Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo

Depois de o Brasil viver seu próprio drama com a taxação das importações, agora são os Estados Unidos que encaram uma versão vermelha, branca e azul da ‘taxa das blusinhas’. E, por lá, o impacto já tem data para chegar ao bolso dos consumidores.
As duas gigantes chinesas do e-commerce, Shein e Temu, anunciaram que os preços de seus produtos vão subir já na próxima semana, a partir de 25 de abril. O reajuste antecipa os efeitos da nova tarifação de Donald Trump, que só entra oficialmente em vigor no dia 2 de maio.
- VEJA MAIS: Momento pode ser de menos defensividade ao investir, segundo analista; conheça os ativos mais promissores para comprar em abril
As duas plataformas conquistaram o mercado norte-americano com preços ultracompetitivos, aproveitando uma brecha conhecida como "minimis" — isenção que permite a importação de produtos de até US$ 800 sem incidência de impostos. Foi justamente esse mecanismo que sustentou os preços baixos de produtos que vão de roupas a eletrônicos.
Mas Trump decidiu embaralhar o tabuleiro do comércio internacional. Em meio a avalanche de tarifas, uma ordem executiva do presidente dos EUA determinou o fim da brecha.
“Devido a mudanças recentes nas regras do comércio global e nas tarifas, nossos custos operacionais aumentaram. … Estamos fazendo tudo o que podemos para manter os preços baixos e minimizar o impacto para você”, afirmaram tanto Shein quanto Temu em comunicados quase idênticos publicados em seus sites.
Ambas também incentivaram os consumidores a comprar “agora com os preços de hoje”.
Leia Também
Corrida às compras antes das taxas
Mesmo antes do aviso os norte-americanos já seguiam o conselho. Em abril, as vendas das duas plataformas dispararam, impulsionadas por consumidores correndo para aproveitar os preços antigos antes do reajuste.
Segundo dados da Bloomberg Second Measure, a Shein teve um dos melhores desempenhos dos últimos 12 meses nos EUA: a receita cresceu 29% em março na comparação anual, e acelerou para 38% nos primeiros 11 dias de abril — último dado disponível. A Temu foi além, com alta de 46% em março e 60% em abril.
O movimento das duas empresas não é isolado. O aumento iminente das tarifas vem estimulando uma onda de consumo antecipado nos EUA, em um comportamento que vai muito além das fast fashions. De carros a azeite de oliva, passando por iPhones, os norte-americanos estão estocando o que podem.
A varejista de eletrônicos Best Buy registrou seu melhor mês desde 2021, enquanto concessionárias como as da Toyota e da Hyundai observaram um aumento no fluxo de visitantes.
- VEJA MAIS: ‘Efeito Trump’ na bolsa pode gerar oportunidades de investimento: conheça as melhores ações internacionais para comprar agora, segundo analista
Corrida contra o tempo
A escalada tarifária também acendeu o sinal de alerta entre os fornecedores chineses. A busca por alternativas fora da China virou prioridade — e urgência.
A decisão de Trump de adiar por 90 dias o aumento das tarifas para diversos parceiros comerciais, ao mesmo tempo em que eleva para até 145% as taxas sobre produtos chineses, reforçou essa necessidade de diversificação geográfica da produção.
“Quando o estoque com preço antigo acabar, é aí que começa a verdadeira batalha,” disse Frank Deng, gerente de vendas de uma exportadora de eletrodomésticos com sede em Xangai, à Bloomberg.
Ele acrescentou que, inicialmente, a empresa achava que poderia suportar tarifas mais altas — até que Trump as elevou drasticamente para mais de 100%. Agora, eles estão dedicando cada minuto à busca de novas fábricas no Vietnã.
“Temos apenas três meses para fazer isso, ou o jogo acaba,” concluiu.
* Com informações da Bloomberg e Reuters
Batalha naval: navios da China entram na mira das tarifas americanas — mas, dessa vez, não foi Trump que idealizou o novo imposto
As autoridades americanas chegaram à conclusão que a China foi agressiva para estabelecer dominância no setor de construção naval
Guerra comercial de Trump está prejudicando a economia do Brasil? Metade dos brasileiros acredita que sim, diz pesquisa
A pesquisa também identificou a percepção dos brasileiros sobre a atuação do governo dos Estados Unidos no geral, não apenas em relação às políticas comerciais
Hotel de Minas Gerais é o único do Brasil na lista de melhores novos resorts de 2025; conheça e veja preços das diárias
Seleção da Travel + Leisure contempla 26 hotéis de alto padrão ao redor do mundo
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell
“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato
Mirou no que viu e acertou no que não viu: como as tarifas de Trump aceleram o plano do Putin de uma nova ordem mundial
A Rússia não está na lista de países que foram alvo das tarifas recíprocas de governo norte-americano e, embora não passe ilesa pela efeitos da guerra comercial, pode se dar bem com ela
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Ações da Hertz dobram de valor em dois dias após bilionário Bill Ackman revelar que assumiu 20% de participação na locadora de carros
A gestora Pershing Square começou a montar posição na Hertz no fim de 2024, mas teve o aval da SEC para adiar o comunicado ao mercado enquanto quintuplicava a aposta
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como fica a bolsa no feriado? Confira o que abre e fecha na Sexta-feira Santa e no Dia de Tiradentes
Fim de semana se une à data religiosa e ao feriado em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira para desacelerar o ritmo intenso que tem marcado o mercado financeiro nos últimos dias
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
As arbitrariedades tarifárias de Peter “Sack of Bricks” Navarro jogaram a Bolsa americana em um dos drawdowns mais bizarros de sua longa e virtuosa história
Status: em um relacionamento tóxico com Donald Trump
Governador da Califórnia entra com ação contra as tarifas do republicano, mas essa disputa vai muito além do comércio
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
O frio voltou? Coinbase acende alerta de ‘bear market’ no setor de criptomoedas
Com queda nos investimentos de risco, enfraquecimento dos indicadores e ativos abaixo da média de 200 dias, a Coinbase aponta sinais de queda no mercado
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia