No passo do Bamba: modelo clássico de tênis brasileiro volta ao varejo entre inovação e nostalgia
Tênis nostálgico do Brasil de 1970 e 1980, o Bamba volta ao varejo após dois anos de revival digital; em conversa com o Seu Dinheiro, Julia Maringoni, parte do trio por trás da marca, explica o que move o retorno

Da última vez que esteve em uma prateleira, o Bamba não era exatamente um ícone: disponível entre o arroz e o pão francês, o tênis era facilmente encontrado em supermercados. Na época, sneakers e footwear eram, literalmente, conceito estrangeiro. Ainda assim, ele fez história e marcou uma geração.
Agora, dois anos após seu retorno ao mercado brasileiro, o modelo se prepara para dar um novo passo, novamente em direção às vitrines. Isso porque, após dois anos de vendas online e muita pesquisa, o calçado finalmente começa a ganhar seu próprio ponto de venda, exatamente neste dia 13 de agosto em cidades de ao menos sete estados brasileiros.
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Por trás da operação, que resgata o charme retrô do modelo nacional, está Julia Maringoni. Dona da marca, ela recebeu o Seu Dinheiro no novo endereço da Bamba na rua Joaquim Antunes, em São Paulo. Ao lado de Adriano Iódice e Stefano Hawilla, é dela o esforço de transportar o tênis que marcou época para o cotidiano eclético de 2025.

A abertura ocorre após quase dois anos de vendas online e intermináveis estudos. Isso além de testes de como tornar o produto mais atraente, confortável e conectado a diferentes públicos. A seu favor, o trio teve o know how de décadas em empreendimentos brasileiros como Justa, Margaux e VOAR, além do apoio na divulgação de nomes como Adriane Galisteu e Isabella Fiorentino, por exemplo.
Mas era preciso ir além. “Sentíamos que tinha muitos lugares que a gente não conseguia chegar, mesmo com as vendas online, divulgação em âmbito nacional, influencers e o meio digital”, disse a empresária. “Tem cidades que a estratégia precisava ser outra para o Bamba chegar lá. Recebemos mensagens de lojas e boutiques de lugares que até então nunca tinham comprado. E tem cidade que só escuta a boutiqueira, né? Ela coloca uma marca lá e vira.”
O game changer do Bamba
Para recolocar o Bamba de volta como queridinha dos brasileiros, o trio escolheu 12 das 20 coleções já produzidas para o varejo. O desafio? A competição.
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Quando reinava em solo brasileiro, o Bamba tinha, como diferencial, o fato de ser… solo. Quase exclusivo em sua proposta e faixa de preço, ele era inspirado no layout dos Converse All Star. Na época, porém, ainda sob controle da Alpargatas, o tênis tinha vantagem no preço, que o destacava dos caríssimos modelos importados.

Com a virada dos anos 1990, e a queda do valor da importação, o Bamba caiu vítima de uma concorrência acirrada. Algo que se estende até hoje: atualmente, ele compete com as marcas internacionais para lá de estabelecidas no mercado nacional.
A solução trazida pelo trio de empresários foi dobrar a aposta e tornar o Bamba ainda mais nacional.

Bamba in Brasil
“A produção, 100% feita no Brasil, continua artesanal. Cada par leva cerca de três dias para ser finalizado e passa pelas mãos de aproximadamente 60 pessoas, reforçando o cuidado com os processos manuais e a valorização do trabalho humano”, explica Julia.
A fábrica do calçado fica na cidade de Franca, no interior paulista. Grande parte dos modelos é confeccionada com tecidos sustentáveis, obtidos da reciclagem de algodão e garrafas PET, promovendo o upcycling e reduzindo, por exemplo, o descarte de materiais.

Os solados utilizam borracha certificada vinda diretamente da Amazônia, o que reforça, portanto, o compromisso da marca com o meio ambiente e a produção local. A técnica de vulcanização aplicada no processo garante maior durabilidade, leveza e conforto. “Nosso DNA é 100% brasileiro, desde o começo até o fim do processo”, destaca Julia.
A própria loja da Bamba em Pinheiros, aliás, materializa o que Julia, Adriano e Stefano, amigos de longa data, oferecem nesse resgate do tênis: a nostalgia com cuidados contemporâneos, resultado de um estudo quase analítico do Bamba do passado para entregar a nova geração, agora também na prateleira.

Evoluir e reposicionar
Óbvio que, para fabricar o novo Bamba, era preciso ter em mãos alguns modelos antigos e, onde eles estavam? Julia encontrou alguns em marketplace online. A empresária que testou os tênis para sentir o que precisava mudar.
“Calço 35, esses eram 37. Eles no meu pé, por exemplo, ficaram curtos. A palmilha era super fina e precisava de uma forma mais robusta, agora é uma lona reforçada, com textura”, conta.
Também foi observando os diversos modelos antigos de Bamba em fotos na internet que Julia, Adriano e Stefano descobriram detalhes que estão presentes na nova geração. Assim, elementos como a logomarca, stickers, o bico do calçado, as formas de parafuso na parte de frente do solado aparecem com ajustes técnicos e estéticos, assim como cadarços reforçados, ilhós bonitos e outras partes.

“Conversa com quem teve a nostalgia, quem conheceu e usou lá atrás, mas também com o público novo que está chegando que se identificou de cara com essa marca, essa história, essa preocupação com a evolução do conforto. Tem um toque de inovação, de descolado”, diz a empresária.
Julia ainda enfatiza que a aceitação da marca na década de 2020 é muito por conta desse trabalho minucioso de um resgate inteligente do Bamba. “Até os pontos negativos da Bamba, aliás, nos deram a possibilidade de virar o jogo. Percebemos que algumas pessoas tinham uma memória afetiva gostosa, mas, também, existia uma crítica embutida ali. Reposicionar o Bamba demandaria essa evolução. O conforto precisava evoluir”, ela fala.

Nostalgia e presente
“Pegamos um popstar dos anos 80 que estava adormecido e acordamos ele como deveria acordar em 2023”, compara Júlia. “Levamos ao dentista, ao cabeleireiro, ao barbeiro; trouxemos a ele um conforto com tecnologia, mas com humor e com leveza de usar um tênis para muitas ocasiões e em todas elas se sentir leve.”
Esse trabalho de resgate nostálgico – muito capitaneado por Stefano, de acordo com a sócia – aparece nos nomes de algumas das coleções, que remetem a algum material ou conceito do tênis. Assim, modelos como Crec Crec Tony, Mée, Onça Marina ou Joaquim Camurça buscam a conexão, tanto com a geração que vestiu o pisante nos anos 1970 ou 1980, quanto com quem pode usar um Bamba pela primeira vez, direto da loja, em pleno 2025.
“Temos que trazer essa memória que as pessoas tinham. De ir no parque para não fazer nada, por exemplo. Ou de não precisar ir a Paris tirar uma selfie para ser você. Porque às vezes o gostoso é você estar em qualquer lugar, em um lugar gostoso com seus amigos, como se reunir em volta da mesa, sentar e comer algo. É isso que a marca vem trazendo, essa leveza”, completa Julia.
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