2025, o ano de Trump: o que o presidente eleito dos EUA pode de fato fazer no primeiro dia na Casa Branca
O republicano prometeu ser um ditador assim que sentar na cadeira do Salão Oval, mas será que ele pode tudo? O Seu Dinheiro conta para você até onde ele pode ir

No dia 20 de janeiro será dada a largada do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos EUA e vai ser difícil pará-lo. Com a ampla vitória sobre Kamala Harris e o Congresso nas mãos, o republicano volta à Casa Branca com a sensação de que pode fazer o que quiser — e, até agora, os legisladores de seu partido demonstraram pouco interesse em rejeitar os planos extremos do presidente eleito.
“Não devemos tomar as promessas eleitorais de Trump como ponto de partida para sua agenda política e econômica e também não podemos esquecer que ele está muito mais bem preparado para seu segundo mandato do que para o primeiro”, disse Carsten Brzeski, chefe global de macro da ING Research.
A primeira coisa a se saber é que a chave para implementar a agenda legislativa de Trump será o processo de reconciliação orçamentária, uma medida que permite ao Congresso norte-americano contornar obstruções do Senado e aprovar um grande pacote de novas leis.
Foi assim que Trump conseguiu os cortes de impostos em 2017 e tentou revogar o Obamacare — nome pelo qual ficou conhecido o Affordable Care Act (ACA) ou lei de atendimento médico financeiramente acessível (na tradução livre) de Barack Obama.
É verdade que os elementos de um projeto de lei de reconciliação orçamentária devem ser focados em questões fiscais, mas ainda é um grande trunfo para um partido que controla a Casa Branca e ambas as câmaras do Congresso.
Só que mesmo em condições tão favoráveis, há limites sobre o que pode ser feito logo de cara. O Seu Dinheiro deu uma olhada no provável cronograma do novo governo de Trump, ouviu especialistas e conta para você como 2025 se desenha para a maior economia do mundo.
Leia Também
VEJA MAIS: ação que pagou dividendos de 14% em 2024 pode saltar na bolsa graças a pagamento extraordinário
Primeiro dia: o que Trump pode fazer sozinho
Trump já disse que será um ditador no primeiro dia do novo mandato.
A ideia do republicano assim que se sentar na cadeira do Salão Oval, é reverter as políticas de Joe Biden sobre segurança de fronteira e uso de combustíveis fósseis.
“Trump também disse que eliminaria muitos dos créditos fiscais de energia limpa incorporados ao Ato de Redução da Inflação (IRA) de 2022. Há menos clareza sobre se esses esforços terão sucesso, dado que 75% dos investimentos do IRA fluíram para estados controlados pelos republicanos e revogá-lo exigiria aprovação do Congresso”, afirma a economista-chefe da TD Economics, Beata Caranci.
As primeiras horas do novo presidente dos EUA também devem incluir o perdão de alguns dos participantes da insurreição de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, a imposição de tarifas de emergência a outros países e o cancelamento ou a reversão de decretos emitidos por Biden.
Alec Phillips, economista-chefe especializado em política dos EUA da Goldman Sachs Research, chama atenção para as tarifas prometidas por Trump — que miram, inicialmente, Canadá, México e China.
“Trump disse que no dia da posse assinaria todos os documentos necessários para implementar tarifas sobre o México e o Canadá, mas a verdade é que em maio de 2019 ele também anunciou que aumentaria as taxas de importação para o México em 25% se a questão da imigração não fosse abordada e essa tarifa nunca foi imposta”, afirma.
“Sobre o Canadá, ele anunciou a intenção de renegociar o USMCA [Acordo EUA, México e Canadá], mas não ameaçou formalmente com tarifas, então o anúncio de qualquer taxação adicional pode surpreender de alguma forma. Sobre a China, as tarifas são notavelmente menores do que os 60% que ele propôs durante a campanha, mas, se impostas, podem não ser a única tarifa sobre importações da China”, acrescenta Phillips.
É importante não perder de vista que várias das ações propostas por Trump no primeiro dia devem enfrentar desafios legais, já que levantam questões constitucionais.
Um exemplo é a intenção do republicano de reviver a prática do governo Nixon de confisco de verbas e eliminação da cidadania por direito de nascença por meio de decreto.
Depois do ataque inicial
Trump vai precisar de tempo para colocar outras medidas em prática.
