China assustou, mas não mudou a visão positiva de algumas das principais gestoras de fundos multimercados para o desempenho da bolsa brasileira

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
12 de setembro de 2019
5:59 - atualizado às 14:11
Imagem mostra jogo de xadrez com simulações de gráficos
Imagem: Shutterstock

A bolsa vai subir? Quem é (bem) pago para investir bilhões de reais em recursos de clientes diz que sim. A ameaça de um acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China assustou no mês passado, mas as principais gestoras de fundos multimercados seguem otimistas (e compradas) em ações brasileiras.

Os multimercados – que como diz o nome investem em diferentes classes de ativos – podem aumentar, diminuir ou até mesmo apostar contra a bolsa. Mas das cinco gestoras que eu selecionei para esta reportagem – Adam, Kinea, Legacy, SPX e Verde – nenhuma mantinha posições líquidas vendidas em ações no mercado local no fim do mês passado.

É sempre bom lembrar que os gestores não são meros “palpiteiros”. Nenhum deles vai muito longe se as expectativas traçadas para o mercado não se traduzirem em retorno para os cotistas. Os fundos multimercados, em particular, são ainda mais cobrados porque podem, em tese, ganhar em qualquer cenário.

O mês de agosto foi daqueles típicos em que a convicção dos gestores foi testada. O Ibovespa fechou em queda de 0,67% e o dólar se valorizou mais de 10%. Já o CDI – indicador de referência para o desempenho da maioria dos fundos – ficou em 0,50% em agosto e acumula uma alta de 4,16% no ano.

Em suas cartas mensais, as gestoras destacaram o que sabemos: os mercados no Brasil foram contaminados pela piora no cenário externo ao longo do mês passado.

Além do acirramento da guerra comercial, a surpresa com a vitória da oposição nas primárias das eleições argentinas acabou respingando por aqui. Mas isso não significa que o fim do ciclo de alta das ações no Brasil esteja no fim. Ao contrário, os fundos mantiveram e alguns até aumentaram a exposição à bolsa.

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Aliás, a surpresa positiva em agosto veio justamente da economia brasileira, com a divulgação da alta de 0,4% do PIB no segundo trimestre. O resultado veio acima das expectativas do mercado mas em linha com o que algumas gestoras esperavam.

Saiba a seguir como os gestores de fundos multimercados se comportaram em agosto e as principais posições para este mês:

Verde aumenta posição em ações

O lendário fundo de Luis Stuhlberger, teve um mês difícil em agosto, com um retorno de apenas 0,18%, mas continua batendo de longe o CDI no ano, com uma alta de 8,79%.

Com um total de R$ 42 bilhões sob gestão, a gestora aproveitou a queda da bolsa para aumentar as posições em ações brasileiras em seu fundo clássico, que acumula uma rentabilidade que supera os 17.000% desde o início, em 1997, contra pouco mais de 2.000% do CDI no mesmo período.

“Temos visto mais oportunidades de aumentar do que diminuir o risco dos portfólios, mas a complexidade do ambiente nos mantém permanentemente de sobreaviso”, escreveram os gestores.

Além da bolsa, o Verde aumentou a aposta de queda de dólar ao longo do mês passado e manteve a posição aplicada em juro real.

Legacy vendido em bolsa (americana)

Quem também segue otimista com o cenário local é a Legacy. A gestora fundada no ano passado por ex-profissionais da tesouraria do Santander caiu rapidamente no gosto dos investidores e conta hoje com um patrimônio de R$ 8,2 bilhões

No mês passado, o fundo rendeu 114% do CDI, mesmo com uma queda de 0,40% nas posições em ações na carteira. Apesar do desempenho no mês passado, a Legacy manteve a aposta na bolsa brasileira.

“Na parte local, nossa visão segue otimista, lastreada em nossa convicção quanto a perspectivas de aceleração da atividade econômica à frente e de avanço nas agendas de reformas”, escreveu a gestora, em sua carta mensal.

Para a Legacy, as ações brasileiras devem se descolar do mercado americano. “Mantivemos posições vendidas no S&P [índice da bolsa de Nova York] ao longo de agosto e tencionamos manter essa posição.”

SPX mantém aposta em bolsa e dólar

O estrelado fundo Nimitz da gestora de Rogério Xavier surfou nos mares revoltos do mês passado com um retorno de 1,51% – o triplo do CDI no período.

A alta em agosto veio principalmente da aposta no dólar. A gestora que possui um total de R$ 38,5 bilhões em patrimônio informou que segue comprada na moeda norte-americana, o que poderá pesar contra o fundo no resultado deste mês se o câmbio mantiver a atual tendência de queda.

Na carta do mês passado, a SPX fala em um cenário de "bear market político" que pode afetar o desempenho dos mercados. Assim como a Legacy, a gestora mantém uma exposição líquida vendida no mercado acionário americano.

Para a SPX, os ativos brasileiros devem seguir o caminho trilhado no resto do mundo. Mesmo assim, o fundo possui alocação comprada na bolsa brasileira, principalmente em ações dos setores de utilities (energia elétrica) e consumo.

Kinea tem ganho com bolsa em agosto

Enquanto boa parte dos multimercados amargou perdas com a exposição em bolsa no mês passado, a aposta no mercado de ações trouxe resultado positivo para os fundos da Kinea.

O Chronos, principal produto da gestora controlada pelo Itaú Unibanco, praticamente empatou com o CDI no mês passado, com uma rentabilidade de 0,50%. Nos últimos 12 meses, o fundo rende 153,9% do indicador de referência.

A Kinea segue comprada na bolsa com posições principalmente em ações dos setores de consumo, serviços financeiros e elétricas. Ou seja, aqueles mais ligados à economia doméstica.

A gestora também atua com a estratégia de pares de ações, ou seja, com a compra de uma ação combinada com a venda de outra. "O principal destaque positivo foi para o intersetorial comprado em logística contra indústria, enquanto o principal destaque negativo foi o intrasetorial em educação", escreve a Kinea, no relatório de agosto.

Adam neutra em bolsa

Das cinco gestoras de fundos multimercados que eu selecionei para esta matéria, apenas a Adam, do gestor Marcio Appel, não tinha posição comprada na bolsa brasileira no fim de agosto. Com R$ 26 bilhões sob gestão, a Adam obteve um retorno de 0,50% em seu fundo principal no mês passado e acumula rentabilidade de 5,30% em 2019.

"Embora se encontre no início de seu ciclo econômico, não consideramos que o Brasil será capaz de se desvencilhar do cenário global e mantemos visão neutra em relação à bolsa local", escreveu a gestora.

E você, compartilha da visão dos gestores de fundos sobre a bolsa? Conte como está sua posição no mercado de ações nos comentários logo abaixo.

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