Lady Gaga no Rio: quem é Luiz Guilherme Niemeyer, o nome por trás do megashow gratuito em Copacabana

Em menos de dois meses após o Carnaval 2025, o Rio de Janeiro é novamente epicentro de mais megaevento, daqueles de proporções internacionais que impulsiona a economia da capital fluminense em níveis estelares e atrai milhões de pessoas de todo o Brasil, ou melhor, de todo o mundo: o show gratuito da cantora pop norte-americana Lady Gaga, que acontece na noite de dia 3 de maio, em plena praia de Copacabana, na mesma grandiosidade que foi o show da Madonna em 2024.

Nos bastidores desta realização está o carioca Luiz Guilherme Niemeyer,o produtor cultural de 30 anos que trabalha para fazer deste espetáculo um dos maiores da história do setor de shows e eventos do país.

Luiz Guilherme Niemeyer, também conhecido como LG, é CEO da produtora Bonus Track Entretenimento, fundada em 2003 e que administra ao lado do pai Luiz Oscar Niemeyer – sim, o sobrenome famoso é mesmo de uma figura emérita da arte no Brasil: sobrinhos de Oscar Niemeyer, falecido em 2012 aos 104 anos, um dos maiores arquitetos modernos do Brasil e do mundo.

“Tivemos pouco contato, eu era muito pequeno quando ele faleceu e ainda não entendia a grandeza dele. Quando cresci e amadureci, fui entendendo quem ele foi”, conta Luiz, em entrevista por videochamada direto do escritório da Bonus Track, no Rio de Janeiro.

O aprendizado com o amplo universo do entretenimento foi mesmo com o pai Luiz Oscar Niemeyer, realizador do antológico show de Paul McCartney no Rio de Janeiro na década de 1990 (184 mil pessoas assistiram à apresentação), três edições do festival Hollywood Rock (em São Paulo e no Rio de Janeiro) e da histórica apresentação do Rolling Stones em 2006 na praia de Copacabana, apenas para citar uma fração da sua expertise no ramo.

“No show do Rolling Stones em Copacabana eu era garoto, tinha 12 anos, mas foi ali que entendi o que o meu pai fazia. E ali esse bichinho do mundo do entretenimento me mordeu. Sempre tive vontade de reeditar aquilo”, confessa. 

“Meu primeiro trabalho de fato com produção musical foi em 2012, no show do Stevie Wonder, no Rio de Janeiro, foi importante para aprender a dinâmica. Sou uma pessoa reparadora e me ajudou como referência para o que faço agora”, conta.

• LEIA MAIS: Para maestro, sucesso da Buena Vista é fidelidade ao original: “Tocamos a música como foi feita”

Um palco chamado Rio de Janeiro

Com semblante tranquilo e facilidade em conversar para falar de sua trajetória profissional já recheada de feitos interessantes e dos bastidores da produção do show da Lady Gaga, Luiz Guilherme é um apaixonado pelo Rio de Janeiro e pela cultura carioca. Praticamente todos os projetos, por meio da Bonus Track, convergem a esta relação com a Cidade Maravilhosa. 

“Por sermos do Rio, a gente acaba pensando mais com a cabeça daqui, né? É um lugar que conhecemos muito bem. Mas o Rio de Janeiro tem algumas particularidades. Aqui tem uma gama de entretenimentos gratuitos, como ir à praia. O consumo de cultura aqui é, digamos, mais democrático”, diz.

“Outro exemplo são as tantas rodas de sambas abertas pelas ruas. Então, vejo o Rio de Janeiro como uma cidade que consome cultura de uma forma um pouco diferente do resto do Brasil.”

Não à toa, ele mais uma juntou dois destes elementos na produção do dia 3 de maio em Copacabana, que terá nada menos que Lady Gaga como a grande atração: praia e cultura gratuita. Luiz Guilherme não disse, mas este feito carrega, sem dúvida, uma reparação histórica daquele fatídico cancelamento do show da diva pop no Rock in Rio em 2017. 

