Um trimestre para esquecer: Braskem (BRKM5) lidera perdas do Ibovespa com queda de mais de 7%; saiba o que o futuro guarda para a petroquímica
A companhia registrou um prejuízo de R$ 5,649 bilhões no quarto trimestre de 2024 e explica as razões para essa performance; banco diz o que fazer com o papel agora

Um trimestre para esquecer. Foi assim que a XP definiu a performance financeira da Braskem (BRKM5) nos últimos três meses de 2024. Mas, por enquanto, as perdas de R$ 5,65 bilhões da petroquímica estão bem vivas no mercado, que castiga os papéis da companhia nesta quinta-feira (27).
As ações da Braskem estão entre as maiores baixas do Ibovespa hoje, com queda superior a 7% na esteira do prejuízo líquido atribuível aos acionistas de R$ 5,649 bilhões no quarto trimestre de 2024. O resultado representa uma piora de 259% em relação às perdas reportadas no fim de 2023.
Além disso, o desempenho entre outubro e dezembro contribuiu para que o prejuízo líquido da empresa chegasse a R$ 11,320 bilhões no acumulado de 2024, uma deterioração de 147% na comparação com 2023.
“Os resultados foram impactados por spreads mais baixos no mercado petroquímico. Além disso, nossas estimativas podem ter sido otimistas demais, considerando os efeitos do aumento das tarifas de importação e a valorização do dólar”, dizem os analistas da XP Regis Cardoso e Helena Kelm.
A Braskem explica que, no trimestre, o prejuízo teve impacto de R$ 4,7 bilhões de variação cambial negativa no resultado financeiro consolidado.
O resultado financeiro líquido da empresa foi negativo em R$ 6,429 bilhões, 706% pior do que o de um ano atrás. Sem as variações cambiais, essa linha do balanço teria ficado negativa em R$ 1,7 bilhões, uma deterioração de 55% em relação ao resultado comparável no quarto trimestre de 2023.
Leia Também
Na visão do Safra, a Braskem reportou “resultados medíocres” nos últimos três meses de 2024. “Um declínio acentuado que foi, em grande parte, atribuído ao fraco desempenho em todas as operações e provisões adicionais”, diz o banco.
Por volta de 12h, BRKM5 recuava 6,05%, a R$ 11,34 — a maior queda do Ibovespa. No mês e no ano, o desempenho também é negativo: os papéis acumulam perda de 18,75% em fevereiro e de -3,11% em 2024.
- VEJA TAMBÉM: Santander, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, qual a melhor ação de banco para investir após o 4T24?
Não foi só o câmbio que derrubou a Braskem
Além do efeito cambial, que contribuiu com o prejuízo da Braskem no quarto trimestre de 2024, a petroquímica diz que os principais spreads no mercado internacional apresentaram queda em relação ao trimestre anterior e foram menores que a média do ano de 2024 — com destaque para a redução dos spreads de polietileno e de principais químicos.
Segundo a empresa, no mercado brasileiro também foi observado o menor nível de demanda de resinas trimestral em 2024, explicado por:
- Desaceleração da atividade econômica industrial;
- Manutenção da taxa de juros em patamares historicamente elevados;
- Formação de estoques pela cadeia de transformação ocorrida no trimestre anterior, movimento também observado nos Estados Unidos.
Neste contexto, as vendas da Braskem no mercado brasileiro foram menores em relação ao trimestre anterior.
Assim, o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente consolidado do trimestre, incluindo efeitos de ociosidade, estoque e outras provisões sem efeito caixa, foi de US$ 102 milhões (R$ 557 milhões), com uma geração operacional de caixa de R$ 1,1 bilhão e geração recorrente de caixa de R$ 265 milhões.
Incluindo os pagamentos relacionados a Alagoas, o consumo de caixa da companhia foi de R$ 542 milhões.
A XP chama atenção também para a dívida líquida da Braskem, que aumentou em US$ 338 milhões em relação ao trimestre anterior — o que é cerca de 20% da capitalização de mercado da empresa atualmente.
LULA CAI E BOLSA SOBE: Como a popularidade do presidente mexe com os mercados
Um trimestre para esquecer, mas o que vem por aí?
Se o trimestre da Braskem foi para esquecer, o que vem por aí promete ser melhor — pelo menos na visão do Citi.
O banco norte-americano concorda que a companhia registrou um conjunto de resultados fracos no quarto trimestre, refletindo principalmente o cenário desafiador da área petroquímica, spreads menores no período e demanda baixa.
Mas destaca que o aumento da provisão para eventos geológicos em Alagoas já era esperado, e diz que esse aumento pode não pressionar o fluxo de caixa de curto a médio prazo.
“Mantemos nossa visão de que a melhora contínua no mercado doméstico brasileiro continuará nos próximos trimestres, apoiada por maiores impostos de importação para produtos petroquímicos e incentivos fiscais”, dizem os analistas Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona.
O Citi manteve a recomendação de compra/alto risco para os papéis da Braskem, com preço-alvo de R$ 23, o que representa um potencial de valorização de 91% sobre o último fechamento.
Petrobras (PETR4) tem prejuízo no trimestre, lucro 70% menor em 2024 e anuncia R$ 9,1 bi em dividendos — os extraordinários não vieram
As perdas não foram contempladas pelas projeções do mercado, que esperava uma queda do lucro nos últimos três meses do ano; saiba o que fez a estatal registrar uma perda bilionária no período
A culpa é da Selic: seca de IPOs na B3 deve persistir em 2025, diz Anbima
Enquanto o mercado brasileiro segue sem nenhuma sinalização de retomada dos IPOs, algumas empresas locais devem tentar a sorte lá fora
Telefônica (VIVT3) desaba na bolsa mesmo após lucro bilionário no 4T24. O que desagradou o mercado no balanço da dona da Vivo?
