🔴 ONDE INVESTIR 2025: CONFIRA AS RECOMENDAÇÕES DE IMPORTANTES NOMES DO MERCADO EM EVENTO GRATUITO INSCREVA-SE

Ricardo Gozzi
51st STATE OF AMERICA

Loucura ou esperteza? O que está por trás das ameaças de Trump de anexar o Canadá, a Groenlândia e o Panamá

A poucos dias de tomar posse, verborragia de Trump resultou em reações enérgicas de tradicionais aliados dos EUA

Ricardo Gozzi
9 de janeiro de 2025
6:29 - atualizado às 6:59
Donald Trump.
Donald Trump. - Imagem: Dall-E/ChatGPT/ GrokAI/X/ Montagem Seu Dinheiro

O presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, é famoso pelo discurso agressivo. Enquanto conta os dias para retornar à Casa Branca, o magnata convertido em político tem caprichado na fabricação de polêmicas.

Depois de falar em impor barreiras tarifárias de 100% aos países do Brics, bloco do qual o Brasil faz parte, e em rebatizar o Golfo do México, passando a chamá-lo de Golfo da América, Trump agora ameaça anexar territórios estrangeiros.

E nem se trata de algum integrante da extensa lista de inimigos dos EUA. Os alvos da vez são o Canadá, a Groenlândia e o Panamá.

Há quem considere que tudo não passa de bravata, excentricidade ou cortina de fumaça para levar adiante outros objetivos.

Por trás do discurso, porém, há uma lógica. O próprio Trump falou na necessidade de buscar “segurança econômica”. No entanto, há outros interesses sob a superfície — em alguns casos, literalmente.

Antes disso, porém, vamos detalhar as ameaças de Trump a esses tradicionais aliados de Washington.

Leia Também

Canadá, o 51º Estado dos EUA?

Em uma ameaça que mais parece saída de uma música do New Model Army, mas sem a vantagem da ironia, ele sugeriu usar o poder econômico dos EUA para transformar o Canadá no 51º Estado norte-americano.

Até um mapa estampando os territórios dos dois países juntos, sem fronteiras, sob as cores da star-spangled banner ele publicou em seus perfis nas redes sociais.

Mesmo esperando para ser substituído depois de renunciar ao cargo, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reagiu energicamente. “Nunca, jamais o Canadá fará parte dos Estados Unidos”, assegurou ele.

Groenlândia: se não for por bem, vai por mal

Sobre a Groenlândia, considerada a maior ilha do mundo, Trump afirma que teria a intenção de comprá-la.

Se resistir, a pequena Dinamarca, que controla o vasto território, estará sujeita à imposição de tarifas comerciais.

No entanto, se nenhuma pressão econômica for suficiente, ele não descarta recorrer à força para transformá-la em parte dos EUA.

A ameaça de Trump levou o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, a requisitar uma reunião de emergência com o rei Frederico da Dinamarca.

Com uma extensão territorial maior que a dos Estados do Amazonas e do Mato Grosso juntos, a Groenlândia pertence há séculos à Dinamarca, embora disponha atualmente de um governo autônomo.

Tanto o governo dinamarquês quanto o groenlandês enfatizam que o território não está à venda.

O que é a presidência no Canal do Panamá?

Nos anos 1980, em um dos versos de “Panamericana”, Lobão questionava: o que é a presidência no Canal do Panamá?

No fim do século 19, quando o Panamá ainda era uma província da Colômbia, os EUA incitaram, armaram e financiaram rebeldes separatistas panamenhos.

Uma vez independente da Colômbia, porém, sucessivos governos panamenhos não passaram de fantoches de Washington ao longo de todo o século 20.

Embora o Panamá fosse visto internacionalmente como uma colônia dos EUA, somente a região do canal que comunica os oceanos Atlântico e Pacífico estava sob controle efetivo de Washington.

Foi apenas em 1999, quando entrou em vigor um acordo negociado décadas antes com o recém-falecido presidente norte-americano Jimmy Carter, que o Panamá assumiu a região do canal.

Agora Trump fala em recuperar o controle do Canal do Panamá.

“As únicas mãos que controlam o canal são panamenhas e assim vai continuar”, assegurou Javier Martínez-Acha, ministro das Relações Exteriores da nação centro-americana.

O que está por trás das ameaças de Trump

Em princípio, soa estranho ouvir Donald Trump colocar o quente e tropical Panamá no mesmo balaio dos gélidos Canadá e Groenlândia.

