Trump vai deixar seu vinho mais caro? Como as tarifas de 200% sobre as bebidas europeias nos EUA podem impactar o mercado brasileiro
Mal estar entre os EUA e a União Europeia chega ao setor de bebidas; e o consumidor brasileiro pode ‘sentir no bolso’ essa guerra comercial

Donald Trump não quer perder nenhuma batalha dentro da guerra comercial que ele mesmo travou, desde que assumiu novamente a presidência. E isso está resultando em um “toma lá, dá cá” de grandes impactos no xadrez global — que deve respingar até aqui no Brasil.
Em resposta às tarifas sobre o aço e o alumínio, que entraram em vigor ontem (12), a União Europeia decidiu aplicar tarifas contrárias sobre produtos norte-americanos a partir do próximo mês. Entre eles, o uísque estadunidense e as motocicletas Harley Davidson.
Nesta quinta-feira (13), Trump anunciou a “revanche”: as bebidas europeias vão ter que arcar com impostos de 200% para chegarem aos consumidores americanos.
Em publicação na rede social Truth Social, Trump afirmou que a UE era uma das autoridades tarifárias mais “hostis” e “abusivas” do mundo e que foi formada unicamente para tirar vantagem dos EUA.
"Se esta tarifa não for removida imediatamente, os EUA em breve imporão uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos, champanhes e produtos alcoólicos provenientes da França e de outros países representados pela UE. Isso será ótimo para as empresas de vinho e champanhe nos EUA”, completou.
Bebidas alcoólicas europeias podem ficar mais caras no Brasil?
A dúvida que resta é: essa briga de cão e gato entre os Estados Unidos e a União Europeia pode “respingar” no Brasil e fazer os vinhos, conhaques, champanhes, uísques e demais bebidas alcoólicas ficarem mais caras por aqui?
Leia Também
O professor de relações internacionais da ESPM, Demetrius Pereira, explica que, com as bebidas europeias ficando mais caras, o consumidor americano pode comprar menos e causar, indiretamente, uma alteração nos preços internacionais também.
Tudo se explica pela lei da oferta e demanda.
“Se os europeus pararem de vender pro mercado americano, eles podem vender para outros países — entre eles, o Brasil. O que pode causar, na verdade, o efeito reverso e baratear as bebidas europeias aqui, já que, pela lei de oferta e procura, terá mais oferta do que procura, o que tende a baixar os preços.”
Por ora, o Brasil foi afetado pelo “tarifaço” de Trump apenas através do aço e do alumínio. No entanto, caso o republicano decida mirar o setor de bebidas e alimentos brasileiro, é esperado que itens como café, açúcar, carne, soja e suco de laranja sejam impactados, explica Pereira.
Vale lembrar que o Brasil já teve um desentendimento comercial com os EUA em relação ao suco de laranja, quando o país resolveu subsidiar a produção na Flórida e acabou prejudicando as vendas brasileiras no mundo todo.
O impacto nas empresas
Se Trump vai, de fato, seguir com os novos impostos ou não, ainda não se sabe. Isso porque o presidente tem usado essas ameaças de tarifas como uma tática de negociação, desde que voltou à Casa Branca.
“Isso funcionou, em certa medida, com o México e com o Canadá. Mas, caso ele veja que não tem mais espaço para a negociação, realmente as tarifas tendem a entrar em vigor”, explica o professor da ESPM.
A União Europeia afirmou que continua aberta a negociações e que considera que tarifas mais altas não são do interesse de ninguém.
A relação entre o bloco econômico e o país da América do Norte já está bem estremecida no campo geopolítico, com a aproximação entre EUA e Rússia e as questões de investimentos militares na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Agora, esse mal estar tende a se estender pro campo econômico e comercial, na visão de Pereira.
Ainda que nada esteja oficializado no momento, as ações das empresas de bebidas já começaram a demonstrar fragilidade diante das notícias.
Os papéis da LVMH, maior grupo de luxo do mundo e responsável pela Moet Hennessy, fecharam com queda de 1% na bolsa de Paris hoje. No acumulado do ano, a ação já desvalorizou 4,8%.
A ação fabricante de destilados Remy Cointreau, renomada pelos conhaques, caiu 4,6% nesta quinta-feira e 23% desde o início do ano.
* Com informações do Money Times, da CNBC e do Estadão Conteúdo.