Companhia registrou lucro líquido de R$ 1,76 bilhão no quarto trimestre de 2024, uma alta de 10,1% em relação ao mesmo período de 2023; mesmo assim, é uma das maiores quedas do Ibovespa hoje
Para os tubarões do mercado, tamanho pode ser um problema: rebalanceamento automático leva fundos de pensão a perder bilhões, diz estudo
Segundo artigo da Duke Fuqua School of Business, esses grandes fundos perdem cerca de US$ 16 bilhões por ano porque outros investidores antecipam seu movimento de rebalanceamento de carteiras
Ambev (ABEV3) é a maior alta do Ibovespa após salto no lucro e dividendos bilionários, mas bancos dizem que o copo não está tão cheio assim
Enquanto os investidores se empolgam com os anúncios da companhia de bebidas, o BTG Pactual e Itaú BBA enxergam dificuldades no horizonte, entre elas, a concorrência com a Heineken; saiba se mesmo assim vale a pena colocar os papéis na carteira
WEG (WEGE3) apanha na B3 após um trimestre não tão perfeito. Quais linhas do balanço do 4T24 desagradaram os investidores?
Na avaliação do BTG Pactual, era necessário que o balanço da WEG (WEGE3) fosse perfeito, e não foi, com uma receita forte, mas margem frustrante — um leve déjà vu do resultado do terceiro trimestre, aliás.
O IRB (IRBR3) finalmente saiu do calvário? Lucro da resseguradora quase triplica no 4T24, mas volatilidade segue no radar
A empresa de resseguros teve um lucro líquido de R$ 112,4 milhões no quarto trimestre de 2024, expansão de 196,9% em relação ao mesmo período do ano anterior
Um olhar pelo retrovisor: Ibovespa tenta manter alta com investidores de olho em balanços e Petrobras em destaque
Além dos números da Petrobras, investidores repercutem balanços da Ambev, do IRB, da Klabin e da WEG, entre outros
Os dividendos da Petrobras (PETR4) vão minguar? Saiba se resultados mais fracos no 4T24 podem comprometer os proventos
A petroleira divulga nesta quarta-feira (26), após o fechamento dos mercados, os números financeiros do período entre outubro e dezembro, e os bancos projetam um desempenho mais fraco; para 2025, no entanto, a história que se desenha é outra
Lojas Renner na zona de rebaixamento: Itaú BBA corta recomendação para as ações LREN3 — e aqui estão os motivos
Para o banco, diante de ventos macroeconômicos contrários e indicadores como margens brutas e crescimento de vendas sob pressão, há pouco espaço para atualizações de lucros no curto prazo
Fiscal frouxo? Os gastos do governo fora do Orçamento não preocupam André Esteves, do BTG — e aqui está o porquê
Para o banqueiro, um dos problemas é que a política fiscal brasileira se mostra extremamente frouxa hoje, enquanto a monetária está “muito apertada”
BB-BI reduz preço-alvo da Casas Bahia (BHIA3) quase à metade e mantém recomendação de venda; saiba o que esperar da varejista
Ação da varejista caiu 65% nos últimos 12 meses por conta da alta da taxa Selic, que afeta principalmente empresas endividadas e mais sensíveis à economia
Marcopolo (POMO4) cai 5% hoje, por conta de resultados mais fracos do 4T24 — mas analistas ainda recomendam a ação
Mesmo com um balanço mais fraco, BTG Pactual e Itaú BBA veem boas perspectivas para montadora de carrocerias
Prejuízo da Hidrovias do Brasil (HBSA3) chega a quase meio bilhão no 4T24 e ação cai forte na B3 — mas analistas acreditam que o pior já passou
Os resultados operacionais da empresa de transporte hidroviário foram impactados negativamente pela crise hídrica e por eventos não recorrentes
A prévia ‘arrasa-quarteirões’ não rendeu: MRV (MRVE3) começou o dia mal na bolsa após prejuízo, que teve a Résia como vilã
Apesar da geração de caixa em todas as suas divisões, construtora registrou prejuízo líquido acima do estimado, além de receita e margens mornas
Auren (AURE3) sente pressão de prejuízo milionário e endividamento alto no 4T24 e ações recuam no Ibovespa
A dívida líquida subiu 60% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 18,9 bilhões; veja os destaques do balanço
Vale (VALE3) capta US$ 750 milhões em bonds no exterior e anuncia os novos indicados ao conselho
Além das indicações a conselheiros, a mineradora também aprovou a indicação de Daniel André Stieler como presidente do conselho (chairman)
Embraer (EMBR3) vai decolar nos céus do Japão com encomenda bilionária; negócio pode destravar ainda mais valor para a brasileira
A All Nippon Airways (ANA) decidiu comprar 77 novas aeronaves de três fabricantes diferentes, sendo até 20 jatos da Embraer
Procuramos independência: Ibovespa tenta se recuperar de queda em dia de IPCA-15, balanços e Haddad
IRB e Vivo divulgam resultados por aqui; lá fora, investidores concentram o foco no balanço da Nvidia
Vale (VALE3) no vermelho: Ações da mineradora pressionam o Ibovespa hoje em meio a atualizações de projeções financeiras
O desempenho negativo dos papéis vem na esteira da atualização de estimativas da mineradora em relação à sensibilidade de fluxo de caixa livre para o acionista para 2025