“A forma como ele se expressa causa espanto, mas na lógica dele isso faz sentido”, afirma Roberto Uebel, doutor em Estudos Estratégicos Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor de Relações Internacionais da ESPM.

Para ele, Trump está passando um recado para Vladimir Putin e Xi Jinping. “A mensagem é que os Estados Unidos vão colocar em prática uma política externa isolacionista, mas, se necessário, expandir suas fronteiras.”

Por trás desses recados à China e à Rússia estão interesses geopolíticos e comerciais (ou geoeconômicos, como prefere Uebel) dos EUA.

Ao lado de Brasil, Índia e África do Sul, as duas potências integram o Brics e lideram o chamado Sul Global.

Juntos, os países do Brics têm atualmente metade da população do planeta e representam quase 40% do PIB global, se levarmos em conta o critério de paridade de poder de compra.

Especulações sobre uma moeda dos Brics ou de trocas que não passem pelo dólar levaram Trump a ameaçar o bloco como um todo com novas barreiras comerciais.

No entanto, esse não parece ser um problema imediato.

Analistas são quase unânimes em projetar um fortalecimento do dólar sob Trump.

Os maiores desafios à hegemonia norte-americana às vésperas da posse de Trump vêm de outras frentes.

O desafio russo aos EUA é essencialmente militar.

Ao ordenar a invasão da Ucrânia, em 2022, Vladimir Putin colocou em xeque o monopólio internacional da guerra, que vinha sendo exercido pelos EUA sem contestação desde o fim da Guerra Fria.

Já o desafio chinês é mais complexo. Por meio das Novas Rotas da Seda, a China vem aumentando consideravelmente sua influência econômica e diplomática junto a seus aliados.

Pequim vem fechando parcerias por meio das quais financia projetos de infraestrutura em diferentes partes do mundo.

Uma das ramificações das Novas Rotas da Seda é o Oceano Ártico.

Mesmo com a alta velocidade do aquecimento global, as rotas de navegação e os portos da região ártica passam a maior parte do ano bloqueados pelo gelo.

Agora, um projeto une Rússia e China na ambição de estabelecer uma rota navegável durante todo o ano.

Em 2023, menos de cem navios de carga conseguiram cruzar a atual hidrovia russa do Ártico.

A título de comparação, mais de 13 mil navios atravessam anualmente o Canal do Panamá.

A questão é que a abertura de novas rotas pelo Ártico atenuaria os gargalos de transporte não só pelo Canal do Panamá, mas principalmente pelo Estreito de Malaca e pelo Canal de Suez, ambos mais movimentados ainda.

Além de baratear custos, desfazer gargalos e diminuir o tempo das viagens, o projeto geraria divisas para os países envolvidos e redesenharia o tráfego internacional de cargas pelo mar.

Especificamente em relação ao Panamá, os últimos governos norte-americanos andaram alvoroçados com um projeto chinês de construir um novo canal entre o Atlântico e o Pacífico, mas na Nicarágua.

Meses atrás, no entanto, o Canal da Nicarágua subiu no telhado depois que o Congresso do país centro-americano cancelou a concessão à HKND, empresa chinesa responsável pelo projeto, que segue no papel.

Essas são algumas das situações nas quais Trump está de olho.

No entanto, há outras nuances.

Trump é um notório negacionista das mudanças climáticas.

Seja nos mares congelados da Rússia, da Groenlândia ou do Canadá, a construção de portos e a manutenção de hidrovias depende em grande medida do agravamento do aquecimento global.

Parece até comportamento de vilão de filme B.

Tanto as ameaças de Trump ao Canadá e à Groenlândia quanto os projetos da Rússia e da China no Ártico indicam que Trump, Putin e Xi consideram que a região do Ártico, além de estratégica, está condenada ao degelo.

Drill, baby, drill

“Drill, baby, drill” é um dos motes mais conhecidos de Donald Trump.

Ele explicita o apoio do presidente-eleito dos EUA à indústria de petróleo e gás natural de seu país — além de negar estímulos à transição energética.

Também ajuda a entender o interesse de Trump no Canadá e na Groenlândia. Mais precisamente, no que há no solo e no subsolo desses vastos territórios.

As areias betuminosas do Canadá colocam o país como o detentor do terceiro maior depósito mundial de petróleo, atrás apenas de Venezuela e Arábia Saudita.

Ao mesmo tempo, o Serviço Geológico dos EUA estima que o subsolo da Groenlândia abrigue 17,5 bilhões de barris de petróleo e 4,2 trilhões de metros cúbicos de gás natural.