View this post on Instagram

A post shared by Bonus Track (@bonustrack.live)

Além disso, o show da Lady Gaga em Copacabana inaugura um novo projeto da Bonus Track, o Todo Mundo no Rio, que destaca a capital fluminense como uma enorme vitrine cultural por meio de grandes eventos. A projeção é que outras realizações dentro do Todo Mundo no Rio aconteçam ainda em 2025. O lançamento deste projeto, revela, Luiz Guilherme, era um planejamento antigo, o que evidencia a visão estratégica em alta escala pensada a longo prazo pela Bonus Track.

“O show do Rolling Stones em 2006 em Copacabana deixou essa vontade de fazer algo em Copacabana, nos mesmos moldes, de novo. E aqui na Bonus Track temos uma diretriz de trabalho para a construção de marcas. Começamos com o festival MITA, depois veio o Doce Maravilha e tem também o Teatro Prio, no Jockey Clube da Gávea, que também é uma marca, né?!”, ele reflete.

“Buscamos uma recorrência anual em todos os projetos que realizamos. Não conseguimos lançar o Todo Mundo no Rio com o show da Madonna pelo pouco tempo de produção que tivemos para levantar o evento, mas está lançado agora com a Lady Gaga.”

• LEIA TAMBÉM: Exagerado: Cazuza vira tema de mostra imersiva no Rio de Janeiro

Planejamento e Lady Gaga no auge da carreira

Impossível conversar com um produtor e não extrair algum caso de bastidor. Pela bagagem, Luiz Guilherme é um daqueles profissionais do ramo que se encaixa na famigerada lista do clichê “suas histórias dariam um livro”. Seguro com a produção e andamento dos preparativos para a apresentação da Lady Gaga em Copacabana, o carioca passou por apuros durante a pré-produção do evento com Madonna, em 2024. 

“Foi intenso. Vínhamos tentando fazer esse show há muito tempo e, em novembro de 2023, recebemos uma negativa, dizendo que ela não viria, que o show não ia acontecer. Com isso, desmobilizamos toda a equipe”, conta.

“Mas, no final de fevereiro de 2024, recebi um e-mail da produção da Madonna dizendo que, se ainda topássemos produzir o show, ela viria em maio. Ou seja, foram apenas dois meses para estruturar um megaevento em Copacabana. Foi em toque de caixa e provamos que conseguimos. Foi, até o momento, o maior desafio da Bonus Track, em tempo recorde. Foi uma comoção.”

View this post on Instagram

A post shared by Bonus Track (@bonustrack.live)

Para Luiz Guilherme, o show de Lady Gaga em Copacabana tem tudo para se tornar o maior evento já feito pela Bonus Track.

“Desta vez anunciamos com antecedência e as pessoas tiveram mais tempo para planejar. O impacto deste show ao Rio de Janeiro pode sair ainda maior do que o da Madonna”, ele destaca.

Em 2024, o show da Madonna atraiu 150.000 turistas e teve um público estimado em 1,6 milhão de espectadores, além de ter gerado 14.000 empregos (diretos e indiretos) e mais de 300 milhões de reais em retorno para a esfera pública.

E, para Luiz Guilherme, Lady Gaga é o nome do momento no show business. “Ela está num momento excepcional de carreira. Diria que ela está no auge, com um novo álbum que explodiu em todo o mundo”, pondera.

“Além disso, é uma artista multifacetada, é uma atriz, do tipo que tem capacidade de encher a praia. Realizar seu show era uma vontade nossa, como empresa, e imagino que de milhares de pessoas do Brasil.”

A volta do Canecão

Em paralelo ao show da Lady Gaga, Luiz Guilherme está envolvido no projeto que reabrirá o Canecão, no bairro de Botafogo, uma das mais tradicionais casas de shows do Rio de Janeiro que está fechada desde 2010. A previsão de reabertura, segundo o produtor, é para 2026.

“Terminamos agora a fase de demolição da antiga estrutura, que estava totalmente condenada. Uma parte da estrutura estava submersa em água”, ele revela.

O novo Canecão será administrado pelo consórcio Bonus Klefer, composto pelas empresas Bonus Track Entretenimento e Klefer.

Portela, um projeto pessoal

Entusiasta da cultura do Rio de Janeiro, o Carnaval carioca está também no escopo dos negócios de Luiz Guilherme. Ele é sócio do Camarote Portela, que homenageia a tradicional escola de samba que desfila na Sapucaí. “Este é um projeto pessoal, de pessoa física. Mas, sim, sou portolense!”