Içando a âncora fiscal: a proposta do novo governo alemão para flexibilizar o “freio da dívida” e investir em defesa após recuo dos EUA
Os partidos de centro concordaram em lançar um fundo de 500 bilhões de euros (R$ 3,1 trilhões) para investir em setores prioritários como transporte, redes de energia e habitação
Trump: uma guerra começa quando outra parece perto do fim
Com o Brasil parado para o Carnaval, Trump suspendeu ajuda militar à Ucrânia e deu início prático à guerra comercial, mas não ficou só nisso
Mercado de relógios desacelera em 2024, mas empresa suíça mantém a dominância total, com 32% do mercado
Relatório do Morgan Stanley com a Luxe Consult faz um panorama geral do mercado da relojoaria suíça em 2024
Um ‘MET Gala’ no Louvre: museu francês inaugura primeira exposição sobre moda, com direito a baile para arrecadar fundos
Visando arrecadação de fundos para futuras reformas, o museu francês vai realizar um evento nos moldes do Metropolitan Museum, em Nova York
Agenda econômica: é Carnaval, mas semana terá PIB no Brasil, relatório de emprego nos EUA e discurso de Powell
Os dias de folia trazem oportunidade de descanso para os investidores, mas quem olhar para o mercado internacional, poderá acompanhar indicadores importantes para os mercados
Após discussão entre Trump e Zelensky na Casa Branca, Europa anuncia plano de paz próprio para guerra entre Rússia e Ucrânia
Primeiro-ministro do Reino Unido diz que país concordou com França e Ucrânia em trabalhar num plano de cessar-fogo
Governar a Alemanha será como dançar sobre um campo minado
O primeiro grande obstáculo do novo governo vem de fora: as tarifas comerciais de Trump, mas o verdadeiro teste de fogo será, sem dúvida, o dilema fiscal
Felipe Miranda: O pico do excepcionalismo norte-americano?
Todo o excepcionalismo de Wall Street visto nos últimos anos pode finalmente estar dando lugar a um rali de Europa, China e outros mercados emergentes
Alemanha quer Europa ‘independente’ dos EUA — e os motivos do chanceler eleito vão além do apoio do governo Trump à extrema-direita alemã
Postura de Trump em relação à Europa parece ter sido a gota d’água para Friedrich Merz, o próximo chanceler alemão, mas não é só
Agenda econômica: Prévia da inflação no Brasil, balanço da Petrobras (PETR4) e PIB dos EUA movimentam a semana
Por aqui, os investidores também conhecerão o índice de confiança do consumidor da FGV e a taxa de desemprego, enquanto, no exterior, acompanham o balanço da Nvidia, além de outros indicadores econômicos
Cannabis, monopólio do Estado: o plano da Suíça para legalizar o uso recreativo da erva
A aprovação de um parecer na última sexta-feira (14) dá um novo capítulo à política de Cannabis na Suíça; contra o comércio ilegal, texto propõe monopólio do Estado na venda e aplicação de lucros em políticas de combate à dependência
Agenda econômica: Com balanços a todo vapor no Brasil, prévia do PIB e indicadores europeus movimentam a semana
Desempenho da Vale, Mercado Livre, B3, Nubank e outros grandes nomes no quarto trimestre de 2024 são destaques na semana
Por que não ir à Roma em 2025? Evento raro da Igreja Católica deve levar 35 milhões turistas à Itália; veja como evitar multidões
O Vaticano, menor país do mundo, será responsável por levar ainda mais viajantes para a Itália; excesso de turistas deve respingar em outros destinos como Florença e Milão
Humor nórdico: dinamarqueses lançam ‘vaquinha’ para comprar a Califórnia, em resposta satírica à proposta de Trump de anexar a Groenlândia
O estado americano que abriga cidades como Los Angeles e São Francisco foi avaliado em US$ 1 trilhão na petição criada por grupo dinamarquês
Elon Musk perante o tribunal: X enfrenta acusação criminal na França por causa de ‘algoritmo enviesado’
Ministério Público de Paris recebeu um relatório com acusações contra o ex-Twitter, que também é investigado pela Comissão Europeia
Uma renda nem tão fixa assim: Ibovespa reage a balanços enquanto investidores monitoram Trump e decisão de juros na Inglaterra
Itaú reporta lucro líquido maior do que se esperava e anuncia dividendos extraordinários e recompra de ações multibilionária
Agenda econômica: Discursos de lideranças do Fed e ata do Copom movimentam a semana de IPCA no Brasil
Após a Super Quarta, a semana deve ser agitada por indicadores decisivos e dados sobre atividade econômica e inflação por aqui
Criptomoedas falsas usam nome da DeepSeek e disparam no mercado com a febre da IA chinesa
Ativos digitais fraudulentos seguem circulando em exchanges e ganhando força, enquanto a startup chinesa descarta, por ora, o lançamento de sua própria criptomoeda
Um dos maiores produtores de petróleo do mundo pode ser o primeiro país a ‘extinguir’ os carros a gasolina; o que explica esse fenômeno?
Políticas consistentes de longo prazo são o motivo do sucesso da mobilidade verde neste país de 5,5 milhões de habitantes
Depois do bombardeio: Ibovespa repercute produção da Petrobras enquanto mundo se recupera do impacto da DeepSeek
Petrobras reporta cumprimento da meta de produção e novo recorde no pré-sal em 2024; Vale divulga relatório hoje