Isso sem contar as reservas de metais e terras raras presentes em ambos os territórios.

No entanto, os elevados custos de exploração em áreas congeladas mantêm as commodities como coadjuvantes do interesse de Trump.

“Para além das regulações ambientais, não é à toa que a Dinamarca não figura entre os maiores produtores de petróleo. Os custos são muito altos”, afirma Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM.

Trump vê Canadá e Groenlândia como escudos, mas isso não é exatamente novo

Roberto Uebel discorda da interpretação de que a disputa entre EUA e China represente uma “Guerra Fria 2.0”, como têm dito alguns especialistas em política internacional.

De fato, as ameaças de Trump ocorrem em um contexto no qual a hegemonia norte-americana é desafiada pela Rússia e, principalmente, pela China.

São outros tempos, porém. Durante a Guerra Fria, vivia-se em um mundo bipolar. As linhas eram tão claras que era difícil encontrar um país que não estivesse alinhado com Washington ou com Moscou.

Para Uebel, o momento atual é fragmentação da multipolaridade e do multilateralismo. Isso explica a tendência isolacionista de líderes de diversas potências, Trump incluído.

No entanto, ele mesmo pontua que a visão norte-americana do Canadá e da Groenlândia como uma espécie de escudo contra ameaças externas não é nova e remete à Guerra Fria.

“Tanto o Canadá quanto a Groenlândia desempenharam papel relevante na estratégia de defesa dos Estados Unidos contra a União Soviética durante a Guerra Fria”, afirma Uebel.

“Trump só é o primeiro presidente a dizer isso abertamente.”

Trump vai mesmo tentar anexar territórios?

É impossível no momento saber se Donald Trump vai tentar anexar algum território estrangeiro.

A resposta a essa dúvida, no entanto, será conhecida em breve.

“Qualquer movimento de Trump nesse sentido ocorrerá nos primeiros dias ou semanas de governo”, afirma Roberto Uebel.

“Se ele for tomar alguma atitude mais radical, vai ser logo, provavelmente tentando aproveitar enquanto tem respaldo popular, maioria no Congresso e apoio da Suprema Corte.”

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PASSANDO O ANO A LIMPO

Picanha ou filé mignon? Haddad confia em economia forte até 2026 e fala sobre o que pode acontecer com o Brasil até lá

7 de janeiro de 2025 - 19:29

Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda demonstrou confiança e otimismo apesar do cenário econômico brasileiro não ser tão favorável

GUERRA COMERCIAL

Tencent, dona de League of Legends, entra para “lista proibida” dos Estados Unidos por suposta ligação militar com Pequim 

7 de janeiro de 2025 - 13:50

Embora a decisão do Pentágono não implique em sanções diretas, as ações da Tencent caíram mais de 7% em Hong Kong

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Em busca de ar para respirar: Depois de subir pela primeira vez em 2025, Ibovespa busca nova alta, mas não depende apenas de si

7 de janeiro de 2025 - 8:08

Ausência de uma solução para a crise fiscal vem afastando do Ibovespa não só os investidores locais, mas também os estrangeiros

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O que me anima para 2025

6 de janeiro de 2025 - 20:00

Se fosse para dar uma recomendação pragmática e direta para 2025, seria: mantenha uma sólida posição de caixa (pós-fixados), uma exposição razoável ao dólar, algum hedge em ouro e um pezinho nas criptomoedas

A PEDRA NO CAMINHO

A França vai barrar? A declaração de Macron que pode afundar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia

6 de janeiro de 2025 - 19:35

O acordo vem sendo criticado pelo governo francês pelos potenciais impactos para a agricultura e o meio ambiente

É DO BRASIL

Reparação histórica: Fernanda Torres traz uma das premiações de cinema mais importantes do mundo para o Brasil; tem chance de Oscar?

6 de janeiro de 2025 - 18:02

Globo de Ouro de “Melhor Atriz em Filme de Drama” aumenta as chances de Torres ser indicada para o prêmio da Academia – mas não é garantia de nada

FRIO DEMAIS

Depois de semanas de especulação, Justin Trudeau renuncia ao cargo de primeiro-ministro do Canadá; quais os próximos passos?