O primeiro projeto de lei de reconciliação orçamentária pode acabar na mesa do republicano pelo menos um mês após a posse — nesse ponto, ele precisará fazer um acerto de contas sobre como lidar com as prioridades do governo que não foram incluídas no ataque inicial.
Vale lembrar que o Congresso levou adiante um projeto de lei de gastos provisórios que mantém o governo federal funcionando até meados de março de 2025 — aqui, o novo Congresso controlado pelos republicanos pode descartar os compromissos de gastos firmados com os democratas durante os últimos dois anos.
Se o Congresso não agir até meados de março, em tese, pode haver uma paralisação do governo — e não será a primeira vez que isso acontece —, mas o controle unificado do Congresso pelo Partido Republicano torna esse cenário mais difícil.
Trump ainda precisará encarar o fim de uma suspensão do limite da dívida nacional definida por um acordo bipartidário em meados de 2023.
Tecnicamente, a suspensão termina em 1º de janeiro de 2025, mas o Tesouro dos EUA poderá encobri-la com uma medida temporária para pagar as contas do Tio Sam por alguns meses.
O cálculo é que o Congresso precisará aumentar ou suspender o limite da dívida até junho para evitar um calote nas obrigações do governo e uma crise financeira.
Trump deve encerrar 2025 com a prorrogação dos cortes de impostos de 2017 batendo na porta da Casa Branca — um incentivo adicional para a aprovação de uma segunda reconciliação orçamentária até lá.
“Esperamos que os republicanos do Congresso forneçam algum grau de controle fiscal ao novo governo de Trump, limitando a aprovação, por exemplo, dos US$ 10 trilhões em cortes de impostos que ele propôs na campanha”, diz Caranci, da TD.
De qualquer maneira, os republicanos precisarão correr contra o relógio no primeiro ano do novo governo de Trump: historicamente, é muito provável que os democratas voltem a controlar a Câmara nas eleições de meio de mandato de 2026 e aí o jogo será outro.
Mirou no que viu e acertou no que não viu: como as tarifas de Trump aceleram o plano do Putin de uma nova ordem mundial
A Rússia não está na lista de países que foram alvo das tarifas recíprocas de governo norte-americano e, embora não passe ilesa pela efeitos da guerra comercial, pode se dar bem com ela
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Ações da Hertz dobram de valor em dois dias após bilionário Bill Ackman revelar que assumiu 20% de participação na locadora de carros
A gestora Pershing Square começou a montar posição na Hertz no fim de 2024, mas teve o aval da SEC para adiar o comunicado ao mercado enquanto quintuplicava a aposta
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
As arbitrariedades tarifárias de Peter “Sack of Bricks” Navarro jogaram a Bolsa americana em um dos drawdowns mais bizarros de sua longa e virtuosa história
Status: em um relacionamento tóxico com Donald Trump
Governador da Califórnia entra com ação contra as tarifas do republicano, mas essa disputa vai muito além do comércio
Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
O frio voltou? Coinbase acende alerta de ‘bear market’ no setor de criptomoedas
Com queda nos investimentos de risco, enfraquecimento dos indicadores e ativos abaixo da média de 200 dias, a Coinbase aponta sinais de queda no mercado
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
EUA ou China: o uni-duni-tê de Donald Trump não é nada aleatório
O republicano reconheceu nesta terça-feira (15) que pode chegar ao ponto de pedir que os países escolham entre EUA e China, mas a história não é bem assim
Vale (VALE3): produção de minério cai 4,5% no 1T25; vendas sobem com preço quase 10% menor
A alta nas vendas de minério foram suportadas pela comercialização de estoques avançados formados em trimestres anteriores, para compensar as restrições de embarque no Sistema Norte devido às chuvas
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Disney que se cuide: Universal anuncia maior parque temático da Flórida em décadas; veja preços
Epic Universe começa a funcionar no dia 22 de maio, com cinco mundos temáticos diferentes, incluindo uma área especial para Harry Potter
Com chuva de incertezas, nova stablecoin atrelada ao CPI dos EUA busca oferecer proteção inflacionária
A USDi acompanha o poder de compra do dólar, ajustando-se pela variação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA a partir de dezembro de 2024
Ação da Embraer (EMBR3) sobe mais de 3% após China dar o troco nos EUA e vetar aviões da Boeing
Proibição abre espaço para a companhia brasileira, cujas ações vêm sofrendo com a guerra comercial travada por Donald Trump