6 de janeiro de 2025 - 15:33

Partido Liberal entra em uma espécie de período de transição e deverá convocar uma convenção para eleger um novo líder nos próximos meses

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Hora de jogar na defesa: Ibovespa luta contra tensão política e juros em alta na primeira semana útil de 2025

6 de janeiro de 2025 - 8:07

Investidores aguardam IPCA de dezembro em meio a expectativa de estouro do teto da meta de inflação em 2024

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: inflação no Brasil e payroll nos EUA dão pontapé na divulgação de indicadores em janeiro

6 de janeiro de 2025 - 7:03

Nos próximos dias, os investidores contarão com uma agenda econômica carregada de índices importantes, além da ata da reunião do FOMC nos EUA

VIROU LUXO?

Crise na China derruba bilheterias: Nem as telonas de cinema conseguiram bater de frente com a tempestade econômica no gigante asiático 

5 de janeiro de 2025 - 17:48

Em 2024, as bilheterias chinesas desabaram 23% em 2024 em comparação com o ano anterior, para uma arrecadação em torno de R$ 35,9 bilhões, de acordo com o China Film News

CALENDÁRIO CHEIO

Quais exposições de arte ver em 2025? Publicação especializada elege as melhores do ano e inclui Masp e Pinacoteca na lista

4 de janeiro de 2025 - 9:58

The Art Newspaper seleciona mostras ao redor do mundo que valem a visita; confira as escolhas na cena artística brasileira

TOUROS E URSOS #205

O melhor de 2024: Javier Milei, Trump, bitcoin, Embraer (EMBR3)… veja quem foram os touros do ano na seleção do Seu Dinheiro

4 de janeiro de 2025 - 8:01

O podcast Touros e Ursos elege os destaques positivos do ano nas categorias Touro Financeiro, Touro Corporativo e Touro Personalidade; confira

O GIGANTE ACORDOU?

China em 2025: os compromissos da segunda maior economia do mundo para deixar a crise para trás

3 de janeiro de 2025 - 19:51

A economia chinesa enfrenta uma deflação provocada por uma grave crise imobiliária e por níveis de consumo abaixo dos registrados antes da pandemia, mas está pronta para começar o ano com novas políticas de estímulo

A CORRIDA DOS EVs

O duelo da BYD e da Tesla na China: quem levou a melhor na venda de carros elétricos no último mês do ano?

3 de janeiro de 2025 - 14:31

No cenário global, o resultado dessa concorrência acirrada é diferente daquele visto na segunda maior economia do mundo; confira quem se deu melhor em cada um desses mercados

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A vitrine mudou de lugar: Depois de começar o ano com o pé esquerdo, Ibovespa tenta recuperação em dia sem agenda

3 de janeiro de 2025 - 8:11

Agenda vazia e recesso em Brasília dificultam identificação de gatilhos para eventual recuperação do Ibovespa hoje

DESTINO DE LUXO

‘Noronhe-se’ ficou mais caro: Fizemos as contas de quanto sai uma viagem de 7 dias para Fernando de Noronha após aumento das taxas para turistas

3 de janeiro de 2025 - 7:31

“Fenômeno” entre artistas globais e gringos, o arquipélago a 500 km de Pernambuco não deixa dúvidas: é um destino de luxo, que encarece cada vez mais

BALANÇO DOS BILIONÁRIOS

Trio de Jorge Paulo Lemann perde mais de R$ 34 bilhões em fortuna em 2024. O que aconteceu com as riquezas dos 10 maiores bilionários do Brasil?

2 de janeiro de 2025 - 19:51

Agora com um patrimônio estimado em US$ 21,2 bilhões, Lemann ocupa o terceira lugar na lista de brasileiros mais ricos da Forbes

VEM AÍ OU NÃO?

O IPO da Shein sai em 2025? O que a varejista das ‘blusinhas’ ainda precisa fazer para negociar ações na bolsa de Londres

2 de janeiro de 2025 - 18:44

Tentando abrir capital desde 2023, a gigante do e-commerce enfrenta resistência tanto na bolsa de Nova York quanto na de Londres

FAROL ALTO PARA A TESLA

BYD é recorde na China: o estouro de vendas da gigante dos carros elétricos — e a carona das rivais

2 de janeiro de 2025 - 16:07

Embora a chinesa tenha perdido a posição de maior fabricante de carros elétricos do mundo ao longo de 2024, ela segue pedindo passagem para a Tesla rumo ao topo do pódio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Dança das cadeiras: Ibovespa começa 2025 em marcha lenta na tentativa de reverter queda de mais de 10% em 2024

2 de janeiro de 2025 - 8:03

Das prefeituras às grandes empresas, ações do passado recente influenciam a busca pelo atingimento de novas metas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar